- Sim! … Há! Há! Há! Há! Há! … Sinto novamente o poder pulsar em minhas veias! Posso, enfim, conjurar Grote Orkaan novamente! O furacão mais temido dos mares de Verlaten Land. Fazia esquadras inteiras desaparecerem como fumaça. Os maiores e mais poderosos navios dos Beesteneram, rasgados ao meio como papel molhado… E… E… — enquanto as águas se agitavam e começava um movimento espiral formando um pequeno redemoinho, ele é interrompido. — Quente… Quente! Ui! Ui! Muito quente!
- Hî! Hî! Hî! Hî! Hî! Hî! — uma risada baixa o surpreende, vinda de trás. Ele se vira e vê uma figura esguia, usando uma túnica vermelha com contornos e detalhes dourados, ligeiramente escondida atrás de uma das enormes pilastras do monastério.
- Rood! Seu velho patético! Como ousas me interromper? Justo no meu momento de triunfo para executar novamente o fabuloso…
- Deixe de frescura e pare já de brincar com a água da bacia! Quer matar quem? O pato de madeira? Deveria me agradecer porque água quente ajuda a tratar seus joanetes…
- Ora seu! — imediatamente, ele se levanta com “agilidade” de uma tartaruga sonolenta, colocando as mãos na lombar e correndo a passos “largos” de meio centímetro de passada. — Vou te mostrar o que acontece com quem zomba de mim! — este é Blauw de Stormachtige, filho e sucessor do grande Helder Blauw, mestre de Ar e Água, líder da velha escola de magos azuis do extremo norte de Bevroren Aarde. Seu povo é habilidoso em caça. O frio extremo do lugar fez com que se tornassem muito fortes e resistentes. Ele possui em seu pescoço, um amuleto no formato de gota de cristal azul cintilante, o qual ele repetidamente avisa estar aprisionado todo o poder do frio congelante de Verlaten Land.
O outro sujeito é Rood de Breker, possuidor do lendário Hammer Brand, um artefato mágico, semelhante à um martelo de guerra, muito bem trabalhado com detalhes em relevo e pedras preciosas. Reza a lenda que foi forjado nas lavas do Vlammende Vulkaan milhares de anos atrás. Rood, mestre de Fogo, alquímico e inventor de armas de guerra e coisas que explodem, travou e venceu diversas batalhas com seu inseparável Hammer Brand. Uma pena hoje ele ser somente artigo decorativo em seu quarto, já que não tem mais forças para empunhá-lo novamente.
Enquanto executavam a perseguição mais lenta da história pela enésima vez aquela semana, acima deles, no segundo andar do monastério, rodeado por vários monges que o ouvem atentamente num silêncio quase sepulcral, está Wit de Kermis, com sua alva translúcida, capaz de cegar momentaneamente olhos não preparados e com sua inseparável Zwaard van de Waarheid, espada leve de uma mão, de ouro branco, que é passada através das gerações de magos brancos. Ninguém que não seja ordenado um mago da Luz pode tocar nesta espada.
- E então, meus caros monges, foi assim que eu consegui derrotar o temível Zeven-Koppige Draak (dragão de sete cabeças), livrando mais uma vez nosso mundo das terríveis garras das trevas, de todo sofrimento e dor que pareciam inevitáveis. — Wit fecha os olhos e levanta levemente a cabeça, com um sorriso de canto de boca, bastante orgulhoso de suas façanhas e por estar rodeado de admiradores. Magos brancos vivem mais tempo que qualquer outro mago, não se sabe de onde vem nem para onde vão após sua morte, mas sempre há um deles pelas terras de Verlaten Land. São peregrinos e exercem toda a justiça que mantém o equilíbrio no mundo. Sempre em combate contra o mau que se levanta das terras mortas de Dode Grond.
Não distante dali, um manto verde com tons fluorescentes se remexe por entre alguns arbustos. Groen de Wijze, está compenetrado cuidando do belo jardim que cresce no grande bosque aos arredores do monastério. Como todo mago verde, Groen tem extrema sintonia com plantas, animais e todo o restante da natureza. Ele trata a vida com uma seriedade militar, revelando uma reverência religiosa ao tocar em uma única folha seca para arrancá-la de um galho. Através deste contato intrínseco, Groen consegue saber tudo que ocorre em qualquer parte de Verlaten Land. A mais longínqua montanha é minuciosamente observada pelos olhos atentos de uma águia. A mais densa floresta pode ser sentida por insetos minúsculos ou por grandes Ents. Nada escapava ao conhecimento de Groen, exceto o que acontece de macabro dentro de Dode Grond. Lá não existe vida, impedindo Groen de saber qualquer coisa daquelas terras amaldiçoadas.
Em silêncio absoluto, Bruin observa de perto o habilidoso jardineiro. Seu amor conseguia contagiar as flores, que respondiam com cores vibrantes. Pássaros cantarolavam novas canções. Tudo estava harmônico naquele dia, quando de súbito, ele houve um barulho:
Ssshhhiiiii
“O que seria aquilo?” pensa Groen, tentando adivinhar de onde vinha o barulho. Muito estranhamente os pássaros pararam de cantar, bem como as cores das flores ficaram acinzentadas e opacas. Ele toca no tronco de uma macieira para tentar visualizar o que pode ser. Sua mente é bloqueada por um vulto negro. Ele rapidamente abre os olhos, sentindo um impacto em sua alma. Já sabia o que era. Dando muitas passadas apressadas, demorando longos minutos para cruzar apenas dois troncos de árvore e resmungando palavras incompreensíveis, ele encontra o culpado.
- Como havia imaginado, seu canalha! O que está fazendo às minhas petúnias? — Groen surpreende um velho decrépito, que está de costas para ele, trajando vestes esfarrapadas negras que rapidamente se compõe, cortando seu xixi pela metade e virando-se.
- <Sua alma… Queimará… No fogo que… Nunca se apaga… Seu velho insolente… > — Sussurra com voz rouca o ser cuja cabeça está coberta por um gorro obscuro, que impede a visão de seu rosto.
- Ora, cale a boca! Não me venha com esse seu linguajar primitivo como se eu não pudesse saber o que está falando, sua alma penada do inferno! — Groen tremulante, levanta com as duas mãos o Hout Wet, seu cajado feito de Lignum Vitae e começa a falar algumas palavras, como quem está prestes a conjurar uma magia.
Neste mesmo instante, Groen é interrompido ao sentir um líquido quente molhando a barra de seu manto verde e seu pé direito.
A figura que fazia xixi antes nas petúnias e agora nos pés de Groen era Zwart het Donker, o mago negro originário dos cultos fúnebres e por vezes grotescos realizados pelos Beesten, em Dode Grond. Ninguém sabia ao certo o que ele estava fazendo ali, já que era o primeiro mago negro da história a se retirar para passar seus últimos dias em Rustplaats. Passava horas trancado em um dos quartos isolados do monastério e raramente era visto andando pelos corredores. Somente se aproximava dos demais magos quando era obrigado pelos monges, nos horários das refeições e um ou outro evento solene.
Estes eram alguns dos ilustres hóspedes que o monastério abrigava naquela época. Todos os magos de Verlaten Land, ao entrarem em seus últimos anos de existência, já com o pesar das centelhas em suas costas e suas reservas de mana estarem praticamente zeradas, tinham entrada garantida em Rustplaats, lugar situado em território neutro, afastado de todos os vilarejos e reinados, no interior de um grande cânion, às margens do rio Vis.
Por honra e tradição, os magos defendiam interesses e valores de suas linhagens e escolas de magia enquanto estavam na ativa, porém, uma vez tendo se retirado para o descanso final, não haviam mágoas, ressentimentos, nem sentimento algum de revanche. Alguns com Alzheimer esqueciam, de uma vez por todas, contra quem haviam pelejado anos a finco.
- Volte aqui sua lesma vermelha!
- Há! Há! Há! Você nunca conseguirá me alcançar.
- Parem já com isso vocês dois! — Um monge Budoka, o mais forte dentre os monges, com uma voz rouca ordena e os dois obedecem. — Pela última vez, vocês vão quebrar alguma parte do corpo e vão dar um trabalhão aos enfermeiros.
- Mas ora bolas… — resmunga Rood.
- E nem pense em vir com esses seus foguinhos para cima de mim hein, Sr. Rood! Lembre-se da última punição que levou, desta vez não será diferente.
Rood havia colocado explosivos na cadeira costumeira do monge, fazendo-o saltar alguns centímetros.
Os dois idosos ignoram solenemente as advertências do grande monge.
- AFF! — ele revira os olhos, mas acaba dando de ombros. Afinal, eles não fariam nada demais mesmo, no máximo iriam se contundir e ficar alguns dias acamados.
Subindo as escadas, o monge Budoka encontra o grupo de monges reunidos aos pés de Wit, que já estava em outra saudosa e épica história. Ele convoca alguns para reunir todos os velhos magos no refeitório para servir-lhes o almoço. Eles obedecem bastante contrariados pois adoravam ouvir o mago branco nas raras vezes que não estava dormindo.
Uma hora e meia mais tarde, quase todos os magos estavam reunidos no refeitório. O falatório era tão intenso no salão, que mais parecia abrigar um baile de carnaval, devido a quantidade de cores em diversos tons e ornamentos extravagantes.
Num piscar bem lento de olhos, o mago negro adentra o recinto. Todos se calam. Ele caminha vagarosamente até uma cadeira da enorme mesa de jantar e se acomoda, enquanto os mudos espectadores arregalam seus olhos. A tensão aumenta quando o mago branco se dirige a Zwart.
- Você sabe que não pode sentar aí! Está perto demais de mim. Para manter o equilíbrio do almoço, devemos sentar nas cabeceiras.
- <Escolha… ou você… come e cala a boca… ou… cala a boca e come…> — Zwart responde com sua voz infernal em seu idioma quase ininteligível.
Wit desembainha sua espada, mas não consegue manuseá-la como dantes e ela acaba caindo no chão. Com fortes dores nas costas, ele tenta uma segunda vez e um tilintar pode ser ouvido nos corredores fora da sala. Tenta uma terceira vez, uma quarta vez, uma quinta vez, na sexta, com o indicador em riste, ele fala:
- Você está com sorte hoje. Pois bem sua aberração, eu vou sentar e que você não me dirija um único olhar, ou será seu último!
O mago negro o ignora solenemente enquanto espera ser servido pelos monges.
O momento da refeição nem sempre é fácil para todos. Inconsolável, Groen se desfaz em prantos em um canto da sala quando descobre que o prato principal é Pato ao Sugo.
- BUÁÁÁ! Pobre Gertrudes… SNIF! Por isso eu não conseguia falar com ela nos últimos dias…
Para outros, é diversão garantida:
- Senhor Rood, posso saber o que o senhor está fazendo?
- Sim, meu caro monge. Criei uma máquina de servir automática! Observe…
Rood aperta um botão. Uma panela com pedaços de pato refogado ao suculento molho está rodeada de pratos. Uma grande faísca percorre toda a extensão do fio que liga o detonador aos explosivos logo abaixo da panela.
BOOM! — Pedaços de pato e molho voam por todo o refeitório. Barbas, túnicas e tudo mais que pode ser alcançado ficam sujos e respingados. Todos olham para Rood, que comemora:
- Funciona! Alguns ajustes e ficará perfeita!
Uma segunda panela com pato é trazida e todos são servidos.
- Hum… Wit! — Fala Blauw, com a boca cheia — Pode me passar a pimenta?
- Não turbe o vosso coração… — Wit responde com ar de grandeza.
- Hãn? Não amigo, eu só quero a pimenta…
- Deixe comigo! Colocarei fogo no seu prato! Ficará bem quente a comida! — Diz Rood, ainda em êxtase pela explosão da panela.
- Nem se atreva, seu goblin acéfalo! — Protesta Blauw, quando um monge entra arfante e com semblante desesperado no refeitório.
- Mestre! … Mestre! …
- Sim, o que foi? — responde o Budoka.
- Mestre! Tem um enorme grifo caído no jardim! Ele está muito ferido!
Budoka dispara um olhar para Groen que entende o recado. Levantando do chão com dificuldade e enxugando as lágrimas, ele se apressa ao encontro do grifo.
- Monges! Levem Groen e os outros magos nas cadeiras de rodas! Não podemos perder tempo! — ordena Budoka com voz de trovão.
- Cadeira de rodas é para velhos! — reclama Wit — Eu vou andando.
- O último a chegar é a mulher do monge! — Grita Rood, tremendo bastante enquanto faz o máximo de esforço para tentar ser ligeiro.
Os monges levam Blauw, Rood, Groen e alguns outros para o jardim.
Zwart permanece sentado, saboreando sua refeição.
- Mais rápido, monge! Não quer que percamos essa corrida, não é!? — o mago vermelho ordena enquanto o monge, rindo, corresponde ensaiando uma corrida, com passadas bem leves.
- Quanta infantilida… — resmunga Blauw, quando:
TOC! — Rood lhe acerta na cabeça com uma colher de pau.
- Ora seu! — Blauw em total fúria, olha para o monge que empurra sua cadeira e continua — O que está esperando seu molenga? Corra! Corra!
Começa então uma corrida maluca das cadeiras de roda. Entre tentativas de empurrões e magias falhas, a cadeira de Rood atravessa as demais e todos vão ao chão.
Groen, o único que não estava no clima e por isso não estava participando, chega no jardim e contempla o animal caído no gramado.
O enorme grifo tem a respiração lenta e profunda, denunciando que ainda está vivo. Um aríete está cravado em seu dorso esquerdo. A pele envolta do ferimento está necrosando e um cheiro de podre revela sua gravidade, uma ferida mortal.
- Pobre Dandára… O que fizeram com você minha amiga? … — Groen se dirige ao grifo.
- Você conhece esta fera? — pergunta o monge que empurrou sua cadeira.
Ele solta um olhar fulminante reprovando as palavras do monge. Depois torna a olhar para sua amiga.
Neste momento, os outros magos chegam ao jardim. Perplexos com a cena, contemplam Groen encostar levemente sua mão no dorso do animal. Uma aura verde envolve a ponta de seus dedos. Ele se concentra. Em poucos minutos, lágrimas rolam barba abaixo, molhando sua túnica.
- Blauw, venha até aqui por favor. — a voz de Groen em tom de luto sepulta de vez o clima eufórico da corrida. Blauw se aproxima.
- Poderia fazer a Gordijn Reflectie novamente? Tenho que revelar uma coisa.
Blauw assente que sim e inicia alguns movimentos com os braços.
Uma leve cortina de água cristalina começa a se formar pouco acima da cabeça de todos, lentamente. Em segundos, ela se transforma em uma tela flutuante de gelo.
- Não irei conseguir criar um telão como antigamente, terá uns 3 palmos no máximo! Também não conseguirei manter por muito tempo, portanto seja breve!
Groen encosta a outra mão nos ombros de Blauw. Seus olhos ficam totalmente verdes, não distinguindo mais o que seja íris da pupila. Uma imagem distorcida começa a aparecer na telinha. Com o passar do tempo ela ganha nitidez e brilho. Os tons de cores se acertam. O que se apresenta estremece os corações dos presentes.
Atravessando o Schaduw Vallei pela Verboden Bridge e cruzando a fronteira entre pântano e deserto, incontáveis fileiras de grotescos Beesten, armados com lanças, clavas e machados e trajando armadura rudimentar formada com pesadas placas de ferro que somente protege seus pontos vitais.
Em meio ao mar de bestas, gigantescas criaturas deformadas se locomovem lentamente. Carregam enormes bolas de ferro amarradas em seus pulsos por grossas correntes. Gárgulas e dragonetes povoam os céus acima de suas cabeças.
Groen consegue focar em um dos 9 Algemeen. Figuras bestiais, medindo mais de 5 metros de altura, extremamente fortes e habilidosos. Alguns possuíam enormes asas.
A imagem começa a ficar fraca. Blauw está suando bicas e bastante trêmulo.
Na tela, a marcha para de súbito. Os seres alados sumiram e um semblante de temor pode ser visto em cada criatura. Os telespectadores no jardim ainda conseguem ver uma colossal sobra cruzar os relâmpagos das nuvens negras antes de perderem a imagem por completo.
- O que era aquilo?! — exclama o monge Budoka que havia chegado no jardim pouco antes do término da transmissão.
Groen, ajoelhado, exausto, nada consegue pronunciar. Blauw, cansado e desolado, igualmente nada diz. Rood, descendo do palco de sua irreverência, quebra o silêncio:
- O mau se levante novamente das profundezas das terras amaldiçoadas. Senhores, devemos enviar nossos pombos-correios às nossas tribos para alertar nosso povo.
Wit é o último mago a chegar no jardim. Ele é o mais velho de todos e sempre sonolento, cochila em qualquer lugar.
- De alguma maneira, eles descobriram o interstício entre um velho e inválido mago branco e um novo em folha. Queira Deus que já exista outro andando por essas terras.
- Como é, velho? — pergunta Budoka.
- Que as muralhas estejam preparadas! Sem nós, os magos, as chances são remotas…
Como um decreto de morte, aquela fala de Wit desmorona o resto de moral que ainda residia em cada presente.
- Esperem! — grita Rood — Precisamos fazer alguma coisa!
- Não aguento nem mais fazer um telão novamente Rood. O que acha que somos capazes de fazer?
- Nosso mana pode estar no fim, mas ainda temos explosivos! — Rood arremessa com toda a força cinco estalinhos no chão. Quatro falham.
Todos olham decepcionados para Rood e iniciam uma caminhada fúnebre de volta ao interior do monastério. Rood abaixa a cabeça e também segue. Groen é o único que permanece ao lado do moribundo grifo.
Na manhã seguinte, Blauw conseguiu utilizar a bacia de lavar pés para transmitir por um maior tempo a movimentação das tropas Beesten.
Mestre Budoka estava irrequieto, andando de um lado para o outro, tentando entender o fato dos Beesten não terem subido pela Weg Troosteloos rumo ao Norte, mas estavam seguindo pela Gang sentido Oeste ao interior desértico de Warme Aarde.
- Não existe nada por essas bandas. Os povos ao extremo Oeste são nômades e não erguem castelos ou fortalezas. — Reclama Budoka.
- Será que estão atrás de algum objeto mágico? — Inquire um dos monges.
- Acho muito difícil, jovem monge. Os magos negros são incapazes de controlar qualquer artefato que não tenha sido forjado nas terras mortas. — Explica Wit.
- Podem estar atrás de alguém? — Outro monge tenta.
- Pouco provável. A próxima profecia se cumprirá em 500 anos. — Reforça Groen.
- Não é possível! Tem que ser alguma coisa! — Protesta Budoka, recorrendo pela oitava vez ao grande mapa desenhando em toda extensão de uma parede. Passando o dedo indicador por entre sulcos esculpidos, que simbolizavam os penhascos e desfiladeiros, sua mão para ao encontrar uma estrutura. A única estrutura existente em quilômetros de terra árida e inóspita. O único lugar capaz de abrigar algo de valor em meio ao deserto. Seus olhos se arregalam e ele grita:
- O monastério!
- Tem certeza? — aquela afirmação pareceu descabida para Blauw.
- Claro que tenho! — reafirma Budoka — Não existem registros de tropas negras rumarem Oeste. Todos os grandes reinos estão ao Norte! Deve ter algo escondido aqui! Precisamos encontrar e nos livrar dele!
- Não seja covarde, seu covarde! Colocaremos eles para correr! — se empolga Rood.
- Com o que? Ataduras e ervas medicinais? — retruca Budoka.
Rood faz um gesto de reprovação, quando Blauw lhe segura por um dos ombros e diz:
- Ele tem razão Rood, não passamos de velhotes enfermos e sonolentos. — ele aponta para Wit que ronca com a boca babona em uma cadeira.
Rood, muito contrariado, se retira do local e sobe as escadas em direção ao seu quarto. No caminho, cruza com Zwart.
- E você, seu monte de trapo sujo? O que… Ei… Espere! Um dos monges pode ter razão… Eles podem estar atrás de alguém sim!
- <Do que… você está falando… > — Desconversa Zwart.
- Exato! Só pode ser você! — Rood tenta agarrar o mago negro. Ele por sua vez, se esquiva e Rood perde o equilíbrio, caindo no degrau acima.
- Volte já aqui! Seu verme repugnante!
Zwart tira de um saquinho de pano alguns ossos de pato, atira-os dois degraus mais abaixo e conjura uma magia de necromancia:
- <Ossos pocos… formem ossos… virem meus escravos… agora… >. — os ossos permanecem imóveis no chão enquanto Rood se levanta e torna a tentar agarrar Zwart.
A perseguição dura até o final da escada, quando alguns monges interceptam os dois velhotes.
- O que está acontecendo aqui desta vez? — brada Budoka, totalmente sem paciência.
- Pergunte pra ele, mestre! Ele sabe o que está acontecendo. — denuncia Rood.
- Hãn? Como assim? Exijo explicações!
Zwart, sem muitas alternativas, faz gesto para que o soltem e, olhando para Groen, começa a falar:
- <Eles estão… vindo atrás de mim… >.
- O que quer dizer com isso? — inquire Groen.
- O que ele disse? — pergunta Budoka.
- Explique-se aberração! — grita Groen.
Inspirando profundamente, Zwart continua:
- <O mago negro… só pode haver um… enquanto eu existir… outro não pode assumir…>.
Groen fica mudo.
- Ora… Vamos! Não fiquem aí parados! Me digam o que está acontecendo! — Budoka esbraveja, cuspindo ao redor.
- Eles… eles estão vindo atrás dele!
- Como? Como é possível isso? O que ele tem de especial? — Budoka está descontrolado. — A! Não importa! Vamos nos livrar dele!
- Não podemos, mestre. Mesmo que coloquemos em um cavalo, não temos tempo hábil para que ganhemos distância suficiente.
- Podemos entregá-lo então. — conclui rapidamente Budoka.
- <Não há esperança… Eles não pouparão ninguém…>.
- O que? Ele ainda está falando? — Budoka está bastante confuso.
- Ele infelizmente está certo. — intervém Wit. — Eles não negociam nada, sangue inocente é seu combustível. Eles farão o monastério queimar até só restarem cinzas.
- Podemos pedir reforços? — Budoka tenta apressadamente construir alternativas.
- Todos os reinos estão a meses de cavalgada mestre, não acredito que cheguem a tempo. — responde um dos monges.
- Não pode ser! Como fomos burros em aceitar esse mago negro! Era óbvio que algo estava errado.
- <Era a única alternativa…>
- Como assim? — Groen tenta compreender.
- <Era minha… a vez de tentar destruir… os reinos do Norte… mas eu hesitei…>
- Por que? — Ele o estimula a continuar. Mesmo sem ver-lhe a face, percebe que um embaraço lhe atinge.
- <Eu… eu… eu me apaixonei… por uma humana… >.
- Caram… — antes que Groen termine a fala, Wit o corta.
- Como você foi capaz de fazer isso com uma pobre dama? Não conhece a maldição que existe sobre os magos negros?
Zwart permanece em silêncio.
- Ele a matou. Magos negros não podem amar. Se isso acontece, a pessoa é morta por vassalos de sangue. — Wit olha no rosto dos presentes. — Eles estão vindo para matá-lo não somente pelo cargo, mas por traição.
- <Eu vim para cá… pois era a única… alternativa para tentarmos… impedir…>
- Você veio para cá porque é um covarde! Vou tentar me corresponder com o possível novo mago branco para que ele tente te levar antes que eles nos alcancem.
- Espere Wit! O que você quer dizer com alternativa? — Groen continua o interrogatório.
- <Eu não só renunciei ao cargo… eu destruí o Dergelijke Voorouderlijke… Demoraria anos… para o mau ser erguido novamente…>
- Parece que sua teoria não tem muito fundamento, não é? — satiriza Wit.
- <Ora… cale a boca seu… vestido de noiva… Pois bem… o que eu… não sabia… é que os Beesten… Já haviam trazido… um novo mago negro… por um novo portal… muito mais poderoso… desde então,… não somente a minha… mas a esperança… de todas as famílias… de Verlaten Land… é que nos unamos… todas as cores… para tentar deter este mau…>
- Agora você fala isso? Olhe para nós! Estamos velhos! Não conseguimos fazer mais nenhuma de nossas famosas magias devastadoras! Nem uma sequer! — Wit, desta vez bem acordado, esbraveja com Zwart.
- <E de que outra maneira… vocês acreditariam? … >.
- O que adianta acreditarmos se nada podemos fazer? Loucura! — Blauw fala pela primeira vez.
- <Eu ainda não… sou tão velho… quanto vocês… Se Wit conseguir… encontrar o garoto branco… mais o restante de mana… de todos vocês… pode funcionar… >
- Mas era só o que me faltava! Escute aqui… — Wit desta vez é cortado por Groen.
- Gente, vocês não percebem o que aconteceu? Zwart amou! Ele conseguiu ser liberto do domínio das trevas!
- Eu não acredito em uma só palavra deste morto-vivo. — Wit se posiciona.
- Mas como não, caro Wit? Se você não acredita que o bem triunfe sobre o mau, quem mais acreditará? Mas desta vez, o bem triunfou numa batalha interna, na alma de Zwart. — Groen conclui com um sorriso.
Todos ficam em silêncio. Até que alguém começar a bater palmas e dizer:
- Tudo muito bonito! Porém, como você pode se dizer não tão velho assim, todo curvado, praticamente inaudível, tão vagaroso quanto o resto de nós e em trapos?
Neste momento, proferindo palavras realmente incompreensíveis até para os que conheciam os dialetos antigos e as línguas mortas, uma poeira se levanta do chão e começa a circundar Zwart. Os seus trajes esfarrapados, esvoaçantes nas pontas, o envolvem por completo. A nuvem de poeira aumenta provocando um pequeno redemoinho envolta de Zwart. Ninguém consegue ficar de olhos abertos para testemunhar o que acontece. Ao término do evento, uma figura alta, forte, com faixas enroladas nos pulsos e tornozelos, um peitoral prateado circular com símbolos em relevo, um cajado lembrando uma foice e um crânio chifrudo como elmo está em pé diante de todos.
- Mas o que? … Como pode? — Wit esfrega seus olhos algumas vezes com o punho cerrado.
- Uma parte de nosso plano já foi! Precisamos colocar as outras em ação! Se estou certo, temos menos de cinco dias antes que estejam em nossos muros. — O novo Zwart conclui sem dificuldades na fala. Seus olhos são fundos, inexpressivo. Mas ele não oferece qualquer tipo de afronta aos presentes.
DIA 4
- Atenção todos! Peço que vasculhem seus aposentos atrás de amuletos, anéis, pingentes, colares, braceletes, runas… Enfim, tudo de mágico que consigam encontrar e tragam aqui para o salão principal. Concentraremos aqui a fonte dos poderes de vocês! — Ordena o mestre Budoka a todos os magos no monastério.
DIA 3
- HUNNN! HUNNN! Não me recordava que isto era tão pesado! — Rood tinha conseguido arrastar seu martelo de guerra da beirada da cama até a porta desde o dia anterior.
- Vamos logo com isso Rood, não temos até a próxima era glacial. — provoca Blauw.
- Não ligue para ele, eu o ajudo. — inesperadamente surge o mago negro na porta, dando um susto em Rood.
- Não precisa! Eu consigo tranquilamente levar meu martelo todos esses 300 lances de escada, mais algumas centenas de metros até o salão principal. Além disso, ninguém além de mim é capaz de… — Rood é interrompido com a imagem de Zwart levando o pesado martelo em suas costas escadaria abaixo.
DIA 2
- Algum sinal do jovem mago branco Wit? … Wit? … WIT!! — esbraveja mestre Budoka, percebendo que o velho Wit babava deitado sobre a mesa preparada por Groen para ser uma espécie de radar comunicador.
- Oh! O que? … A… Sim… Oh! Quer dizer… Não… Ainda não consegui contato com ele.
- Por favor meu querido mago branco! Precisamos do seu empenho, da sua garra, da sua determinação, do seu… WIT!
- Oh! Sim, sim! A minha… Uáá! (bocejo) Ok, vou levantar e encontrar o Groen para ver se ele conseguiu algo…
DIA 1
Os utensílios na cozinha do monastério começam a tremer levemente. Em poucos minutos, um jarro cai e se estilhaça no chão. Todos percebem que tudo está tremendo cada vez mais forte.
- Eles estão chegando. Estão atrás desta colina. Em mais poucas horas estarão em nossos portões. — afirma Groen, observando tudo através de uma águia que circunda o local.
- Todos os itens encontrados estão reunidos no salão? — pergunta Budoka para alguns monges.
- Sim mestre! — respondem em uníssono.
- Groen, o que conseguiu? — pergunta Zwart.
- Tenho vários animais espalhados pelo mato ao redor do trajeto pela colina. Vários ursos, tigres, cobras, aranhas e outros animais predadores e de peçonhas. Consegui inclusive uma manada de elefantes que coloquei em nossos portões.
- Certo. E você Rood?
- Consegui preparar algumas catapultas lançadoras de fogos e explosivos. Acredito que serão um estouro!
- Excelente! Wit?
- Infelizmente nada… Não acredito que ainda não temos um mago branco por essas terras… Se tivesse, ele já teria pressentido a ameaça e estaria por perto, com certeza.
- Só nos resta esperar. Enquanto isso, vou me retirar para meus aposentos, preciso me preparar. — Zwart se retira do recinto.
- Certo magos, quero todos vocês ao redor dos objetos mágicos no salão principal. Se concentrem o máximo que conseguirem. Irei liderá-los para usar nossos últimos manas na Goddelijk Gerechtigheid. — Wit desperta sua veia de líder novamente. Ao lado de Blauw e dos outros, irá tentar uma façanha jamais vista. A magia criada pelos De Eerste como último recurso para livrar o mundo do abismo.
Os tremores de terra ficam mais intensos. Pássaros voam desesperados em todas as direções. Groen lidera o primeiro ataque de animais por terra. Pouco podem fazer diante as incontáveis fileiras de bestas.
De repente, os tremores cessam. Do portão principal, dois monges conseguem ver as linhas inimigas formadas, com suas bandeiras hasteadas.
- Onde está o mago negro? Ele devia estar com a gente? — pergunta Blauw à Wit.
- Não sei. Monge, pode ir ver onde está Zwart? — Wit pede para um monge próximo.
O monge parte em disparada na direção do aposento de Zwart.
- Rood, espere até que os primeiros inimigos batam no portão. Assim conseguiremos mandar muitos pelos ares.
- Pode deixar! — Empurrado numa cadeira de rodas, Rood se apressa em chegar no jardim, onde preparara as engenhocas.
Neste momento, o monge que havia ido buscar Zwart, volta esbaforido e com uma cara nada boa.
- O que houve monge? Parece que viu um fantasma! — pergunta Wit.
- Antes fosse senhor. Não há ninguém no quarto!
- Eu sabia! — Grita Blauw. — Não devíamos ter confiado naquele verme! A esta altura, ele deve ter fugido a cavalo e está bem longe daqui.
Antes que possam concluir mais alguma coisa, eles escutam um estrondo. Mas o barulho vinha de trás do monastério. Antes que possam entender, eles veem por um grande vitral lateral, um ser gigantesco passando. Um enorme minotauro circunda o monastério em direção ao portão principal.
A primeira falange atinge os muros e este era o sinal que Rood estava esperando. Ele aciona os dispositivos das catapultas e canhões improvisados. Para surpresa do próprio Rood, tudo funciona muito bem e são lançados contra as linhas inimigas toneladas de explosivos. Esta segunda defesa consegue provocar mais perdas, matando centenas e ferindo gravemente milhares de Beesten.
O gigante minotauro perpassa os muros e corre para o embate inevitável. Ele tem enormes chifres pontudos, um martelo de guerra na mão direita e um machado de duas lâminas na esquerda. Com as patas, ele consegue pisar em vários inimigos. Com as armas, ele varre para longe dezenas. Com os chifres, mais dezenas são ceifados sem dificuldade. Ele arrasa grande parte dos que estavam próximos ao portão. Mas quanto mais matava, mais surgiam pela colina.
Os ataques aéreos começaram e rapidamente encontraram o ponto fraco do minotauro. Suas costas. Sucessivos ataques com garras afiadas eram desferidos contra a criatura, que aos poucos mostrava sinais de fraqueza.
Após a primeira hora de intensa luta, o minotauro apoia um de seus joelhos no chão. Ergue a cabeça e consegue ver três gigantes criaturas carregando pesadas bolas de ferro virem vagarosamente em sua direção. Ele tenta um sprint e continua devastando os que estão a sua volta. Antes dos seres gigantescos chegarem, dois Algemeen param na sua frente. Um deles tem asas e flutua do chão. O outro, tem uma espada de duas mãos apoiada por sobre os ombros. Ele sabia do que eram capazes, mas também sabia do que ele era capaz. Nunca um magro negro perderia uma batalha para um general das trevas. Mas aquela condição era bem adversa e ele não poderia vacilar.
O Sol o cega levemente e ele acredita ter visto uma miragem no horizonte oposto a colina. Olha uma segunda vez e agora tem certeza do que vê. Um jovem mago branco cavalgando um unicórnio alado, com um cajado na mão direita, irradiando uma luz translúcida que vem em sua direção. Ele é atingido pelo feixe de luz e sente uma onda de vigor encher seu ser, recuperando integralmente suas forças e cicatrizando suas feridas. Ele parte como um louco para cima dos generais.
- Olá cavalheiros! — Doelwit, o jovem mago branco adentrava o salão onde todos estavam reunidos.
- Minha nossa! Você está aqui! — Wit não consegue conter sua emoção e lágrimas precipitam de seus olhos.
- Sim meu amigo, eu estou aqui! — o cumprimenta Doelwit. — É uma honra conhecê-lo. Alias! É uma honra conhecer a todos!
- Não era assim que eu imaginava passar a Zwaard van de Waarheid para o meu sucessor… — lamenta Wit.
- E tem cerimônia melhor do que uma das vitórias mais importantes de nossa história sendo escrita?
- Tem razão! Tome! — Wit passa a espada para seu sucessor, que não perde mais tempo e trota novamente para fora do recinto.
- Vamos velhos! É chegada nossa hora! Vamos mostrar ao mundo que valeu a pena ter vivido para presenciarmos este momento! Vamos mostrar que valeu a pena todos os sacrifícios dos heróis lendários! Vamos mostrar para as próximas gerações que o mau nunca prevalecerá! Vamos fazer a Goddelijke Gerechtigheid. — Eles começam a proferir palavras de sabedoria criadas desde o princípio de tudo.
Lá fora, o minotauro estava bastante debilitado novamente. Feridas abertas escorriam sangue de suas costas e ombros. Dois machados estavam fincados em uma de suas patas. Um chifre havia se partido. Em contrapartida, os gigantes jaziam mortos. Centenas de milhares de Beesten estavam mutilados, inertes pelo solo. Não era possível ver algum general infernal de pé.
Quando Doelwit consegue se aproximar de Zwart, um longo urro estridente jamais ouvido corta os céus. Todos os vitrais do monastério se partem em milhares de pedacinhos. Por dentre as espessas nuvens negras, um dragão colossal surge, batendo ferozmente suas gigantescas asas e descendo numa velocidade assustadora na direção dos dois sobreviventes. Montado no dragão, está Steekdonker, o pretenso substituto de Zwart.
Neste minuto, o tempo se move em câmera lenta. O colossal dragão inicia uma labareda de fogo através de sua boca. O minotauro Zwart começa uma corrida para lançar contra o rival suas pesadas armas. O jovem mago branco, se movimenta para conjurar uma magia enquanto no monastério, as palavras mágicas são recitadas por todos.
No exato momento em que todos os acontecimentos se encerram, ou seja, que a labareda acerta o minotauro, que as armas do minotauro golpeam em cheio o colossal dragão, que o jovem mago branco conclui sua magia de proteção e a última sílaba é proferida em uníssono dentro do monastério, um grande clarão acontece e uma enorme bola de luz atinge uma gigantesca área de quilômetros de diâmetro.
Duzentos anos mais tarde…
- E foi assim que eu consegui proteger todos que estavam prestes a sucumbir às incontáveis hordas inimigas e evitar que fossemos pulverizados pela Goddelijke Gerechtigheid. — com ar orgulhoso, posicionando seu queixo para cima e com seus olhos fechados, Doelwit é aplaudido pelos monges que o rodeavam para ouvir suas heroicas histórias nos poucos momentos que não estava dormindo.
Glossário
Idioma usado: holandês.
Magos:
Groen, de Wijze (Verde, o Sábio); Blauw, de Stormachtige (Azul, o Tempestuoso); Rood, de Breker (Vermelho, o Demolidor); Wit, de Kermis (Branco, o Justo); Zwart, het Donker (Preto, o Sombrio); Bruin (Marrom);
Lugares:
Verlaten Land — terra abandonada, esquecida; Bevroren Aarde — terra gelada; Dode Grond — terra morta; Warme Aarde — terra quente; Schaduw Vallei — Vale das Sombras; Verboden Bridge — Ponte Proibida; Weg Troosteloos — Estrada Desolada; Gang — Passagem Estreita
Outros:
Grote Orkaan — grande furacão; Beesten — bestas, seres caóticos e maus; Helder Blauw — azul cintilante, brilhante; Hammer Brand — martelo de fogo; Vlammende Vulkaan — vulcão flamejante; Zwaard van de Waarheid — espada da verdade; Zeven-Koppige Draak — dragão de sete cabeças; Hout Wet — madeira da lei; Rustplaats — lugar de descanso; Vis — peixes; Gordijn Reflectie — cortina refletora; Algemeen — General dos Beesten; Dergelijke Voorouderlijke — Portal Ancestral; Goddelijke Gerechtigheid — Justiça Divina; De Eerste — Os Primeiros;
WRITTEN BY
Cores para dias cinzas
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