ALEISTER CROWLEY,O MAGO OCULTISTA MAIS INFLUENTE DO SÉCULO XX,TIDO COMO O HOMEM MAIS PERVERSO DO MUNDO
ILUSTRA Aluísio Cervelle Santos
Aleister Crowley, o mago ocultista mais influente do século 20
O polêmico mago que chocou o mundo no início do século 20 trabalhou como escritor, compositor e até como espião
1) Fruto de uma rica família britânica, Edward Alexander Crowley (1875-1947) se rebelou, após a morte do pai, contra o cristianismo. Por se interessar em estudar magia negra, foi apelidado de “a Besta” pela mãe. Na Universidade de Cambridge, mudou o nome para Aleister e experimentou sexo com garotas e rapazes.
2) Ainda em Cambridge, Aleister passou a maior parte do tempo jogando xadrez e praticando alpinismo – participou da primeira equipe europeia que tentou escalar o monte K2, na Ásia. Em 1896, seu interesse por assuntos mórbidos aumentou e o fez abandonar os estudos para se dedicar ao misticismo.
3) Em 1904, viajou com a esposa, Rose, para o Egito. Aleister dizia que, durante essa jornada, teria se encontrado com o espírito do deus egípcio Hórus e que a entidade o teria convocado para ser seu profeta. A experiência inspirou Crowley a escrever seu Livro da Lei, cujo único mandamento era “faz o que tu queres”.
4) Após viajar pelo mundo em busca de conhecimento, Crowley fundou a Ordem Mágica A.A. (iniciais de “Estrela de Prata”, em latim). Um dos principais símbolos da seita era o hexagrama unicursal, usado para expressar confiança e capacidade do indivíduo em alcançar qualquer objetivo.
5) Em 1910, entrou na sociedade secreta Ordo Templi Orientis, em que supostamente eram praticados rituais mágicos sexuais para criar novas gerações de ocultistas. Sua musa e companheira de ritual era a Garota Escarlate (Leila Waddell), que ajudou Aleister a escrever o Livro das Mentiras, em 1912.
6) Aleister teria sido espião da Inteligência Britânica na 2ª Guerra Mundial. Em suas viagens, o mago usava sua notoriedade e suas conexões pessoais para coletar informações. Ian Fleming, o criador de James Bond, propôs que Crowley se infiltrasse em agências nazistas interessadas pelo ocultismo.
7) O legado de Aleister influenciou a música e o cinema. Ozzy Osbourne compôs “Mr. Crowley” e Jimmy Page, do Led Zeppelin, comprou a mansão e vários pertences do mago. O ator Sidney Blackmer construiu seu personagem satanista em O Bebê de Rosemary baseado no ocultista.
QUE FIM LEVOU?
Crowley faleceu aos 72 anos. No dia seguinte, seu médico também morreu. Jornais da época reportavam que Crowley havia lançado uma maldição pra cima do doutor…
Fonte:https://mundoestranho.abril.com.br/crimes/aleister-crowley-o-mago-ocultista-mais-influente-do-seculo-20/#
A redenção do mago e ocultista Aleister Crowley
Maldito em vida, filósofo tem seu legado discutido em filme sobre Raul Seixas
Montanhista, enxadrista, poeta, crítico social, mago ocultista e dedicado pesquisador da "magia sexual" e do efeito místico das drogas. Essas são algumas das qualificações do britânico Aleister Crowley (1875-1947). Rotulado pela imprensa sensacionalista de sua época como "o homem mais perverso do mundo", Crowley resistiu à morte e ao tempo e chega a 2012 intacto em sua aura de mistério e controvérsia.O mago é um dos assuntos de maior destaque no filme "O início, o fim e o meio", documentário de Walter Carvalho sobre Raul Seixas que estreia em março. Junto ao parceiro Paulo Coelho, Raul fundou a sua famosa Sociedade Alternativa baseado nas ideias de Crowley (em especial no "Faze o que tu queres, pois é tudo da lei", ensinamento tirado do "Livro da Lei").
O filme, mais uma "biografia definitiva" (que saiu em setembro no exterior), um punhado de livros sobre sua "magia sexual" e seu tarô (lançados pela Madras, editora brasileira de obras maçônicas e holísticas) e até uma campanha fake à presidência dos EUA cuidam de reacender a chama de Crowley — e, também, de enfim redimi-lo.
Jogado ao ostracismo no fim da vida, Aleister Crowley voltou pela porta dos fundos da cultura pop. Ao lado de Albert Einstein e Marilyn Monroe, ele é uma das celebridades cujas fotos figuram na capa de "Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band", clássico disco dos Beatles de 1967. Pouco mais tarde, Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, tornou-se um dos maiores propagandistas de Crowley — para ele, um libertário e "gênio incompreendido".
O filme "O início, o fim e o meio" lembra o tempo em que as ideias do inglês chegaram a um jovem brasileiro interessado em magia e ocultismo: Paulo Coelho, que apresentou Crowley a seu parceiro, o roqueiro Raul Seixas. Sob sua inspiração, os dois compuseram a canção "Sociedade Alternativa" e planejaram torná-la uma realidade. Paulo, que chegou a se filiar à Ordo Templi Orientis (O.T.O., ordem mística da qual o mago britânico foi um dos líderes), largou tudo depois de um suposto encontro com o Demônio e de sua subsequente prisão pela polícia da ditadura militar — episódio contado com detalhes na biografia "O mago", do jornalista Fernando Morais.
"Esse foi um período negro na minha vida, a magia fora de qualquer ética, todos pagaram o preço", conta Paulo Coelho no filme, que também deu voz ao mestre do escritor na O.T.O., Euclydes Lacerda (falecido no ano passado, de câncer). Ele diz no depoimento que o escritor (parceiro de Raul no "Rock do diabo") pode até ter renegado a Ordem, mas continua a ela filiado, já que o desligamento teria que ser feito por escrito.
O escritor inglês Tobias Churton, autor de "Aleister Crowley — The biography" (a "biografia definitiva") conta que uma das ideias mais erradas acerca do seu biografado é a de que ele seria um satanista, adepto da magia negra.
— Crowley não adorava aquilo em que não acreditava. E ele não acreditava na figura que a Igreja define como "Satã". Ele dizia que Diabo é o nome dado a qualquer deus de que o crente desgoste ou tenha medo. Ele se interessava bastante pelo processo histórico segundo o qual as autoridades religiosas puseram a realização sexual na esfera do diabo — e, com o sexo, também as mulheres. As crenças de Crowley eram positivas, libertadoras. E espirituais — diz.
Músico e escritor, tradutor e autor de "Aleister Crowley, a biografia de um mago" (lançado no ano passado pela Madras), o brasileiro Johann Heyss lembra que a imagem de satanista permanece, em muito por causa da cultura pop — há que se lembrar da canção "Mr. Crowley", um dos grandes sucessos de Ozzy Osbourne, em que ele canta: "Você enganou a todos com mágica/ Você esperou o chamado de Satã."
— Essa é uma canção bastante crítica. Mas eu também não sei se, nas condições em que Ozzy estava quando a fez (início dos anos 1980, auge de seu vício em drogas e álcool), ele tinha como criticar alguém — diz Johann, que lembra a ligação de Crowley com alguns dos maiores intelectuais do século, como o poeta português Fernando Pessoa, admirador com quem ele chegou a se encontrar em Cascais, nos anos 1930.
Aleister Crowley que emerge da biografia de Tobias Churton é uma figura complexa. Um britânico de família aristocrática que correu o mundo atrás de conhecimento espiritual e que se rebelou contra o Cristianismo. Um amante insaciável, que buscou a união entre sexo e misticismo. Um viciado que passou maus bocados com a heroína, mas que tinha um irresistível carisma — um talento para o relacionamento social que ele usou, segundo revela o livro, como espião nas duas grandes guerras.
— Aleister Crowley merece atenção em parte porque estava muito à frente do seu tempo (e do nosso também) e porque tem muito a dizer sobre humanidade. Ele pode ser apreciado como escritor, artista e ensaísta, como guia espiritual e como aventureiro. Ele reviveu algo cujas raízes são muito antigas e deu uma forma com a qual podemos trabalhar — diz Tobias.
Fartura editorial
Uma prova dessa amplitude do legado de Crowley é dada pela Madras Editora, de São Paulo ("Somos os únicos que editam as suas obras no Brasil", informa o editor Wagner Veneziani Costa). Por ela, saíram, nos últimos dois anos, desde a a biografia escrita por Johann Heyss até livros como "Tarô de Crowley", "Aleister Crowley e o tabuleiro Ouija", "A Goetia ilustrada de Aleister Crowley — Evocação sexual" e "Os livros de Thelema".
Estudante de Física, o americano Joseph Thiebes foi além e lançou a "campanha" de Aleister Crowley para a presidência dos Estados Unidos em 2012 (http://ac2012.com/) com o lema "fazer o que tu queres será o todo da Lei".
— Essa é a mensagem que eu espero que um dia todos os políticos conheçam. E outro dos objetivos dessa campanha é dissipar muitas das calúnias e dos mitos sobre ele perpetuados pela imprensa sensacionalista — conta Joseph, que publicou no site um texto sobre a Sociedade Alternativa de Raul Seixas e Paulo Coelho.
— É uma pena o que aconteceu com o Paulo (que abandonou as ideias de Crowley), mas é compreensível que, depois de ter sido preso e punido por suas crenças, ele tenha mudado seu ponto de vista. Gosto dos seus livros e desejo o melhor para ele — diz Joseph.
Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura/a-redencao-do-mago-ocultista-aleister-crowley-3559361#ixzz4xwokRzg3
Aleister Crowley: o Homem Mais Perverso do Mundo
deldebbio | 3 de julho de 2017
Por Mike Karn
Revista The Square, volume 43, n° 2, junho 2017, páginas 32-34.
Aleister Crowley é considerado uma das figuras mais notáveis e sinistras do século passado. Ele foi um renomado estudioso que usou seu incrível intelecto para se tornar um especialista e praticante do ocultismo e da magia negra. Tão grande era o seu domínio que, para muitas pessoas, ele se transformou na personificação absoluta do mal. Seus ritos, orgias e cerimônias profanas chocaram até mesmo os mais cínicos e despertaram curiosidade, fúria e ódio nas outras pessoas.
Ele sempre insistiu que seu nome fosse pronunciado como “Crow-ly” – muitas vezes acrescentando, com um sorriso malicioso: “para rimar como holy [sagrado]!”. No entanto, provavelmente é difícil, para quem desconhece a reputação de Crowley, imaginar a controvérsia que seu nome incitou no público em geral – e o ódio e medo que sentiram.
Crowley nasceu no auge da era vitoriana, em 1875, em Leamington, Warwickshire, Inglaterra. Proveniente de uma família próspera adepta da seita dos Irmãos de Plymouth, ele foi devidamente batizado como Edward Alexander Crowley. Foi criado para acreditar que Deus era todo-poderoso e que o livre-arbítrio não era uma opção. Seu pai, Edward, era de uma rica família quaker, e ele e sua esposa, Emily, eram fanáticos religiosos que se juntaram aos Irmãos de Plymouth na fundação da seita.
Para Crowley, o Cristianismo assumiu proporções extremas e se tornou o inimigo. Em seu tormento, ele procurava ajuda e conforto em outras fontes – essa direção por fim levava ao inimigo natural: o demônio. Ele se rebelou totalmente contra a religião de sua família e posteriormente mudou seu nome para Aleister, para não partilhar do mesmo nome de seu pai, Edward.
Crowley teve uma infância muito infeliz. Seu pai viajava pelo país pregando, enquanto sua mãe rezava, lamentava e atormentava o filho. O pior ainda estava por vir: seu pai faleceu quando ele tinha 11 anos de idade, e sua guarda foi concedida à mãe de seu irmão, que o tratava com crueldade. Isso só foi ultrapassado por um mestre sádico de uma escola dos Irmãos Plymouth, à qual foi confiado.
Portanto, quando criança, Crowley rezou para o demônio em segredo, para se manter protegido de sua mãe, de seu tio, do mestre e dos garotos que o maltratavam na escola. Seus sentimentos em relação ao Cristianismo e à sua família eram de puro ódio, e ele não foi criado como uma criança normal. No início de sua adolescência, como seu comportamento comum era não aceitar a doutrina dos Irmãos Plymouth, a mãe de Crowley o amaldiçoou e passou a chamá-lo de “a besta”, cujo número era 666, conforme o Livro do Apocalipse no Novo Testamento da Bíblia. Em vez de ficar ofendido com isso, ele adotou o nome e agiu como se não houvesse mais nada a fazer a não ser aceitá-lo.
Crowley frequentou a Malvern College como uma criança oprimida e mentalmente perturbada. Uma escola pública não era lugar para um garoto tão tímido e estranho, e ele sofria agressões físicas e psicológicas, a ponto de ser retirado da escola e transferido para a Tonbridge School. Mas então houve uma transformação nele. Crowley tinha crescido e se tornou forte física e mentalmente. Ele passou por uma mudança completa, como se algo tivesse sido despertado dentro dele. Deixando de lado toda a sua insegurança, superou os intimidadores e se transformou em um deles.
Nessa época, ele começou a praticar alpinismo. O cabo de Beachy Head e as montanhas galesas foram os cenários de suas primeiras expedições, mas então ele começou a escalar penhascos que ninguém jamais havia ousado, e realmente obteve muitas experiências na escalada.
Em 1895, aos 20 anos de idade e denominando-se Aleister, foi para a Trinity College, em Cambridge, como graduando do curso de ciência moral. Ele também escreveu, estudou poesia e continuou a praticar alpinismo. Crowley era considerado um jovem com um futuro promissor, mas enveredou pelo ocultismo e por todas as formas de imoralidade. Ele vivia como um aristocrata privilegiado e mantinha uma vida sexual vigorosa, conduzida com prostitutas e mulheres que ele escolhia nos bares locais, mas isso posteriormente se estendeu a atividades homossexuais. Ele também começou a publicar poesia explicitamente sexual.
Quando frequentava a Trinity College, conheceu Allan Bennett. Os dois se interessaram pelo ocultismo e começaram a experimentar rituais mágicos. Ao que tudo indica, eles obtiveram resultados impressionantes, incluindo a manifestação de uma hoste de seres sobrenaturais e de atividades de espíritos.
Em 1898, Crowley e Bennett se juntaram à Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn) em Londres, que praticava magia ritualística, alquimia, astrologia, tarô e outras ciências ocultas. A ordem foi fundada em 1887 por três membros da Maçonaria: Samuel MacGregor Mathers, William Robert Woodman e dr. William Wynn Westcott. Todos eles também foram membros da Sociedade Rosacruciana.
A Golden Dawn afirma que sua origem remonta de documentos codificados na posse de Wynn Westcott, segundo os quais o grupo era uma ramificação da Ordem Rosacruz alemã. Eles conceberam cinco rituais nos moldes maçônicos, que foram expandidos por Mathers. Sua influência no desenvolvimento do ocultismo moderno ocidental foi profundo, e muitos grupos afirmam serem originados da Golden Dawn.
Um ano depois, um fundo em depósito que foi estabelecido após a morte de seu pai lhe foi liberado. Crowley se tornou um homem rico, sem ter que depender mais de sua família. Ele abandonou a universidade sem concluir o curso, adquiriu um apartamento em Londres e começou a se dedicar a seus estudos ocultistas. Crowley tinha uma aptidão natural para a magia e logo fez avanços, tornando-se um mago poderoso, assim como seu amigo Allan Bennett.
Crowley não apenas se aprofundou no ocultismo, mas também foi promovido rapidamente pelos graus da Golden Dawn. Em 1889, ele completou os estudos necessários para obter o grau de Adeptus Minor. Entretanto, por causa de suas atitudes e de seu comportamento homossexual, o líderes em Londres o consideraram inadequado para avançar na Segunda Ordem. Então, Crowley foi para a França, onde o líder da Golden Dawn em Paris, MacGregor Mathers, o iniciou na Segunda Ordem.
Posteriormente, em 1900, a Golden Dawn foi fragmentada. Mathers, em uma tentativa de se unir à Loja londrina e se tornar um líder incontestável da ordem, mandou Crowley para a Inglaterra como seu “enviado especial”. Crowley fez uma tentativa frustrada de obter novamente o controle das propriedades da ordem em nome de Mathers. Ele surgiu em uma reunião ritualística vestido de maneira excêntrica com traje escocês completo e um capuz preto. Pouco tempo depois, Mathers e Crowley foram expulsos da ordem.
Crowley era maçom. Registros apontam que ele foi para a França em 1903, onde foi iniciado na Maçonaria na Loja Anglo-Saxônica nº 343, em Paris. Essa era uma Loja principalmente para expatriados e para aqueles que não podiam se afiliar à Maçonaria na Inglaterra por causa dos altos padrões da Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI).
Crowley afirmou ter sido recomendado por um Past Grão-Capelão Provinciano de Oxfordshire. No entanto, não existem evidências documentadas disso, e Crowley certamente nunca foi iniciado na Maçonaria inglesa. Posteriormente, ele continuou tentando ser admitido em reuniões de Lojas em Londres, mas frequentemente era recusado, pois pertencia a uma Ordem Maçônica ilegítima.
Em seu livro The Confessions of Aleister Crowley, uma auto-hagiografia, Crowley se explica:
Eu mencionei ter obtido o 33° na Cidade do México. Isso não acrescenta muita importância ao meu conhecimento dos mistérios, mas ouvi falar que a Maçonaria era uma irmandade universal e esperava ser recebido em todo o mundo por todos os Irmãos. Fui surpreendido com um considerável choque nos meses seguintes, quando, tendo a chance de discutir o assunto com um apostador arruinado ou agente de apostas – não me lembro exatamente –, descobri que ele não me “reconhecia”! Havia uma diferença simples em um dos apertos de mão ou alguma outra formalidade totalmente sem sentido. Demonstrei um desprezo imenso por todo o ritual. Eu fui admitido ao ser iniciado na Loja Anglo-Saxônica nº 343, em Paris.
Retornei à Inglaterra um tempo depois, após passar meu posto na minha Loja, e, esperando me juntar ao Arco Real, dirigi-me a seu venerável Secretário. Apresentei minhas credenciais. “Ó Grande Arquiteto do Universo”, o velho homem irrompeu de raiva, “por que não queimais este impostor no fogo dos céus? Senhor, vá embora. Você não é um maçom!”.
Pensei que isso seria um pouco difícil de meu Reverendo Pai em Deus, o criador, e percebi que, obviamente, todos os ingleses e norte-americanos que visitam uma Loja na França correm o risco de expulsão ou detenção instantânea e irrevogável. Então, eu não disse nada, mas fui para outra sala no Freemasons’ Hall sem seu conhecimento, e tomei meu lugar como um Past Master em uma das Lojas mais antigas e importantes de Londres.
Em 1905, Crowley voltou a se dedicar ao alpinismo e tentou conquistar o Kangchenjunga, no Nepal, a terceira montanha mais alta no mundo. Houve grande controvérsia durante a tentativa frustrada, e Crowley foi acusado de crueldade por agredir seus carregadores e deixar outro homem morrer na montanha. Era evidente que ele não conseguia tolerar qualquer tipo de fraqueza nas outras pessoas, mas essa viagem acrescentou muitas outras histórias terríveis à sua reputação crescente como um homem perverso.
Em 1906, Crowley fez uma viagem com sua esposa e sua filha para a China e depois para o Vietnã, onde as abandonou. A criança faleceu posteriormente, e sua esposa recorreu ao consumo de álcool para aliviar a dor, chegando à loucura. Tempos depois, Crowley a internou em um sanatório, e eles por fim se divorciaram em 1909.
Em 1910, Crowley conheceu John Yarker. Yarker era maçom, costumava escrever sobre assuntos relacionados à Maçonaria e era membro da Loja Quatuor Coronati. Em 1871, ele esteve envolvido com a fundação de um Grande Conselho do Rito Antigo e Primitivo em Manchester, uma ordem que se separou da GLUI e criou uma conexão com o Rito Antigo e Aceito e com outros ritos egípcios. Isso não era considerado comum pela maioria das Grandes Lojas. Crowley se juntou à ordem, da qual mais tarde se tornou Grão-Administrador Geral e também Mestre Patriarca Geral.
Em 1913, Crowley visitou o Secretário da Loja Quatuor Coronati e o Grande Secretário do Freemasons’ Hall, buscando uma forma de se juntar à Loja inglesa. Ele então escreveu à Grande Loja solicitando seu direito de se juntar a Lojas inglesas e participar delas, baseado em sua associação à Loja francesa. Seu pedido foi negado, devido à irregularidade de sua Loja-Mãe. A Grande Loja não identificou Crowley como um membro da Maçonaria. Todas as suas afiliações estavam ligadas a órgãos irregulares, portanto lhe negaram reconhecimento.
Crowley estava escalando montanhas na Suíça quando a Primeira Guerra Mundial irrompeu e ele retornou para a Inglaterra. Estava impossibilitado de se juntar às forças armadas por causa de sua saúde debilitada, mas ofereceu seus serviços: sua escrita e sua inteligência. Supostamente, sua oferta foi rejeitada com desprezo pelo Serviço de Inteligência Britânico, e, para um homem como Crowley, isso resultou em seu ressentimento e apoio subsequente à Alemanha. Ele foi para os Estados Unidos, onde escreveu e publicou propaganda antibritânica, o que o tornou um traidor e desertor na Inglaterra.
Nos Estados Unidos, ele estudou com ocultistas norte-americanos, começou a pintar e escreveu muitos livros. Em 1919, enquanto vivia em Greenwich Village, conheceu Leah Hirsig, e os dois sentiram uma conexão imediata e instintiva. Em 1920, eles foram para a Sicília e criaram um templo em uma antiga fazenda. Eles tiveram uma filha e, sob a influência de ópio e cocaína, fundaram um novo culto religioso chamado Thelema. Com Crowley considerando-se um profeta da nova era, a famosa Abadia de Thelema foi fundada. Thelema era uma religião, e sua lei era: “Faze o que tu queres”. Rapidamente, circularam histórias sobre depravação. O povo italiano se ressentiu das atividades diabólicas de Crowley, e Benito Mussolini, o ditador italiano, determinou que ele fosse deportado. Como sempre, Crowley não negou as acusações feitas contra ele.
Crowley também foi membro da Ordo Templi Orientis (O.T.O.) e, em 1925, por fim assumiu liderança e revisou os ritos, estabelecendo rituais da ordem nos mesmos moldes da Maçonaria. A O.T.O. é uma sociedade secreta e, ao longo dos anos, ressurgiu diversas vezes. Atualmente, está em atividade em 25 países, com uma afiliação crescente de mais de 4 mil membros. Segundo consta, todos os homens e mulheres livres, com maioridade completa e bons precedentes, têm o direito de serem iniciados nos primeiros três graus dessa ordem.
Muitos livros ocultos foram escritos por Crowley, os quais, apesar de terem sido escritos com discernimento, são muitas vezes difíceis de serem acompanhados. Um deles é o sagrado Livro da Lei, que tem como princípio fundamental: “Faze o que tu queres há de ser o todo da lei”, que significa que todo homem e toda mulher deverão encontrar sua verdadeira vontade, seu propósito e seu sentido de vida, seguindo isso e nada mais. Dois de seus romances, The Diary of a Drug Fiend (1922) e Moonchild (1929), foram parcialmente baseados em sua vida pessoal e em suas alucinações egomaníacas. Acredita-se que Crowley tenha realizado muitas tentativas sem sucesso, com diferentes mulheres, de procriar uma “criança mágica”. Ele escreveu sobre essas tentativas em forma de ficção no livro Moonchild.
Crowley sempre atraiu um pequeno grupo de seguidores nos Estados Unidos e na Alemanha, talvez não mais de algumas centenas de pessoas por vez, e, por quatro anos, perambulou pela Alemanha e por Portugal, sendo financiado por seus seguidores fiéis. Ao retornar para a Inglaterra, em 1935, foi à falência após perder um processo judicial contra um jornal que o teria chamado de mago negro. A evidência contra ele era devastadora – e é de se imaginar que o caso só tenha sido levado à corte por mera publicidade!
Durante os anos seguintes, Crowley parou de viajar e permaneceu na Inglaterra, onde escreveu muitos outros livros. Ele passou seus últimos anos sozinho em uma pensão em Hastings, como um homem velho e debilitado, mal sobrevivendo por seu vício em heroína. Seu ato final foi amaldiçoar o médico que se negou a prescrever a quantidade de heroína que ele queria. Crowley morreu em 1º de dezembro de 1947, aos 72 anos de idade, e foi cremado em Brighton. Suas cinzas foram enviadas a seus seguidores nos Estados Unidos. O médico que ele amaldiçoou teria morrido em menos de 24 horas depois.
Sem arrependimentos e sem se curvar, ele partiu deste mundo com um desprezo final pela sociedade. Crowley havia preparado seu próprio funeral e, em vez do serviço religioso comum, criou seu último ritual com suas obras. Amigos leram Hymn to Pan e Collects and Anthems, de Gnostic Mass. Passagens selecionadas do Livro da Lei também foram lidas. Houve tantas reclamações por parte do público a respeito do serviço funerário que o Conselho de Brighton decidiu tomar providências para prevenir que um incidente como esse nunca mais acontecesse.
Provavelmente, Crowley foi o mago mais famoso de sua época, tornando-se ainda mais influente após sua morte do que quando estava vivo. Ele foi muitas vezes odiado em vida, mas certamente causou influência e impacto no desenvolvimento da nova era do ocultismo moderno. Seu conhecimento sobre magia e bruxaria era certamente profundo, e ele transmitiu esse conhecimento por meio de seus diversos livros. Na sociedade liberal dos dias de hoje, seus livros estão sendo procurados e reimpressos, e algumas pessoas parecem apreciar seu estranho intelecto. Sua impiedade persistente era um traço de sua personalidade e influenciou homens e mulheres, mas Crowley deixou para traz um rastro de devastação em se tratando das mulheres e dos homens em sua vida. Alcoolismo, vício em drogas, insanidade e suicídio surgiram em seu caminho. Portanto, Crowley era um mago negro perverso? Provavelmente sim, mas tão importante quanto isso era o fato de ele querer que todo mundo acreditasse nisso.
Há uma reviravolta na história, pois, quando Crowley morreu, foi encontrada uma carta da Inteligência Naval Britânica endereçada a ele, requerendo o prazer de sua companhia em uma recepção. A história então revelada é a de que ele teria sido recrutado pela Inteligência Britânica durante a Segunda Guerra Mundial, quando queriam explorar as informações de que nazistas de alto posto estavam envolvidos com astrologia e ocultismo. Agente britânico por muito tempo, Ian Fleming (que escreveu os romances de James Bond) disse que Crowley foi recrutado pela primeira vez para a investigação de Rudolf Hess. Fleming também revelou que foi Crowley quem sugeriu o símbolo de “V” de vitória usado por Churchill – o símbolo com os dois dedos sendo o oposto direto e destrutivo do símbolo solar da suástica.
Atualmente, poucas pessoas irão refutar a ideia de que Crowley teria sido um agente britânico durante a Primeira Guerra Mundial, trabalhando nos Estados Unidos e ajudando na campanha de desinformação, em vez de ter sido um traidor, como se acreditava.
Crowley foi chamado de “o homem mais perverso do mundo”. No entanto, talvez hoje em dia ele não fosse considerado assim. Ele possivelmente seria tratado como um excêntrico, com poucas pessoas se incomodando com seu comportamento – o que não seria de forma alguma apropriado para ele.
Ele sempre insistiu que seu nome fosse pronunciado como “Crow-ly” – muitas vezes acrescentando, com um sorriso malicioso: “para rimar como holy [sagrado]!”. No entanto, provavelmente é difícil, para quem desconhece a reputação de Crowley, imaginar a controvérsia que seu nome incitou no público em geral – e o ódio e medo que sentiram.
Crowley nasceu no auge da era vitoriana, em 1875, em Leamington, Warwickshire, Inglaterra. Proveniente de uma família próspera adepta da seita dos Irmãos de Plymouth, ele foi devidamente batizado como Edward Alexander Crowley. Foi criado para acreditar que Deus era todo-poderoso e que o livre-arbítrio não era uma opção. Seu pai, Edward, era de uma rica família quaker, e ele e sua esposa, Emily, eram fanáticos religiosos que se juntaram aos Irmãos de Plymouth na fundação da seita.
Para Crowley, o Cristianismo assumiu proporções extremas e se tornou o inimigo. Em seu tormento, ele procurava ajuda e conforto em outras fontes – essa direção por fim levava ao inimigo natural: o demônio. Ele se rebelou totalmente contra a religião de sua família e posteriormente mudou seu nome para Aleister, para não partilhar do mesmo nome de seu pai, Edward.
Crowley teve uma infância muito infeliz. Seu pai viajava pelo país pregando, enquanto sua mãe rezava, lamentava e atormentava o filho. O pior ainda estava por vir: seu pai faleceu quando ele tinha 11 anos de idade, e sua guarda foi concedida à mãe de seu irmão, que o tratava com crueldade. Isso só foi ultrapassado por um mestre sádico de uma escola dos Irmãos Plymouth, à qual foi confiado.
Portanto, quando criança, Crowley rezou para o demônio em segredo, para se manter protegido de sua mãe, de seu tio, do mestre e dos garotos que o maltratavam na escola. Seus sentimentos em relação ao Cristianismo e à sua família eram de puro ódio, e ele não foi criado como uma criança normal. No início de sua adolescência, como seu comportamento comum era não aceitar a doutrina dos Irmãos Plymouth, a mãe de Crowley o amaldiçoou e passou a chamá-lo de “a besta”, cujo número era 666, conforme o Livro do Apocalipse no Novo Testamento da Bíblia. Em vez de ficar ofendido com isso, ele adotou o nome e agiu como se não houvesse mais nada a fazer a não ser aceitá-lo.
Crowley frequentou a Malvern College como uma criança oprimida e mentalmente perturbada. Uma escola pública não era lugar para um garoto tão tímido e estranho, e ele sofria agressões físicas e psicológicas, a ponto de ser retirado da escola e transferido para a Tonbridge School. Mas então houve uma transformação nele. Crowley tinha crescido e se tornou forte física e mentalmente. Ele passou por uma mudança completa, como se algo tivesse sido despertado dentro dele. Deixando de lado toda a sua insegurança, superou os intimidadores e se transformou em um deles.
Nessa época, ele começou a praticar alpinismo. O cabo de Beachy Head e as montanhas galesas foram os cenários de suas primeiras expedições, mas então ele começou a escalar penhascos que ninguém jamais havia ousado, e realmente obteve muitas experiências na escalada.
Em 1895, aos 20 anos de idade e denominando-se Aleister, foi para a Trinity College, em Cambridge, como graduando do curso de ciência moral. Ele também escreveu, estudou poesia e continuou a praticar alpinismo. Crowley era considerado um jovem com um futuro promissor, mas enveredou pelo ocultismo e por todas as formas de imoralidade. Ele vivia como um aristocrata privilegiado e mantinha uma vida sexual vigorosa, conduzida com prostitutas e mulheres que ele escolhia nos bares locais, mas isso posteriormente se estendeu a atividades homossexuais. Ele também começou a publicar poesia explicitamente sexual.
Quando frequentava a Trinity College, conheceu Allan Bennett. Os dois se interessaram pelo ocultismo e começaram a experimentar rituais mágicos. Ao que tudo indica, eles obtiveram resultados impressionantes, incluindo a manifestação de uma hoste de seres sobrenaturais e de atividades de espíritos.
Em 1898, Crowley e Bennett se juntaram à Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn) em Londres, que praticava magia ritualística, alquimia, astrologia, tarô e outras ciências ocultas. A ordem foi fundada em 1887 por três membros da Maçonaria: Samuel MacGregor Mathers, William Robert Woodman e dr. William Wynn Westcott. Todos eles também foram membros da Sociedade Rosacruciana.
A Golden Dawn afirma que sua origem remonta de documentos codificados na posse de Wynn Westcott, segundo os quais o grupo era uma ramificação da Ordem Rosacruz alemã. Eles conceberam cinco rituais nos moldes maçônicos, que foram expandidos por Mathers. Sua influência no desenvolvimento do ocultismo moderno ocidental foi profundo, e muitos grupos afirmam serem originados da Golden Dawn.
Um ano depois, um fundo em depósito que foi estabelecido após a morte de seu pai lhe foi liberado. Crowley se tornou um homem rico, sem ter que depender mais de sua família. Ele abandonou a universidade sem concluir o curso, adquiriu um apartamento em Londres e começou a se dedicar a seus estudos ocultistas. Crowley tinha uma aptidão natural para a magia e logo fez avanços, tornando-se um mago poderoso, assim como seu amigo Allan Bennett.
Crowley não apenas se aprofundou no ocultismo, mas também foi promovido rapidamente pelos graus da Golden Dawn. Em 1889, ele completou os estudos necessários para obter o grau de Adeptus Minor. Entretanto, por causa de suas atitudes e de seu comportamento homossexual, o líderes em Londres o consideraram inadequado para avançar na Segunda Ordem. Então, Crowley foi para a França, onde o líder da Golden Dawn em Paris, MacGregor Mathers, o iniciou na Segunda Ordem.
Posteriormente, em 1900, a Golden Dawn foi fragmentada. Mathers, em uma tentativa de se unir à Loja londrina e se tornar um líder incontestável da ordem, mandou Crowley para a Inglaterra como seu “enviado especial”. Crowley fez uma tentativa frustrada de obter novamente o controle das propriedades da ordem em nome de Mathers. Ele surgiu em uma reunião ritualística vestido de maneira excêntrica com traje escocês completo e um capuz preto. Pouco tempo depois, Mathers e Crowley foram expulsos da ordem.
Crowley era maçom. Registros apontam que ele foi para a França em 1903, onde foi iniciado na Maçonaria na Loja Anglo-Saxônica nº 343, em Paris. Essa era uma Loja principalmente para expatriados e para aqueles que não podiam se afiliar à Maçonaria na Inglaterra por causa dos altos padrões da Grande Loja Unida da Inglaterra (GLUI).
Crowley afirmou ter sido recomendado por um Past Grão-Capelão Provinciano de Oxfordshire. No entanto, não existem evidências documentadas disso, e Crowley certamente nunca foi iniciado na Maçonaria inglesa. Posteriormente, ele continuou tentando ser admitido em reuniões de Lojas em Londres, mas frequentemente era recusado, pois pertencia a uma Ordem Maçônica ilegítima.
Em seu livro The Confessions of Aleister Crowley, uma auto-hagiografia, Crowley se explica:
Eu mencionei ter obtido o 33° na Cidade do México. Isso não acrescenta muita importância ao meu conhecimento dos mistérios, mas ouvi falar que a Maçonaria era uma irmandade universal e esperava ser recebido em todo o mundo por todos os Irmãos. Fui surpreendido com um considerável choque nos meses seguintes, quando, tendo a chance de discutir o assunto com um apostador arruinado ou agente de apostas – não me lembro exatamente –, descobri que ele não me “reconhecia”! Havia uma diferença simples em um dos apertos de mão ou alguma outra formalidade totalmente sem sentido. Demonstrei um desprezo imenso por todo o ritual. Eu fui admitido ao ser iniciado na Loja Anglo-Saxônica nº 343, em Paris.
Retornei à Inglaterra um tempo depois, após passar meu posto na minha Loja, e, esperando me juntar ao Arco Real, dirigi-me a seu venerável Secretário. Apresentei minhas credenciais. “Ó Grande Arquiteto do Universo”, o velho homem irrompeu de raiva, “por que não queimais este impostor no fogo dos céus? Senhor, vá embora. Você não é um maçom!”.
Pensei que isso seria um pouco difícil de meu Reverendo Pai em Deus, o criador, e percebi que, obviamente, todos os ingleses e norte-americanos que visitam uma Loja na França correm o risco de expulsão ou detenção instantânea e irrevogável. Então, eu não disse nada, mas fui para outra sala no Freemasons’ Hall sem seu conhecimento, e tomei meu lugar como um Past Master em uma das Lojas mais antigas e importantes de Londres.
Em 1905, Crowley voltou a se dedicar ao alpinismo e tentou conquistar o Kangchenjunga, no Nepal, a terceira montanha mais alta no mundo. Houve grande controvérsia durante a tentativa frustrada, e Crowley foi acusado de crueldade por agredir seus carregadores e deixar outro homem morrer na montanha. Era evidente que ele não conseguia tolerar qualquer tipo de fraqueza nas outras pessoas, mas essa viagem acrescentou muitas outras histórias terríveis à sua reputação crescente como um homem perverso.
Em 1906, Crowley fez uma viagem com sua esposa e sua filha para a China e depois para o Vietnã, onde as abandonou. A criança faleceu posteriormente, e sua esposa recorreu ao consumo de álcool para aliviar a dor, chegando à loucura. Tempos depois, Crowley a internou em um sanatório, e eles por fim se divorciaram em 1909.
Em 1910, Crowley conheceu John Yarker. Yarker era maçom, costumava escrever sobre assuntos relacionados à Maçonaria e era membro da Loja Quatuor Coronati. Em 1871, ele esteve envolvido com a fundação de um Grande Conselho do Rito Antigo e Primitivo em Manchester, uma ordem que se separou da GLUI e criou uma conexão com o Rito Antigo e Aceito e com outros ritos egípcios. Isso não era considerado comum pela maioria das Grandes Lojas. Crowley se juntou à ordem, da qual mais tarde se tornou Grão-Administrador Geral e também Mestre Patriarca Geral.
Em 1913, Crowley visitou o Secretário da Loja Quatuor Coronati e o Grande Secretário do Freemasons’ Hall, buscando uma forma de se juntar à Loja inglesa. Ele então escreveu à Grande Loja solicitando seu direito de se juntar a Lojas inglesas e participar delas, baseado em sua associação à Loja francesa. Seu pedido foi negado, devido à irregularidade de sua Loja-Mãe. A Grande Loja não identificou Crowley como um membro da Maçonaria. Todas as suas afiliações estavam ligadas a órgãos irregulares, portanto lhe negaram reconhecimento.
Crowley estava escalando montanhas na Suíça quando a Primeira Guerra Mundial irrompeu e ele retornou para a Inglaterra. Estava impossibilitado de se juntar às forças armadas por causa de sua saúde debilitada, mas ofereceu seus serviços: sua escrita e sua inteligência. Supostamente, sua oferta foi rejeitada com desprezo pelo Serviço de Inteligência Britânico, e, para um homem como Crowley, isso resultou em seu ressentimento e apoio subsequente à Alemanha. Ele foi para os Estados Unidos, onde escreveu e publicou propaganda antibritânica, o que o tornou um traidor e desertor na Inglaterra.
Nos Estados Unidos, ele estudou com ocultistas norte-americanos, começou a pintar e escreveu muitos livros. Em 1919, enquanto vivia em Greenwich Village, conheceu Leah Hirsig, e os dois sentiram uma conexão imediata e instintiva. Em 1920, eles foram para a Sicília e criaram um templo em uma antiga fazenda. Eles tiveram uma filha e, sob a influência de ópio e cocaína, fundaram um novo culto religioso chamado Thelema. Com Crowley considerando-se um profeta da nova era, a famosa Abadia de Thelema foi fundada. Thelema era uma religião, e sua lei era: “Faze o que tu queres”. Rapidamente, circularam histórias sobre depravação. O povo italiano se ressentiu das atividades diabólicas de Crowley, e Benito Mussolini, o ditador italiano, determinou que ele fosse deportado. Como sempre, Crowley não negou as acusações feitas contra ele.
Crowley também foi membro da Ordo Templi Orientis (O.T.O.) e, em 1925, por fim assumiu liderança e revisou os ritos, estabelecendo rituais da ordem nos mesmos moldes da Maçonaria. A O.T.O. é uma sociedade secreta e, ao longo dos anos, ressurgiu diversas vezes. Atualmente, está em atividade em 25 países, com uma afiliação crescente de mais de 4 mil membros. Segundo consta, todos os homens e mulheres livres, com maioridade completa e bons precedentes, têm o direito de serem iniciados nos primeiros três graus dessa ordem.
Muitos livros ocultos foram escritos por Crowley, os quais, apesar de terem sido escritos com discernimento, são muitas vezes difíceis de serem acompanhados. Um deles é o sagrado Livro da Lei, que tem como princípio fundamental: “Faze o que tu queres há de ser o todo da lei”, que significa que todo homem e toda mulher deverão encontrar sua verdadeira vontade, seu propósito e seu sentido de vida, seguindo isso e nada mais. Dois de seus romances, The Diary of a Drug Fiend (1922) e Moonchild (1929), foram parcialmente baseados em sua vida pessoal e em suas alucinações egomaníacas. Acredita-se que Crowley tenha realizado muitas tentativas sem sucesso, com diferentes mulheres, de procriar uma “criança mágica”. Ele escreveu sobre essas tentativas em forma de ficção no livro Moonchild.
Crowley sempre atraiu um pequeno grupo de seguidores nos Estados Unidos e na Alemanha, talvez não mais de algumas centenas de pessoas por vez, e, por quatro anos, perambulou pela Alemanha e por Portugal, sendo financiado por seus seguidores fiéis. Ao retornar para a Inglaterra, em 1935, foi à falência após perder um processo judicial contra um jornal que o teria chamado de mago negro. A evidência contra ele era devastadora – e é de se imaginar que o caso só tenha sido levado à corte por mera publicidade!
Durante os anos seguintes, Crowley parou de viajar e permaneceu na Inglaterra, onde escreveu muitos outros livros. Ele passou seus últimos anos sozinho em uma pensão em Hastings, como um homem velho e debilitado, mal sobrevivendo por seu vício em heroína. Seu ato final foi amaldiçoar o médico que se negou a prescrever a quantidade de heroína que ele queria. Crowley morreu em 1º de dezembro de 1947, aos 72 anos de idade, e foi cremado em Brighton. Suas cinzas foram enviadas a seus seguidores nos Estados Unidos. O médico que ele amaldiçoou teria morrido em menos de 24 horas depois.
Sem arrependimentos e sem se curvar, ele partiu deste mundo com um desprezo final pela sociedade. Crowley havia preparado seu próprio funeral e, em vez do serviço religioso comum, criou seu último ritual com suas obras. Amigos leram Hymn to Pan e Collects and Anthems, de Gnostic Mass. Passagens selecionadas do Livro da Lei também foram lidas. Houve tantas reclamações por parte do público a respeito do serviço funerário que o Conselho de Brighton decidiu tomar providências para prevenir que um incidente como esse nunca mais acontecesse.
Provavelmente, Crowley foi o mago mais famoso de sua época, tornando-se ainda mais influente após sua morte do que quando estava vivo. Ele foi muitas vezes odiado em vida, mas certamente causou influência e impacto no desenvolvimento da nova era do ocultismo moderno. Seu conhecimento sobre magia e bruxaria era certamente profundo, e ele transmitiu esse conhecimento por meio de seus diversos livros. Na sociedade liberal dos dias de hoje, seus livros estão sendo procurados e reimpressos, e algumas pessoas parecem apreciar seu estranho intelecto. Sua impiedade persistente era um traço de sua personalidade e influenciou homens e mulheres, mas Crowley deixou para traz um rastro de devastação em se tratando das mulheres e dos homens em sua vida. Alcoolismo, vício em drogas, insanidade e suicídio surgiram em seu caminho. Portanto, Crowley era um mago negro perverso? Provavelmente sim, mas tão importante quanto isso era o fato de ele querer que todo mundo acreditasse nisso.
Há uma reviravolta na história, pois, quando Crowley morreu, foi encontrada uma carta da Inteligência Naval Britânica endereçada a ele, requerendo o prazer de sua companhia em uma recepção. A história então revelada é a de que ele teria sido recrutado pela Inteligência Britânica durante a Segunda Guerra Mundial, quando queriam explorar as informações de que nazistas de alto posto estavam envolvidos com astrologia e ocultismo. Agente britânico por muito tempo, Ian Fleming (que escreveu os romances de James Bond) disse que Crowley foi recrutado pela primeira vez para a investigação de Rudolf Hess. Fleming também revelou que foi Crowley quem sugeriu o símbolo de “V” de vitória usado por Churchill – o símbolo com os dois dedos sendo o oposto direto e destrutivo do símbolo solar da suástica.
Atualmente, poucas pessoas irão refutar a ideia de que Crowley teria sido um agente britânico durante a Primeira Guerra Mundial, trabalhando nos Estados Unidos e ajudando na campanha de desinformação, em vez de ter sido um traidor, como se acreditava.
Crowley foi chamado de “o homem mais perverso do mundo”. No entanto, talvez hoje em dia ele não fosse considerado assim. Ele possivelmente seria tratado como um excêntrico, com poucas pessoas se incomodando com seu comportamento – o que não seria de forma alguma apropriado para ele.
Fonte:http://www.deldebbio.com.br/2017/07/03/aleister-crowley-o-homem-mais-perverso-do-mundo/
Mais conhecido como Aleister Crowley (Warwickshire, Inglaterra, 12 de outubro de 1875 – Hastings, Inglaterra, 1 de dezembro de 1947), foi um homem fascinante que viveu uma incrível vida. Ele é mais conhecido como o ocultista infame que introduziu Thelema ao Mundo. Crowley foi uma membro influente em várias organizações ocultas, inclusive a Golden Dawn, a A.'.A.'. e Ordo Templi Orientis. Foi um prolífico escritor e poeta, um viajante, montanhista, mestre enxadrista, artista, yogui, provocador social, usuário de drogas e libertino sexual.
Edward Alexander Crowley, dono de uma personalidade controversa e de um invejável senso de autopromoção, o inglês Edward Alexander Crowley, mais conhecido como Aleister Crowley (" O Pior Homem da Terra ", segundo a imprensa inglesa) tornou-se uma figura de expressão no cenário ocultista e também fora dele.
Nasceu Libriano com ascendente em Leão no dia 12 de Outubro de 1875 em Leamington Spa, Warwickshire numa família de extremistas cristãos (da Irmandade Plymouth). Crowley passou seu período infantil na repressão familiar que veio influenciar muito posteriormente (principalmente nas suas críticas a filosofia cristista). Ali obteve um grande conhecimento da Bíblia.
Ingressou em Trinity College em Cambridge durante o mês de Outubro de 1895. Era conhecido por sua inteligência destacada sua habilidade em escrever e pela sua paixão ao alpinismo (impossível não fazer uma relação com sua " escalada às regiões mais remotas da consciência").
Nesta atividade conheceu Oscar Eckenstein, homem por que nutria imenso respeito e admiração que, posteriormente, veio a instrui-lo nas " artes ocultas ".
Como vários iniciados sentiu-se atraído pelo assunto e seus primeiros contatos foram feitos por livros, principalmente os de alquimia e magia. Escreve à Arthur Waite sobre seu livro " O Livro das Magias Negras e dos Pactos", que recomendou que lesse "A Nuvem sobre o Santuário".
Durante uma expedição de alpinismo, em 1898 , encontrou o farmacêutico Julian L. Baker que o apresentou um colega de profissão, George Cecil Jones, que por sua vez o introduziu na ordem mística conhecida por Hermetic Order of Golden Dawn("Ordem Hermética da Aurora Dourada").
Nesta Ordem, que marcou profundamente a cultura mágica mundial, Crowley obteve rápida ascensão adotando o nome mágico de Perdurabo ("Perdurarei até o Fim"). Teve como instrutores George C. Jones, Frater Volo Noscere e Allan Benneth, Frater Iehi Aour sendo para Crowley um guru, desenvolvendo também uma grande amizade por um dos fundadores, Samuel Liddell MacGregor Mathers, Frater D.D.C.F. (Deo Duce Comite Ferro).
Em 1900 viajou ao México, realizando vária práticas mágicas, invocações etc, até se reencontar com seu antigo instrutor Oscar Eckenstein, que o ensinou a controlar sua mente que considerava (e era) muito dispersa. Nesse período tentou realizar a Operação da Magia Sagrada de Abramelin o Mago sem sucesso, pois a interrompe para ajudar seu amigo e mestre durante a fragmentação da Golden Dawn, Samuel Liddell Mac Gregor Mathers. Neste período, compra uma casa na Escócia, conhecida por Casa de Boleskine (posteriormente comprada por Jimmy Page) e ganha o grau 33 da Maçonaria.
Em 1901 continuou viajando pelo mundo: São Francisco, Honolulu, Japão, China e Ceilão, onde encontrou seu antigo instrutor e companheiro de apartamento, Allan Benneth, que o introduziu às práticas de Ioga (Asana, Parnayama). Sob influência da óptica hindu e das instruções de Eckenstein, Crowley começa a entrar em um período de cepticismo em relação á magia fugindo do romantismo europeu.
Sociedade Alternativa
Em 1904, aos 28 anos, Crowley atinge o ápice de sua carreira mágica. Casando-se com Rose Edith Kelly, apenas 24h depois de se conhecerem, vai ao Cairo passar sua lua-de-mel.
Durante a estadia, Rose passa a ter contato espontâneo com uma entidade (Thoth) que diz querer contatar seu marido: " Eles estão esperando você ". Ela então recebe um ritual de invocação a divindade egípcia conhecida como Hórus, o deus da guerra, com cabeça de falcão.
Crowley então performou o ritual e nos dias 8, 9 e 10 de Abril, sempre do meio-dia á uma da tarde, numa sala, obteve a recepção, de uma entidade autodenominada Aiwass, de um documento chamado o Livro da Lei. Este livro conteve uma mensagem sobre o início de uma nova era, denominada Æon de Hórus, na era de Aquário-Leão e de uma nova lei para a humanidade, chamada Thelema ( ou no português, Télema ). A mensagem era recheada de frases ininteligíveis, porém destacava-se uma prioridade á liberdade do homem, e a busca do caminho pessoal de cada um, sob uma óptica beligerante em várias frases.
Visitando o Museu de Boulaq Crowley e Rose passaram em frente a uma tábua funerária contendo a figura de Hórus, a Estela da Revelação. Nela estavam alguns elementos cntidos na mensagem que recebera. "Coincidentemente" (1) a peça estava sob a numeração 666.
De volta à Paris, mostra o livro à Mathers, conclamando o contato com os Chefes Secretos. Ambos se desentendem, e Mathers passa a atacar Crowley utilizando os demônios do Livro de Abramelin. Este respondeu com os demônios da Goetia.
Continuando seu período de cepticismo, Crowley deixa o Livro da Lei de lado e observa a definitiva desintegração da Golden Dawn em várias outras ordens.
Durante sua viagem à China, em 1905, Crowley realiza a Magia Sagrada de Abramelin mentalmente, e atinge o objetivo central de todo o iniciado: o [Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião]], na esfera de Tiphareth.
Fraternidade da Estrela de Prata
Em 1906, junto com seu antigo instrutor na Golden Dawn, George Cecil Jones, Crowley decide montar uma nova ordem destinada à evolução espiritual humana. Eles a batizam de Fraternitatis Astrum Argentum.
A ordem seria composta de três níveis: a G.D., R.·.C.·. e S.·.S.·. (ou Silver Star ou Collegium Summum), todos baseados no glifo hebraico Árvore da Vida.
A A.·. A.·., é uma ordem de caráter puramente espiritual, que sempre existiu na história humana sob vários nomes e faces. Crowley re-estruturalizou as ordens inferiores de acordo com os princípios do Novo Æon e da Lei de Thelema. Na verdade, a A.·. A.·. existe apenas no plano espiritual, acima do Abismo, o nível conhecido como S.·.S.·. . Costumamos chamar de A.·. A.·. também todos os níveis inferiores thelemizados.
Crowley e Jones chegam ao grau de 8º = 3º durante a criação da Ordem. A partir de 1907, passa a escrever uma série de livros inspirados, durando até 1911.
Em 1909, inicia junto com Victor Neuburg, num ato de magia sexual e enoquiana, Liber 418, A Visão e a Voz.
Em 1911 devido a publicidade que Crowley fazia de si mesmo e da publicação de materiais no orgão divulgador oficial da A.·. A.·. , The Equinox, a ordem passou a ser atacada pelos jornais, descrita como satânica, pervertida... as coisas de sempre. Isso culminou num processo de G.C.Jones contra o tablóide The Looking Glass, que insinuava uma possível relação homossexual sua com Crowley (assumidamente bissexual na Inglaterra vitoriana, um escândalo). A audiência foi tendenciosa, principalmente quando uma das testemunhas de defesa do jornal era nada mais nada menos do que S.L.Mathers, ex instrutor e amigo de Crowley. Querendo vingança contar Crowley sobre o desentendimento de ambos, Mathers ajudou a quebrar a relação de Jones com ele.
No final, Jones e outro membro de alto grau da Ordem, J.F.C. Fuller, romperam com Crowley. Ao invés de enfraquecer a A.·. A.·. , o evento a promoveu, garantindo a sua existência até hoje, mesmo que sob uma nova forma.
Crowley sempre foi uma figura polêmica: expunha sua condição sexual sem temor, possuía uma necessidade de auto divulgação muito grande e não hesitava em participar de escândalos, que não foram poucos em sua vida. Um homem de excessos, porém direcionados.
No ano de 1912 foi convidado por Teodore Reuss, Grão Mestre da ordo templi orientis (Ordo Templi Orientis) a se afiliar a ordem, depois de ler uma publicação de Crowley (O Livro das Mentiras), onde ele revelara o segredo principal da ordem, o da magia sexual do grau IX.
Após a morte de Reuss (1925), Crowley assume por si só a liderança do ramo britânico da ordem. Sob esta fraternidade, o material de Crowley passa a ser divulgado e conhecido.
Deus est Homo
Indo morar nos E.U.A. durante a Primeira Guerra Mundial, passa a trabalhar com seu futuro filho mágico, Frater Achad (Charles R. John Stansfeld Jones ) e publica o Volume III do The Equinox. Lá atinge a sephirah de Chokmah, assumindo o grau de Magus, no ano de 1915, sob o motto TO MEGA THERION, A Grande Besta ( ou apenas 666 ).
Na Cecília Itália, em 1920, no dia 2 de Abril, funda a Abadia de Thelema, uma tentativa de montar uma sociedade alternativa com bases thelêmica. Dura somente três anos, sendo expulso por Mussolini Lá chega ao último grau da A.·. A.·. , Ipissíssimus. Em companhia de sua Mulher Escaralate, o Macaco de Thoth, Leah Hirsig , atravessa um porta na abadia que possuía a inscrição DO WHAT THOU WILT ( FAZE O QUE TU QUERES ). Não sabe-se o que houve dentro do templo que a porta levava e Crowley sai nu como entrou, agora, como descreveu poeticamente John Symonds ," além dos deuses, além de todas as concepções mentais (...) não mais um santo - São Aleister Crowley da Igreja Gnóstica - mas um deus " . Antes, submete-se a total obediência a sua mulher, como ordália pertinente ao caminho do Louco (de Chokmah a Kether). Jura não divulgar o fato da assunção do grau, que ficou conhecido apenas após sua morte durante a leitura de seus diários.
Conhece Karl Germer em 1925 e passa a orienta-lo em Magick.
Em 1930 encontra com o poeta português Fernando Pessoa, que corrigira seu mapa astral. Pessoa, também interessado pelos assuntos do oculto, ajuda numa simulação do suicídio de Crowley. Traduz algumas poesias da Besta.
Financeiramente, a década de trinta proporcionou algumas atribulações à Crowley: perde o proceso que estava movendo contra Nina Hamnett e Constance & Co e vai à falência em 1935. Segue publicando obras, como o Equinócio dos Deuses, Oito Lições de Yoga e seus Confessions.
A década seguinte seria sua última neste plano.
Levantou-se contra Hitler. Aqui seguem-se algumas informações curiosas: foi contatado por um amigo, agente da Coroa chamado Ian Fleming, o criador de James Bod, o 007, para ajudandar no interrogatório de Rudolf Hess e fornecer a Winston Churchill informações sobre o pensamento supertisioso/místico do inimigo. Dessa participação saiu o conhecido sinal do "V" da vitória, na verdade uma representação do símbolo da divindade Apophis-Typhon, um deus de destruição e aniquilação capaz Frieda Harrisde fazer frente a as energias solares da suástica. Desenvolve o Livro de Thoth com , que comporiam as imagens do Æon na forma do tarô. Foi publicado postumamente. Seu último e grande trabalho foi Magick without Tears, uma série de cartas trocadas com uma discípula iniciante. De caráter altamente didático, foi publicado por Karl Germer.
Em 1º de Dezembro de 1947, Aleister Crowley morre em 'Netherwood', Hastings, de parada cardíaca.
No dia 5, seu corpo é cremado em Brighton.
"Um Tipo de Magia"
A herança de Aleister Crowley estende-se até hoje, forte e arrebatadora. A complexidade de seu trabalho só encontra par na coerência do pensamento desenvolvido ao longo dos anos. É impossível estudar magia sem conhecer a obra da Besta. A mais severa crítica não resiste a um estudo aprofundado de sua obra. Críticas essas que recaem apenas sobre sua vida pessoal , conturbada e cheia de erros, ás vezes de caráter humano.
Socialmente, Crowley ficou mais conhecido no mundo da música, mais especificamente no Rock`n`Roll dos anos 70: Led Zeppelin, Rolling Stones, Beatles, Black Sabbath, Ozzy Osbourne Iron Maiden.
No Brasil, Marcelo Ramos Motta foi sem dúvida o maior divulgador da obra de Crowley. Trouxe a A.·. A.·. e a O. T. O. para o nosso país, publicou várias traduções, várias obras pessoais e manteve até no exterior, vivo o legado da Besta.
Impossível não falar de Raul Seixas um devoto da obra de Crowley, junto com Paulo Coelho que posteriormente abandonou o caminho thelêmico. Ambos estiveram sob instrução de Frater Aster.
Atualmente, com o advento da internet, a cultura thelêmica disseminou-se mais rapidamente angariando mais interessados a cada dia. São inúmeras as ordens hoje que trabalham com o sistema de Magick em todo o mundo, principalmente baseados na estrutura da extinta O. T. O. , refeita por Crowley.
O primeiro motto de Aleister Crowley, Perdurabo(2), funcionou mais do que o esperado: perdurou além do fim.
Alguns dos Nomes e Mottos usados por Crowley
- Conde Vladimir Svareff
- Master Therion
- Príncipe Chioa Khan
- Frater Perdurabo
- Aleister Mac Gregor
- Lorde Boleskini
Frases de Crowley
- “Cada carta é, em determinado sentido, um ser vivo, e suas relações com as vizinhas são o que poderia-se chamar de diplomáticas. Ao estudante cabe a tarefa de incorporar estas pedras vivas a seu templo vivente.” - O Livro de Toth
- “A Magia é a Arte ou a Ciência de causar mudanças em conformidade com a Vontade” - Magick
- “ Há de se considerar a popularidade pueril do cinema, o rádio e os prognósticos esportivos; as competências da adivinhação e todas as invenções; úteis apenas para satisfazer aos caprichos de algumas crianças mal-criadas que carecem de vontade, de sentido e de propósito.” - O Livro da Lei
- “Invoca-me sob as estrelas! O Amor é a Lei, o Amor antes do querer. Que nem os tontos equivoquem o Amor, porque há amor e Amor, existem a pomba e a serpente. Escolha Bem!...” - O Livro da Lei
- “A Lei é feita da tua vontade. A Lei é a do Amor, o amor sob tua vontade, não há mais a Lei; faça a tua Vontade” -O Livro da Lei
- “...A caligrafia do Livro deve ser firme, clara e bela. Na fumaça do incenso é difícil ler os conjuros. E enquanto tenta ler as palavras por entre a fumaça, ele desaparecerá, e terás de escrever aquela terrível palavra: Fracasso.
- Mas não existe nem uma só folha do livro na qual não apareça esta palavra; mas enquanto é seguida por uma nova afirmação, ainda nem tudo está perdido, já que desta maneira no Livro a palavra Fracasso perde toda a sua importância, da mesma maneira que a palavra Êxito não deve ser empregada jamais, porque esta é a última palavra que deve-se escrever no livro, e é seguida por um ponto.
- Este ponto não se deve escrever em nenhum outro lugar do Livro; porque o escrever neste Livro segue eternamente; não há forma de encerrar este diário até que haja alcançado a meta. Que cada página deste Livro esteja repleta de música, porque é um Livro de Encantamentos!” - Magic(K)
Notas
(1) - modernas investigações apontam algumas "armações" por parte de Crowley para justificar seu sistema: a Estela da Revelação que disse estar catalogada com o número 666, na verdade não estava assim classificada. Ele pediu para um funcionário do museu mudar a numeração temporariamente para poder tirar uma foto! Além disso, nessa época o material já havia sido transferido de Boulaq.
(2) - De Mateus 10:22 : "E odiados por todos sereis por causa do meu nome: mas aquele que perseverar até o fim será salvo"
Alguns ensaios de Aleister Crowley
- A Evolução da Fórmula Mágica
- A Interpretação da Cerimônia Mágica
- A Terra
- Castidade
- Daäth
- Dor
- Mestria
- O Dever
- Os Perigos do Misticismo
- Sobre "A Visão e a Voz"
- Trance
- Uma Estrela à Vista
Links externos sobre Aleister Crowley
- Aleister Crowley: O Mago de Mil Faces
- A "Grande Besta" entra para a O.T.O.
- Livros e Ensaios de Aleister Crowley
Fonte:http://ocultura.org.br/index.php/Aleister_Crowley
Aleister Crowley, ou Edward Alexander Crowley (Royal Leamington Spa, 12 de outubro de 1875 — Hastings, 1 de dezembro de 1947), foi um membro da Ordem Hermética da Aurora Dourada e influente ocultista britânico, responsável pela fundação da doutrina (ou filosofia; dependendo do ponto de vista) Thelema. Ele foi o co-fundador da A∴A∴ e mais tarde um líder da O.T.O.. Ele é conhecido hoje em dia por seus escritos sobre magia, especialmente o Livro da Lei, o texto sagrado e central da Thelema, apesar de ter escrito sobre outros assuntos esotéricos como a Cabala e Tarot.
Crowley também era mago, hedonista, e crítico social. Em muita de suas façanhas ele "iria contra os valores morais e religiosos do seu tempo", defendendo a liberdade pessoal e espiritual baseado em sua regra de "Faz o que tu queres".[1] Por causa disso, ele ganhou larga notoriedade em sua vida, e foi declarado pela imprensa do tempo como "O homem mais perverso do mundo."[2][3][4][5] Além de suas atividades esotéricas, ele era também um premiado jogador de xadrez, um alpinista, poeta e dramaturgo.[6] Em 2001, uma enquete da BBC descrevia Crowley como sendo o septuagésimo terceiro maior britânico de todos os tempos, por influenciar e ser referenciado por numerosos escritores, músicos e cineastas, incluindo Ghostemane, Jimmy Page, Alan Moore, Bruce Dickinson, Raul Seixas, Marilyn Manson, Kenneth Anger e, mesmo criticando, Ozzy Osbourne. Ele também foi citado como influência principal de muitos grupos esotéricos e de individuais na posterioridade, incluindo figuras como Kenneth Grant e Gerald Gardner.[7]
Biografia
Primeiros anos, 1875-1894
Edward Alexander Crowley Nasceu na rua Clarendon Square, número 30, em Royal Leamington Spa, Warwickshire, Inglaterra, entre as 11:00 da noite e meia-noite do dia 12 de Outubro de 1875.[8] Seu pai, Edward Crowley, era um engenheiro formado mas, de acordo com Aleister, nunca trabalhou como um.[9] Ele entretanto era um rico dono de cervejaria, que permitiu a ele se aposentar antes que Aleister nascesse. Através do negócio de seu pai ele conheceu o ilustrador Aubrey Beardsley. Sua mãe, Emily Bertha Bishop, vinha de uma família com origens em Devon e Somerset.[9] Ambos seus pais eram da Irmandade Reservada, uma facção mais conservativa de uma denominação Cristã conhecida como Irmãos de Plymouth,[10] e seu pai costumava ser um missionário. Deste modo o jovem Crowley foi criado para ser um Irmão Plymouth, sujeito a leitura diária de um capítulo da Bíblia.[11]
Em 29 de Fevereiro de 1880,[12] uma irmã, Grace Mary Elizabeth, nasceu mas sobreviveu apenas cinco horas. Crowley foi levado para ver o corpo, em suas próprias palavras em As Confissões de Aleister Crowley, o qual escreveu em terceira pessoa:
O incidente criou uma curiosa impressão nele. Ele não entendia o porque de ser perturbado tão inutilmente. Ele não poderia fazer nada; a criança estava morta; aquilo não era de sua conta. Essa atitude continuou com o passar de sua vida. Ele nunca vistara outro funeral a não ser o do próprio pai, que ele não se importou em fazer, pois sentiu que ele na verdade era o centro de interesse.[13]
Em 5 de Março de 1887, quando Crowley tinha apenas onze anos, seu pai morreu de câncer de língua. Ele iria mais tarde descrever isso como um ponto decisivo em sua vida,[14] e a partir desse momento ele mais tarde começa a se descrever em primeira pessoa em suas Confissões. Ainda sendo rico, ele posteriormente foi enviado a uma escola da Irmandade Plymouth, mas foi expulso por "tentar corromper outro garoto."[14] Após isso ele atendeu a Escola Tonbridge e o Colégio Malvern, ambas a qual desprezava.[14] Ele se tornou continuamente cético sobre o Cristianismo, e foi contra a moralidade Cristã da qual foi ensinado.
Universidade, 1895-1897
Em 1895 ele começou um curso de três anos no Trinity College, Cambridge, onde entrou para estudar Filosofia. Mas, com permissão de seu tutor pessoal, trocou o curso para Literatura inglesa, que até então não era parte do currículo oferecido.[15] Foi aqui que ele criou uma visão mais severa sobre o Cristianismo, posteriormente dizendo:
A Igreja da Inglaterra […] parecia uma estreita tirania, tão detestável quanto a dos Irmãos de Plymouth; menos lógica e mais hipócrita… Quando eu descobri que a capela era obrigatória eu imediatamente revidei. O reitor júnior me repreendeu por não estar comparecendo a capela, o que eu certamente não estava, pois isso envolvia acordar cedo. Eu me desculpei com o fundamento de que tinha sido criado entre os Irmãos de Plymouth. O reitor pediu para que eu viesse vê-lo ocasionalmente e falar sobre o assunto, e eu tive a surpreendente ousadia de escrever a ele: 'A semente plantada pelo meu pai, regada com as lágrimas de minha mãe, teriam crescido profundas de mais para que pudessem ser arrancadas até mesmo por sua eloquência e aprendizagem'.[13]
Também foi na universidade que ele fez a decisão de mudar o nome Edward Alexander para Aleister. Sobre isso ele declarou:
Por muitos anos eu me aborreci sendo chamado de Alick, em parte devido ao som desagradável e a visão da palavra, e em parte pois esse era o nome que minha mãe me chamava. Edward não parecia se ajustar a mim e os diminutivos Ted ou Ned eram ainda menos apropriados. Alexander era muito longo e Sandy sugeria ser loira com sardas. Eu tinha lido em um livro ou outro que o nome mais favorito a se tornar famoso era composto de um dátilo seguido por um espondeu, como no fim de um hexâmetro: por exemplo Jeremy Taylor. Aleister Crowley preenchia essas condições e Aleister é a forma gaélica de Alexander. Adotar este nome satisfaria meu ideal romântico. A ortografia atroz A-L-E-I-S-T-E-R foi sugerido como a forma correta pelo Primo Gregor, que deveria saber melhor. De qualquer modo, A-L-A-I-S-D-A-I-R cria um dátilo muito ruim. Por essas razões eu decidir ficar com meu pseudônimo presente — Eu não posso dizer que tenho certeza que facilitei o processo de ficar famoso com isso. Eu deveria ter feito isso sem dúvida, qualquer que tivesse sido o nome que eu escolhesse.[16]
Crowley passou bastante de seu tempo de universidade em seus passatempos, entre eles o alpinismo; ele iria em feriados para os Alpes todo ano de 1894 até 1898, e vários outros alpinistas que o conheciam nesse tempo o identificavam como "um alpinista prometedor, entretanto um tanto quanto errático".[17] Outro de seus passatempos era o de escrever poesia, algo que ele fazia desde os dez anos de idade, e em 1898 ele publicou privadamente cem cópias de um de seus poemas, Aceldama, mas não foi um sucesso em particular.[18] Apesar disso, no mesmo ano ele publicou uma série de outros poemas, o mais notável deles sendo White Stains (literalmente Manchas Brancas), uma obra erótica que tinha que ser impressa no exterior, em caso de haver problemas com as autoridades britânicas.[19] Um terceiro passatempo seu era o xadrez, e ele entrou no clube de xadrez da universidade, onde, segundo ele mais tarde descreve, derrotou o presidente do clube no seu primeiro ano e praticava duas horas por dia para se tornar um campeão — "Minha ambição mundana séria era a de se tornar o campeão mundial de xadrez."[20] Ele também relata ter derrotado os famosos jogadores de xadrez Joseph Henry Blackburne e Henry Bird e estar em seu caminho para se tornar um mestre no xadrez, até que ele visitou um importante torneio em 1897 em Berlim onde "Eu vi os mestres — um, velho, rabugento e cegueta; outro, de um jeito respeitoso de dizer seria malfeito; o terceiro, uma mera paródia da humanidade, e assim em diante para o resto. Essas eram as pessoas de qual a posição eu estava buscando. "Ali, mas pela graça de Deus, se vai Aleister Crowley", eu exclamava para mim com desgosto, e naquele momento eu fiz um voto de nunca mais jogar outra partida séria de xadrez."[21] Na universidade, ele também alegou manter um vida sexual vigorosa, da qual era grandemente conduzida com prostitutas e garotas que ele conhecia em bares e tabacarias.[22] Em 1897, Crowley conheceu um homem chamado Herbert Charles Pollitt, e posteriormente tiveram um relacionamento,[23] mas se separaram pois Pollitt não compartilhava dos interesses de Crowley no esoterismo. Como o próprio Crowley descreveu, "Eu disse pra ele francamente que eu tinha devotado minha vida a religião e que ele não se enquadrava no esquema. Agora eu vejo como eu fui imbecil, como terrivelmente errado e fraco é rejeitar qualquer parte da personalidade de uma pessoa."[24]
Foi em dezembro de 1896 que ele teve sua primeiro experiência religiosa significante da qual mais tarde ele afirma, "essa filosofia nasceu em mim."[25][26] A partir dessa experiência, Crowley começou a ler sobre ocultismo e misticismo, e no próximo ano, ele começou a ler livros de alquimistas e místicos, e livros em magia.[8] Em outubro uma breve doença lhe trouxe questões sobre a mortalidade e "a futilidade de toda atividade humana," ou pelo menos a futilidade da carreira diplomática que Crowley tinha anteriormente considerado[27]- ao invés ele decidiu devotar sua vida ao oculto. Em 1897 ele deixou Cambridge, sem conquistar diploma algum.
A Aurora Dourada
Em 1898, Crowley estava de estadia em Zermatt, Suíça, onde ele encontrou o químico Julian L. Baker, e os dois começaram a falar sobre seus interesses em comum sobre alquimia. No seu retorno a Inglaterra, Baker apresentou Crowley a George Cecil Jones, um membro da sociedade oculta conhecida como Ordem Hermética da Aurora Dourada.[28] Crowley foi posteriormente iniciado na "Ordem Externa" da Aurora Dourada, no dia 18 de novembro de 1898, pelo líder do grupo, S. L. MacGregor Mathers.[29] A cerimônia foi realizada no Salão de Mark Mason em Londres, onde Crowley aceitou seu lema e seu nome mágico de Frater Perdurabo, significando "Eu devo resistir até o fim." Por volta desse mesmo tempo, ele se moveu de uma acomodação elegante no Hotel Cecil para o seu próprio apartamento de luxo em Chancery Lane. Ali, Crowley prepararia duas acomodações diferentes; uma para a prática de Magia Branca e outra para a prática de Magia Negra.[30] Pouco tempo depois ele convidou seu companheiro da Aurora Dourada, Allan Bennett, para viver com ele, e Bennett se tornou seu tutor pessoal, ensinando a ele mais sobre magia cerimonial e o uso de drogas para rituais.[31][32] Entretanto, em 1900, Bennett se mudou para Ceilão (Sri Lanka de hoje) para estudar Budismo,[33] enquanto em 1899 Crowley adquiriu Mansão Boleskine, em Foyers na margem do Lago Ness na Escócia. Ele desenvolveu um amor pela cultura escocesa, se descrevendo como "Senhorio de Boleskine" e começou a vestir o tradicional vestido das montanhas, até mesmo durante visitas de volta a Londres.[34] Entretanto, uma dissidência havia sido desenvolvida ao redor da Aurora Dourada, com MacGregor Mathers, o líder da organização, sendo deposto por um grupo de membros que estavam infelizes com seu regime autocrático. Crowley tinha inicialmente contatado esse grupo pedindo para ser iniciado em ordens superiores da Aurora Dourada, mas eles negaram a ele. Imperturbado, ele foi a MacGregor Mathers, que por uma grande quantia iniciou ele na Segunda Ordem.[35] Agora leal a Mathers, ele (com sua então amante e companheira iniciada, Elaine Simpson) tentaram ajudar a interromper a rebelião, e sem sucesso tentaram tomar o espaço de um local conhecido como a Abóbada de Rosenkreutz dos rebeldes.[36] Crowley também desenvolveu mais contendas pessoais com alguns dos membros da Aurora Dourada; ele não gostava do poeta W.B. Yeats, que tinha sido um dos rebeldes, pois Yeats não era particularmente favorável a um de seus poemas, Jephthat.[37] Ele também era antipático a Arthur Edward Waite, que despertava a ira de seus companheiros da Aurora Dourada com seu pedantismo.[38] Crowley defendia o ponto de vista que Waite era um chato pretensioso através de críticas aos escritos deles e editoriais das escritas de outros autores. Em seu periódico O Equinócio, Crowley intitulou uma de suas críticas de, "Wisdom While You Waite" (interpretado como Sabedoria Enquanto Você Espera, sendo Wait em inglês esperar), e sua nota sobre o falecimento de Waite tinha o título de, "Dead Waite" (interpretado como "Peso Morto", aproximando a pronúncia de "weight", que significa peso).
Viagens ao redor do mundo
Enquanto isso, em 1900, Crowley tinha viajado ao México através dos Estados Unidos por uma veneta, onde ele pegou uma mulher local como sua amante, e junto com seu amigo Oscar Eckenstein foram escalar diversas montanhas, incluindo Ixtaccihuatl, Popocatepetl e até Colima, da qual a última tiveram que abandonar devido a uma erupção vulcânica.[39] Durante esse período Eckenstein revelou suas próprias tendências místicas. Crowley tinha continuado por si próprio experimentos mágicos após deixar Mathers, e seus registros indicam que durante esse tempo ele descobriu o significado da palavra Abrahadabra. Eckenstein disse a ele que precisava melhorar o controle de sua própria mente, e recomendou a prática de raja yoga.[40] Depois de deixar o México, um país do qual ele se tornara um grande apreciador, Crowley visitou São Francisco, Havaí, Japão, Hong Kong e Ceilão, onde ele se encontrou com Allan Bennett e se devotou ainda mais a ioga, na qual ele afirma ter alcançado o estado mental de dhyana. Foi durante esta visita que Bennett decidiu se tornar um monge budista da tradição Theravada, viajando até à Birmânia, enquanto Crowley tinha ido à Índia estudar várias práticas do hinduísmo.[41] Em 1902, Eckenstein se juntou a ele na Índia com alguns outros alpinistas: Guy Knowles, H. Pfannl, V. Wesseley, e Dr Jules Jacot-Guillarmod. Juntos, a expedição Eckenstein-Crowley tentaram escalar o monte K2, que até então nenhum outro europeu tinha tentado escalar. Nessa jornada, Crowley se infectou com influenza, malária e cegueira de neve, enquanto os outros membros também estavam com doenças similares. Eles finalmente alcançaram os 20.000 pés de altura antes de decidirem retornar.[42] Ao retornar à Europa, ele visitou MacGregor Mathers em Paris, e apesar de terem sido amigos uma vez, os dois se separaram logo; Crowley afirmou que Mathers estava roubando dele enquanto ele esteve fora (ele posteriormente roubou os itens de volta), e como o biógrafo de Crowley John Symonds notou, ambos se consideravam os esoteristas superiores e se recusavam a se submeter ao outro.[43] Em 1903 Crowley se casou com Rose Edith Kelly, que era irmã de um amigo de Crowley, o pintor Gerard Kelly, em um casamento de conveniência. Entretanto, um pouco depois do casamento, Crowley se apaixonou de verdade por ela e começou a namorá-la. Gerard Kelly era de fato um grande amigo de W. Somerset Maugham, que mais tarde usaria Crowley como modelo para sua novela O Mágico, publicada em 1908.[44]
O Livro T, ou Livro de Thoth
Denominado Book of Thoth Tarot''', consiste em 78 ilustrações que antecipam a cultura psicodélica dos anos 60; esse ilustrações foram pintados pela artista inglesa Frieda Harris entre os anos de 1938 e 1943, sob a direção de Aleister Crowley. As aquarelas foram compradas pelo Instituto Warburg em Londres, onde são mantidos hoje. O baralho foi impresso pela primeira vez em Dallas, em 1969, por Grady McMurtry, mas com apenas uma cor: vermelho. Por esta razão foi chamado Sangreal One-Color Tarot. Só em 1977 o Thoth Tarot foi impresso com as cores originais maravilhosas,por US Games Systems e Samuel Weiser.[45]
O Livro da Lei
O ano de 1904 foi capital para Crowley, o mistério que iria persegui-lo por toda a vida estava por se revelar, como dádiva e maldição. Ele já era um Magista competente, iniciado na Aurora Dourada, uma das mais importantes Ordens mágicas de todos os tempos.
Nesta época, Crowley estava viajando o mundo. Em março e abril ele estava no Cairo, Egito, em companhia de sua esposa, Rose Kelly. O casal se entregava às alegrias da viagem de núpcias, mas nem por isso Crowley deixava de ser um Mago. Ele faz uma invocação de elementais do ar para sua jovem esposa, e qual não foi a sua surpresa, ao invés dos silfos a mulher começa a balbuciar: Hórus falava através dela. O deus prescreve então uma série de detalhes para um ritual de invocação, o resultado deste Ritual se da nos dias 8, 9 e 10 de abril, nos quais Crowley recebe o Livro da Lei, um poderoso Grimório de instruções mágicas, a Lei da era de Aquário. Crowley se choca com o conteúdo do Livro, mas a força das revelações lá contidas, influenciando eventos históricos de magnitude gigantesca (Primeira e Segunda guerras mundiais, por exemplo), deixou fora de dúvida a veracidade, beleza e poder do Livro da Lei.
Ditado por uma entidade de nome Aiwaz (que mais tarde Crowley associou a seu Eu superior). Nele, a Lei da nova era é sintetizada na frase Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei, e tem como contraponto e complemento Amor é a lei, amor sob Vontade. Facilmente poderíamos imaginar um paraíso da libertinagem, mas a vasta obra de Crowley nos mostra que liberdade sim, mas com conhecimento, em suas próprias palavras:
O tolo bebe, e se embebeda: o covarde não bebe. O homem sábio, bravo e livre, bebe, e dá glórias ao Mais Alto Deus.
Morte
Seus últimos anos, a partir de 1945, vividos em Hastings, onde uma série de novos discípulos continuam recebendo instruções. E assim Kenneth Grant, John Symonds, Grady McMurty, conhecem-no. Desta época, vem sua última obra, consistindo numa coletânea de cartas dirigidas a uma jovem discípula, que foram publicadas bem mais tarde, após a sua morte, como Magick Without Tears.[46]
No primeiro dia de dezembro de 1947, aos 72 anos, Aleister Crowley, serenamente segundo alguns, exultante segundo outros, e ainda perplexo, segundo um biógrafo, falece, vítima de bronquite crônica e complicações cardíacas.[47][48]
Quatro dias depois, no crematório de Brighton, é realizada a cerimônia que ficou conhecida como "O Último Ritual",[47] com a leitura de trechos da Missa Gnóstica, e de seu famoso Hino, a Pã.
Influência na cultura popular
Rock
Socialmente, Crowley se tornou conhecido devido as referências feitas a ele no rock n' roll dos anos de 1960 e 1970, pelas bandas Led Zeppelin, Rolling Stones, Iron Maiden, The Beatles e Black Sabbath, e pelos cantores Bruce Dickinson, Ozzy Osbourne, David Bowie, Weverthon Patric, Raul Seixas, Ghostemane e John Frusciante.
Os primeiros a citar Crowley em sua obra foram os Beatles. Por serem britânicos, os quatro membros da banda acreditaram que Crowley era uma personalidade influente o bastante para ser colocado na capa do disco Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Isso possibilitou que os próximos artistas tivessem conhecimento da obra de Crowley, que fazia uma boa combinação com a rebeldia e o anarquismo promovidos pelo rock n' roll.
Outro cantor pioneiro em referências à Crowley foi o Produtor e Rapper underground Ghostemane, o qual é um grande seguidor dos estudos de Crowley, John Dee e das filosofias mágicas herméticas, temos referências à Crowley em diversas músicas de Ghoste, como "John Dee"(BLACKMΛGE) e "1000 Rounds"(Single colaborativo com Pouya).
O cantor e compositor brasileiro Raul Seixas foi um grande divulgador e seguidor da obra de Aleister Crowley. Suas principais canções sobre Crowley e a Thelema são "Sociedade Alternativa", "Novo Aeon", "Loteria de Babilônia" e "A Lei".
Uma das principais e provavelmente a mais explícita referência musical é a canção "Mr. Crowley" do cantor britânico Ozzy Osbourne que ao contrario dos outros músicos, Ozzy fazia uma critica a Aleister Crowley. "Mr. Crowley" foi lançada no álbum Blizzard of Ozz, de 1980.
E Além disso, o nome do álbum do Ozzy Diary of a Madman (Diário de um Louco) é atribuído em "honra" a autobiografia de Aleister Crowley.
TV
Seu nome é citado na série Supernatural exibido pela Warner Channel. Na cronologia atual da série, o atual Rei do Inferno, Crowley. Além de um demônio torturador chamado Aleister. Ambos os nomes fazendo menção ao escritor.
Ele inicialmente é um dos antagonistas do anime e mangá D.Gray Man, mas logo se torna um membro da Ordem Negra, instituição responsável pelo combate ao Conde do Milênio - Principal antagonista das séries. Seu personagem é um vampiro.
No anime e mangá Toaru Majutsu no Index, Aleister Crowley é um mago que renegou a religião e recorre a ciência para seus fins, sendo o cérebro por trás da Cidade-Escola e o 'criador' do Imagine Breaker, a habilidade do braço direito de Kamijou Touma.
Também é citado no 3º episódio da série da britânica Luther, da BBC.
Cinema
Em 2003, Carlos Atanes dirigiu "Perdurabo (Where is Aleister Crowley?)", um filme que tem lugar na Abadia de Thelema durante 1939.
Referências
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- ↑ Ir para:a b «The Confessions of Aleister Crowley»(em inglês)
- Ir para cima↑ King, Magical World, página 5. Em suas escritas entretanto, ele usa o termo 'Irmãos de Plymouth', ao invés de 'Irmandade Reservada'.
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- Ir para cima↑ As Confissões de Aleister Crowley diz que ela nasceu em 1808 mas parece ser um erro de tipografia.
- ↑ Ir para:a b «The Confessions of Aleister Crowley»(em inglês)
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(ajuda) - Ir para cima↑ Symonds (1997:38-41)
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(ajuda) - Ir para cima↑ Berti, Giordano (1999). Tarocchi di Aleister Crowley. [S.l.]: Lo Scarabeo. p. 55-58
- Ir para cima↑ Sutin Do what thou wilt, pp. 407–408
- ↑ Ir para:a b Sutin, pp. 417–419
- Ir para cima↑ Sutin pp 411, 416, initial prescription p 277.
Ver também
- Ocultismo
- Magia
- Thelema
- Ordo Templi Orientis
- Leah Hirsig
- Leila Waddell
- Contatos Imediatos do IV Graal - filme baseado nos ensinamentos de Aleister
Ligações externas
- Alesteir Crowley segundo a O.T.O.
- Aleister Crowley e a contracultura
- Livros e ensaios de Aleister Crowley em português
- Thelema: Uma Religião da Nova Era
Fonte:https://pt.wikipedia.org/wiki/Aleister_Crowley
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