sexta-feira, 19 de novembro de 2021

 

Descubra as Sepulturas de Vampiros e as Criaturas Mágicas Deste País

Desde dragões lendários a fantasmas que assombram castelos, descubra a rica tradição popular da Polónia.

PUBLICADO 26/03/2018, 17:44
castelo de Wawel
O Sol põe-se sobre o castelo de Wawel.
FOTOGRAFIA DE EDGAR MOSKOPP, GETTY IMAGES

Todos aqueles que visitam a Polónia são surpreendidos pela história emocionante, e por vezes sangrenta, de dinastias reais, guerras e ocupações do país. Mas igualmente ricas são também as suas lendas populares de feitiçaria, assombrações, heróis e monstros.

Estas tradições ganharam novo fôlego recentemente, graças ao célebre videojogo The Witcher, baseado numa série de romances de fantasia do autor polaco Andrzej Sapkowski. Quer seja, ou não, um fã da obra ou do jogo, a Polónia oferece a todos os apreciadores do universo da magia e do sobrenatural inúmeros pontos de interesse. Eis alguns dos nossos favoritos.

Enterros de Vampiros

Diversas sepulturas um pouco por toda a Polónia apresentam vestígios de práticas destinadas a evitar que o morto se voltasse a erguer. Aqueles que morriam sem causa aparente ou que tiravam a sua própria vida, eram considerados como vítimas preferenciais para o vampirismo. Certas características físicas, como o ser esquerdino, eram também consideradas fatores de risco. Numa escavação de um cemitério dos séculos XVII e XVIII, na povoação de Drawsko, foram encontrados diversos vestígios de práticas antivampiros, incluindo cadáveres com foices de ferro colocadas em torno do pescoço e pedras sobre a garganta. Da mesma forma, foram descobertos os restos mortais de seis mulheres sobre a praça do principal mercado de Cracóvia, que tinham, aparentemente, sido sujeitos a um tratamento contra o vampirismo. Duas tinham sido decapitadas, e as cabeças separadas dos corpos, e uma outra tinha sido sepultada sobre o estômago, com as mãos atadas com corda. Poderá saber tudo sobre os enterros de vampiros, bem como sobre uma variedade de outras descobertas arqueológicas, no Museu Subterrâneo do Mercado de Cracóvia, localizado, justamente, sob a praça do mercado.

O Castelo Real de Wawel e o Dragão de Cracóvia

Covil do Dragão, castelo de Wawel
O Covil do Dragão, no castelo de Wawel, presta homenagem ao monstro que, segundo a lenda, outrora habitou a cidade.
FOTOGRAFIA DE LTERLECKA/ALAMY

O majestoso castelo de Wawel, em Cracóvia, ergue-se numa colina pontuada por cavernas e fendas. Segundo a lenda, nos primórdios da cidade — durante o reinado do sei fundador, o rei Krak — uma destas cavernas foi habitada por um dragão que aterrorizava a cidade, devorando donzelas e gado.

De acordo com a versão mais antiga da lenda, os filhos do rei enganaram o monstro, dando-lhe a comer peles de gado recheadas com enxofre, o que lhe incendiou as entranhas, provocando-lhe a morte. Esta versão da história tem um fim sombrio, com o invejoso príncipe mais novo a matar o seu irmão e a culpar o dragão. Outras versões põem o próprio rei, ou um sapateiro astucioso, a derrotar o monstro.

Qualquer que seja a sua versão preferida, não se esqueça de ver o Covil do Dragão durante a sua visita ao castelo de Wawel, passando pela escultura do dragão no seu exterior, que, a espaços, cospe fogo verdadeiro.

A Dama de Branco

A Polónia encontra-se repleta de castelos e casas senhoriais históricos, muitos dos quais, acredita-se, são visitados pelos espíritos dos seus antigos ocupantes. Um dos mais célebres é o castelo de Kórnik, próximo da cidade de Poznań, no oeste da Polónia. O castelo, construído em 1430, sofreu diversas modificações ao longo dos anos — e, reza a lenda, é assombrado por um fantasma. No salão de jantar do castelo está pendurado um retrato da aristocrata Teofila Szołdrska-Potulicka, Działyńska de nascimento (1714-1790). Conta-se que, durante a noite, Teofila desce do quadro como uma “dama branca”, e que vai cavalgar pelos terrenos do castelo, acompanhada por um cavaleiro misterioso.

As Bruxas da Montanha Careca

mosteiro de Święty Krzyż
O mosteiro de Święty Krzyż, que remonta ao século XII, conta-se entre os mais antigos da Polónia.
FOTOGRAFIA DE JACEK GAJEWSKI, ALAMY

A Montanha Careca é um dos locais do popular jogo The Witcher, mas é também um lugar real na Polónia, com um passado cheio de história. Łysa Góra (ou Montanha Careca), é um pico na serra de Świętokrzyskie (ou Santa Cruz), no sul da Polónia, que foi um centro do culto pagão na época da ocupação romana e início da Idade Média, tendo ganho a reputação de local de encontro de bruxas, que, segundo a lenda, ali se reuniam para celebrar o seu sabbath. No século XII, foi erigido um mosteiro beneditino — mosteiro de Święty Krzyż ou de Santa Cruz — no local, possivelmente, na esperança de apagar o seu passado pagão. Łysa Góra foi também palco de um acontecimento sangrento mais recente. Os alemães usaram o mosteiro durante a Segunda Guerra Mundial, como campo de extermínio dos soldados soviéticos capturados.

Os Anões de Wrocław

anões Wrocław
Um pouco por toda a cidade de Wrocław encontram-se diversas estátuas de anões em bronze.
FOTOGRAFIA DE MICHAEL GOTTSCHALK, GETTY IMAGES

Os anões, ou krasnale, são uma tradição firmemente arreigada na cultura popular polaca, mas os anões de Wrocław, pelo contrário, têm uma história bem mais recente. Nos anos 80, os ativistas da Alternativa Laranja, que se opunham ao regime comunista, apoiado pelos soviéticos, que governava a Polónia na época, começaram a pintar graffitis de anões nos edifícios das principais cidades polacas, como símbolo de resistência, começando por Wrocław.

A primeira estátua de um anão, em comemoração do movimento, foi erigida na Rua Świdnicka, em Wrocław, em 2001. Desde então, as estátuas de anões multiplicaram-se, transformando-se numa atração turística. Existem atualmente 165 destas estátuas, com um website e mapa próprios.

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Descubra o Encanto das Bibliotecas Europeias

Na era do digital, os viajantes encontram um novo apelo no esplendor e segredos das grandes bibliotecas.

POR STUART KELLS
PUBLICADO 23/07/2018, 12:26
Visitantes ocupam os assentos do café da Biblioteca Britânica.
Visitantes ocupam os assentos do café da Biblioteca Britânica, onde os investigadores podem aceder a milhares de páginas digitais, que compõem o arquivo da instituição.
FOTOGRAFIA DE PETER MACDIARMID, GETTY IMAGES

Eu sabia que tinha um problema com bibliotecas mal entrei, pela primeira vez, na sala de leitura, sobre a qual se eleva uma cúpula tão grandiosa quanto a do Panteão, da Biblioteca Estatal de Victoria em Melbourne, na Austrália. Naquele templo de livros, de uma imponência improvável, o meu coração bateu arrebatado por uma súbita perceção: as bibliotecas podem captar e conter fragmentos de história, sob formas extraordinárias. Desde esse momento, sou um verdadeiro amante de bibliotecas.

Em 2012, nasceu a minha filha Thea. Aos cincos anos, ela já sabia distinguir os livros em quarto dos livros em oitavo, os livros da Penguin dos livros da Puffin. Eu queria, no entanto, acelerar a sua paixão por bibliotecas. Ao jantar, eu e a minha mulher Fiona planeávamos uma viagem em família: uma volta ao mundo na rota das grandes coleções.

Elaborámos uma lista dos lugares de visita obrigatória: o medievalismo evocativo da Biblioteca Bodleiana da Universidade de Oxford, em Inglaterra; a perfeição da Biblioteca Morgan, uma autêntica caixa de joias, em Nova Iorque; a acolhedora idiossincrasia da Biblioteca de Folger Shakespeare e a deslumbrante grandeza da Biblioteca do Congresso, ambas em Washington D.C.

“Mas também temos de ir ao Museu Britânico”, rebateu Thea, “para ver as múmias do Antigo Egito”.

O museu Britânico, em Londres, tem apenas uma coleção modesta de livros, e a sua famosa sala de leitura está encerrada ao público por tempo indeterminado, enquanto a direção do museu reconsidera a utilização do espaço. Mas o museu tinha o direito de integrar a nossa lista, e pode-se percorrer a pé a curta distância que o separa da sua congénere, a Biblioteca Britânica. Além disso, o interesse de Thea nas múmias deu-me uma ideia.

“Vamos fazer um acordo”, disse-lhe. “Se o Museu Britânico é o teu espaço preferido, também temos de visitar o meu espaço preferido.”

Selámos o nosso pacto com um aperto de mãos e acrescentámos dois destinos à nossa lista: o Museu Britânico e a Biblioteca da Abadia de St. Gall, que integra um antigo mosteiro, na Suíça, e que é, a meu ver, a mais bela biblioteca do mundo.

A história desta biblioteca começou na Idade das Trevas, quando um grupo de monges irlandeses viajou ao interior da Europa. No país montanhoso, perto do Lago Constança, um dos monges tropeçou. Interpretando o episódio como um sinal, o monge ergueu no local uma cela eremita. A estrutura rapidamente evoluiu para um mosteiro, onde os escribas copiavam e iluminavam meticulosamente os manuscritos, com recurso a pigmentos de ouro, prata e lápis-lazúli.

No século X, a biblioteca sobreviveu à invasão húngara e a um incêndio. Nos séculos subsequentes, os livros foram negligenciados, deixados à mercê do pó e do bolor, conforme referiram muitos das pessoas que visitaram o espaço. Na década de 1700, St. Gall conheceu a sua época dourada. Mestres artesãos ergueram uma biblioteca encantadora, com intricadas guarnições, e um teto com um trompe l’oeil, que cria a ilusão de estantes de livros que se prolongam nos céus. A uma hora de comboio a partir de Zurique, St. Gallen é atualmente uma cidade habitada por cerca de 70 000 pessoas. Chegámos num dia soalheiro. Tinha nevado na noite anterior e as ruas estavam cobertas por um manto de neve.

Após Thea ter feito e atirado a sua primeira bola de neve, caminhámos pelo empedrado das ruas sinuosas da zona antiga da cidade, célebre pelos seus edifícios parcialmente revestidos a madeira, bem como pelas suas esculturas. Ao chegar à clareira que envolve a abadia, ficámos perplexos com a dimensão do edifício e o seu notável estado de conservação. No piso superior, na ala da biblioteca, calçámos os chinelos de feltro que os visitantes têm de colocar sobre os sapatos para proteger o pavimento de pinho com padrões embutidos. A inscrição em grego sobre a entrada da biblioteca faz eco daquela que se ergue à entrada da Biblioteca de Alexandria: “Sanatorium para a alma”. Quando entrámos na biblioteca, uma luz dourada iluminava o espaço. Milhares de livros nas suas encadernações originais alinhavam-se pelas respetivas lombadas, por detrás de grelhas de arame, que os protegiam. Estantes com formas piramidais acolhiam os principais tesouros, entre os quais figura o livro alemão mais antigo do mundo e “uma bíblia dos pobres” ilustrada.

A biblioteca tem também os seus segredos. Ambas as laterais da sala integram pilares de madeira que, quando abertos, revelam um sistema de catalogação engenhoso que se compõe de cartões e pinos. Uma escada oculta conduz-nos a uma divisão que acolhe outros manuscritos raros da biblioteca.

Para além do seu nobre propósito, as bibliotecas mundiais estão sob séria ameaça. Atualmente, novas formas de média ganham maior protagonismo, ofuscando o livro em papel e contribuindo para o encerramento de bibliotecas, como acontece no Reino Unido, ou a pilhagem e destruição destes espaços, como em Bagdade e Timbuktu. Mas lugares como St. Gall mostram que as bibliotecas estiveram sob ameaça desde sempre e que as pessoas sempre manifestaram vontade em protegê-las.

Perto do fim da nossa visita a St. Gall, mostrei a Thea a surpresa que tinha preparada para ela desde o momento em que apertámos a mão. Era também um dos maiores tesouros da biblioteca: a múmia Schepenese, uma jovem mulher egípcia oriunda de Tebas, extraordinariamente bem conservada, sobressaindo na tez escura os dentes imaculados. Após este encontro emocionante, apercebi-me de que Thea tinha integrado as fileiras de bibliófilos para quem as bibliotecas acolhem muito mais do que livros.

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7 Lugares Antigos que as Pessoas Acreditam Ser Obra de Extraterrestres

Estes lugares podem não ter sido erguidos pelas mãos de extraterrestres, mas isso não significa que não sejam de outro mundo.

PUBLICADO 23/05/2018, 23:00ATUALIZADO 20/11/2020, 14:58
Nuvens sobrevoam as esculturas monolíticas da Ilha de Páscoa.
Nuvens sobrevoam as esculturas monolíticas da Ilha de Páscoa.
FOTOGRAFIA DE CHRISTIAN HEEB, LIAF/REDUX

O planeta Terra acolhe relíquias impressionantes de tempos há muito idos, construções que parecem desafiar as capacidades tecnológicas do seu tempo, seja pela sua dimensão, peso ou complexidade.

Como tal, algumas pessoas defendem que os antigos arquitetos das pirâmides do Egito, das linhas de Nasca e outros seguiram um manual de instruções alienígena. Talvez as mãos que esculpiram estes lugares não fossem realmente deste mundo.

É certamente divertido imaginar que os extraterrestres possam ter visitado a Terra. Afinal de contas, nós, humanos, estamos no limiar de alargar a nossa procura ao espaço e lugares como Marte estão sob a nossa mira. Mas a verdade é que não existem provas que sugiram que seres alienígenas tenham estado alguma vez em solo terrestre. E evocar uma explicação sobrenatural para algumas das mais imponentes conquistas humanas implica negar as formas fascinantes usadas por civilizações pré-históricas para erguer algumas das maiores e mais enigmáticas construções na Terra.

SACSAYHUAMÁN

A antiga fortaleza de Sacsayhuamán.
A antiga fortaleza de Sacsayhuamán contrasta com os edifícios modernos de Cusco.
FOTOGRAFIA DE HEIKO MEYER, LAIF/REDUX

Nos arredores da antiga capital inca de Cusco, uma fortaleza conhecida por Sacsayhuamán repousa nos Andes do Peru. Erguida com pedras volumosas, habilmente esculpidas e sobrepostas como um puzzle, Sacsayhuamán pode ser obra de uma antiga civilização, que terá beneficiado de uma pequena ajuda de amigos interestelares, segundo o entendimento de um conjunto de pessoas.

As paredes interligadas da fortaleza milenar compõem-se de pedras, que chegam a pesar cerca de 360 toneladas cada uma, transportadas ao longo de 32 quilómetros, antes de serem levantadas e colocadas no devido lugar, com uma precisão semelhante à do laser.

Como é que uma cultura antiga conseguiu tamanha proeza da engenharia é uma pergunta à qual gostaríamos de obter resposta. Acontece que os incas eram tão dados à construção de edifícios e complexos fortificados como eram dados à observação dos céus e à organização de calendários. De facto, Sacsayhuamán não é o único exemplo deste intrincado trabalho de alvenaria. Paredes semelhantes foram erguidas durante o Império Inca, incluindo uma em Cusco, onde uma pedra com 12 ângulos foi, cuidadosamente, assente no devido lugar.

Recentemente, os arqueólogos descobriram vestígios de um sistema de cordas e alavanca que os incas usaram para transportar pedras das pedreiras para as cidades, um sistema que assentava na força e na ingenuidade e não na sabedoria de arquitetos alienígenas.

LINHAS DE NASCA

Antigo geóglifo de uma aranha no deserto do Peru.
Um avião sobrevoa um antigo geóglifo de uma aranha no deserto do Peru.
FOTOGRAFIA DE ROBERT CLARK, NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE

Num planalto elevado e árido, situado a 322 quilómetros a sudeste de Lima, mais de 800 linhas retas e compridas recortam a branco, aparentemente de forma aleatória, o deserto do Peru, a par de outras 300 formas geométricas e 70 figuras de animais, incluindo uma aranha, um macaco e um beija-flor.

A maior das linhas estende-se a direito por quilómetros, como uma seta. As formas maiores estendem-se ao longo de quase 366 metros e vêem-se melhor a partir de uma perspetiva aérea. Os cientistas acreditam que os desenhos de Nasca datam de há 2000 anos. Pela sua idade, dimensão, visibilidade aérea e natureza misteriosa, as linhas são, frequentemente, mencionadas como um dos melhores exemplos do trabalho manual de seres alienígenas. De outro modo, como poderia uma civilização antiga fazer desenhos com tamanha dimensão no deserto, sem disporem de meios aéreos? E porquê?

É fácil perceber como foram feitos. Denominados geóglifos, estes enigmáticos desenhos foram possíveis graças à remoção da camada superior da rocha avermelhada, deixando exposta a clara areia branca por baixo.

Os motivos são mais difíceis de perceber. Na sequência de um primeiro estudo desenvolvido no início do século XX, acreditava-se que os desenhos estariam alinhados com as constelações ou solstícios, mas estudos mais recentes sugerem que as linhas de Nasca terão sido locais cerimoniais ou de celebração de rituais associados à água e à fertilidade. Além disso, estes desenhos não são só visíveis a partir do ar, como também podem ser contemplados a partir do sopé das montanhas em redor.

PIRÂMIDES DO EGITO

O sol põe-se na necrópole de Gizé nos arredores de Cairo, no Egito.
O sol põe-se na necrópole de Gizé nos arredores de Cairo, no Egito.
FOTOGRAFIA DE EZEQUIEL SCAGNETTI, REDUX

Nos arredores de Cairo, em Gizé, erguem-se no deserto as mais célebres pirâmides do Egito. Construídas há de 4500 anos, as pirâmides de Gizé são túmulos imponentes, onde eram sepultados os antigos faraós e rainhas do Egito.

Mas como é que os egípcios construíram as pirâmides? A Grande Pirâmide compõe-se de milhões de pedras, talhadas com precisão, que pesam, no mínimo, duas toneladas cada uma. Até mesmo hoje, com todo o equipamento de construção e gruas ao dispor, seria um desafio imenso construir algo tão grande como a pirâmide do Faraó Khufu.

E há ainda a configuração astronómica das pirâmides, que se diz estarem alinhadas com as estrelas da constelação de Órion. De idêntico modo, os teóricos dos alienígenas destacam, frequentemente, o excelente estado de conservação destas três pirâmides por comparação com estruturas semelhantes erguidas séculos mais tarde, desconsiderando todo o trabalho de preservação desenvolvido ao longo dos últimos séculos.

Serão as pirâmides do Egito artefactos de extraterrestres? Não exatamente. É verdade que os cientistas não sabem ao certo como foram construídas as pirâmides e, sobretudo, a rapidez com que foram erguidas, mas existem inúmeros indícios de que estes túmulos são obra do trabalho de mãos terrenas.

STONEHENGE

Faixas em tons de rosa e violeta riscam o céu sobre Stonehenge ao amanhecer.
Faixas em tons de rosa e violeta riscam o céu sobre Stonehenge ao amanhecer.
FOTOGRAFIA DE PHILIP KRAMER, GETTY IMAGES

Um enorme círculo de pedras, algumas pesando tanto quanto 50 toneladas, ergue-se numa zona rural inglesa nos arredores de Salisbury. Conhecido por Stonehenge, o monumento do Neolítico inspirou o autor suíço Erich von Däniken, que defendeu que, para além de um modelo do sistema solar, o conjunto de blocos de pedra serviu também como base de aterragem para extraterrestres. Afinal de contas, como poderiam estas pedras gigantes acabar a centenas de quilómetros de distância da pedreira original?

Ninguém conhece ao certo o verdadeiro significado de Stonehenge, mas, à semelhança de outros lugares referidos neste conjunto, a explicação não está nos extraterrestres. Pelo contrário, os cientistas demonstraram que é realmente possível construir uma estrutura com estas dimensões, com recurso a tecnologias que já existiriam há 5000 anos, quando foram erguidas as primeiras estruturas no local.

Parece-nos hoje, no entanto, que estes grandes blocos de pedra estão alinhados com solstícios e eclipses, sugerindo que os arquitetos de Stonehenge talvez estivessem atentos aos céus, mesmo que não tenham vindo lá de cima.

TEOTIHUACÁN

A Pirâmide do Sol de Teotihuacán.
A Pirâmide do Sol de Teotihuacán ergue-se sobre um céu azul-cobalto na cidade do México.
FOTOGRAFIA DE ROBERT FRIED, ALAMY STOCK PHOTO

Teotihuacán significa Cidade dos Deuses e é uma antiga cidade, que cresceu de forma desordenada, situada no México, sendo conhecida pelos seus templos piramidais e alinhamentos astronómicos. Construída há mais de 2000 anos, a idade, a dimensão e a complexidade de Teotihuacán conferem-lhe uma aura sobrenatural, mas ela é verdadeiramente obra de mãos humanas.

Os cientistas acreditam que a construção da cidade se estendeu por vários séculos e resultou de uma fusão de culturas, incluindo as civilizações maia, zapoteca e mixteca, com capacidade para acolher mais de 100 000 pessoas. Com os seus murais, ferramentas, sistema de transporte e indícios de práticas agrícolas avançadas, Teotihuacán revela um avanço tecnológico muito superior àquele que seria possível no México, no período que precedeu a civilização azteca.

A estrutura mais conhecida de Teotihuacán é, sem dúvida, a grande Pirâmide do Sol. Enquanto uma das maiores construções do género no hemisfério ocidental, acredita-se que o sugestivo alinhamento da pirâmide se relacione com os ciclos do calendário.

ILHA DE PÁSCOA

Esculturas moai pontilham as encostas verdejantes da Ilha de Páscoa.
Esculturas moai pontilham as encostas verdejantes da Ilha de Páscoa, um território chileno situado na zona sudeste do Pacífico.
FOTOGRAFIA DE JOCHEM D. WIJNANDS, GETTY IMAGES

Os enigmas em torno das esculturas moai, um vasto conjunto de figuras em pedra na Ilha de Páscoa, aproximam-se da narrativa dos outros lugares descritos nestas linhas. Como é que o povo rapa nui conseguiu esculpir estas figuras há 1000 anos? E como é que os moai foram parar à Ilha de Páscoa?

Esculpidas na pedra, as quase 900 figuras humanas estão espalhadas ao longo das encostas dos vulcões extintos da ilha. As figuras têm em média quatro metros de altura e pesam 14 toneladas e parecem ter sido esculpidas a partir de tufo vulcânico encontrado na pedreira de Rano Raraku. Ali residem mais de 400 estátuas ainda em diferentes fases de construção. Algumas já estão concluídas e aguardam apenas o transporte para o lugar que lhes estava destinado.

As razões para esculpir as estátuas moai permanecem ainda envoltas em mistério, embora se acredite que tenham sido esculpidas, muito provavelmente, por motivos religiosos ou associados a rituais. Também não é exatamente claro o destino da civilização rapa nui, ainda que uma teoria dominante defenda que este povo terá sucumbido a um desastre ambiental da sua própria responsabilidade. Um acontecimento que poderia, muito provavelmente, ter sido evitado, se os antigos seres alienígenas tivessem agraciado este povo com a sua infinita sabedoria.

O ROSTO EM MARTE

As sombras refletidas na formação rochosa criam a ilusão de um rosto humano.
O satélite Viking 1 da NASA tirou esta fotografia em 1976. As sombras refletidas na formação rochosa criam a ilusão de um rosto humano.
FOTOGRAFIA DE NASA/JPL

Se Elon Musk for bem sucedido no seu propósito, os humanos poderão descobrir o rosto humano em Marte algures neste século. Descoberto pelo satélite Viking 1 em 1976, o chamado rosto estende-se ao longo de 3,2 quilómetros numa região de Cydonia, que separa as suaves planícies do hemisfério norte de Marte do terreno irregular, povoado por crateras, do hemisfério sul. Na altura, os cientistas consideraram o rosto um mero jogo de sombras, mas, ao longo de décadas, tornou-se no argumento preferido para aqueles que acreditam que seres alienígenas, com uma veia criativa, visitaram o sistema solar.

Em 2001, a sonda espacial Mars Global Surveyor da NASA deteve-se, novamente, sobre o rosto e, com recurso a uma câmara de alta resolução, não identificou rosto algum. Na verdade, aquilo que aparentava ser um rosto humano é apenas mais uma antiga e banal elevação no solo do planeta, muito semelhante ao relevo que domina a região sudoeste dos Estados Unidos.

Mas isso não significa que não possa ser divertido descobrir o lugar.

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