O Magista.
Figura que não tem uma cara única, justamente por ser a definição genérica de todo aquele que desenvolve um trabalho mágico, independente de qual seja sua linha, tradição, filosofia, religião, crenças, valores ou conhecimentos. Embora este seja um conceito simples, muita gente vê o magista como uma figura estereotipada onde deva existir regras de conduta, crença e até de vestimentas. Em verdade, a única regra que existe à um magista é que este seja uma pessoa dedicada ao trabalho mágico. Não requer que seja um trabalho ritualístico muito elaborado, nem mesmo requer que a base de suas práticas esteja alicerçada em grandes teorias. O magista pode ser simplesmente todo aquele que manifesta intenções sobre si mesmo ou ao redor, pois o conceito de magia é algo natural, humano e perfeitamente compreensível, utilizado à favor do praticante ou de um objetivo externo. Não se trata de algo subjetivo, do qual pessoas especiais desenvolvem superpoderes.
Pode parecer bobagem para muitos, mas ainda acho válido sempre destacar a diferença entre os termos do Inglês “magic” e “magick”. O primeiro refere-se à mágica de espetáculos, como as dos famosos personagens de circo que fazem truques com baralhos e tiram coelhos das cartolas. O segundo ganhou propositalmente um “k” ao final para diferenciar do primeiro. Neste conceito, “magick” é a forma utilizada para se referir à magia no ocultismo, as práticas mágicas em torno da exploração real das capacidades humanas, das forças da natureza, da psique e das energias, controlando-as, moldando-as, redirecionando-as, harmonizando-as, neutralizando-as, etc.
Todo sacerdote ou religioso, seja líder ou não, é um magista, embora a maioria destes não seja consciente desta condição. Numa forma mais consciente, o magista é aquele que está trabalhando dentro de um ritual ou de um sistema de atitude ou pensamento que tenha um objetivo definido. Você pode considerar que aquele que medita é um magista, pois de fato está ali transformando sua mente, baseado nas técnicas e filosofias que ele acredita, dando novos rumos para seus problemas, sua vida e sua condição física, espiritual, energética e vibratória. É também o magista, o padre, o pastor, o bruxo, o xamã, o pajé e quem mais quisermos listar aqui.
A prática da magia não depende de classificações ou rótulos. Em verdade, é possível ser magista mesmo sendo ateu, pois acreditar ou não que exista um Deus criador de tudo que há, não altera em nada os princípios do ocultismo e a eficácia de suas práticas espirituais. É comum, inclusive que entre estudiosos ateus, apesar de não haver uma filosofia que preveja a existência de um Deus, validam os fenômenos paranormais, os espíritos e diversas manifestações e conceitos desses meios, como sendo parte extremamente natural e até científica ao qual lida com a certeza de que sua eficácia pode ser obtida e o contato com essas realidades pode ser presenciado e desfrutado, quando se está aberto à essas experiências. E mais do que isso, é importante dizer que não importa muito o motivo pelo qual algo funciona, mas é importante que funcione, caso tenhamos algum interesse de nos beneficiar por aquela melhora ou resultado.
Talvez você possa se perguntar: O que é que o magista crê? Como ele encara essas forças? O que de real tem nisso? Todas essas respostas (e muitas outras) dependem totalmente dos valores pessoais de cada um. O caminho filosófico ou os pontos-de-vista sobre a realidade são totalmente pessoais e tudo que as diferentes tradições podem fazer é dar pistas e indicações de uma linha de pensamento que veio de cada mestre que fundou ou deu embasamento à estas tradições. Você encontrará formas muito diferentes de lidar com magia, em centenas ou milhares de religiões, cultos, ordens iniciáticas, filosofias, experiências espirituais, “estranhas”, “misteriosas”, como alguns podem chamar.
Querer traçar um perfil único do magista, é como querer conhecer como é que trabalha um profissional. Ficará sempre a pergunta: Mas profissional do que? De que área? Em que empresa? Da mesma forma que existe o mago bruxo, existe o mago umbandista, o mago maçom, o mago templário, o mago druida, e tantos outros, existe o profissional fotógrafo, médico, mecânico, cozinheiro, etc. Além disso este cozinheiro pode ser do restaurante A, do restaurante B, ou simplesmente cozinhar pra si mesmo em casa, ou pros amigos, sem ter vínculo à nenhum restaurante. Igualmente o mago está acima de tudo isso, e também incluso em uma destas vertentes ou em sua própria vertente.
O que é que todas as diferentes práticas mágicas tem em comum? Todas elas se baseiam no conceito de que o magista controla a realidade ao seu redor ou domina à si mesmo, fazendo uso de ferramentas específicas para lidar com um ou mais destes aspectos: mental, psicológico, filosófico, físico, energético, espiritual, etc. Seu trabalho pode envolver ou não as questões dos diversos planos, como o astral, causal, mental, etc. A inclusão de divindades, entidades ou espíritos também é relativa à cada linha de pensamento e prática.
É preciso diferenciar tudo aquilo que acontece por operação mágica, de outras situações, como as ilusões de ótica, as alucinações por surtos psicóticos ou uso de entorpecentes que não tenham papel de enteógeno. É importante precaver-se em relação às pessoas, instituições, filosofias e grupos em geral que tratem da magia, seja teoricamente ou na prática, tendo em mente de que há muita charlatanice onde pessoas se aproveitam da ingenuidade alheia para induzir à hábitos prejudiciais, oferta de dinheiro, submissão à autoridades falsas, prática de sexo fora de contexto sério ou justificável e até mesmo de torturas e mortes sob justificativas totalmente questionáveis.
A Magia é algo sério, importante, presente em diversas ordens iniciáticas, religiões e culturas pelo mundo. Seus trabalhos geralmente envolvem a união das forças e intenções de seus membros, canalizando-as para um objetivo comum. Existem trabalhos mágicos tanto com interesses negativos como positivos. Embora algumas grupos tenham claramente essa diferenciação, sendo um foco de trabalho para uma linha positiva, é comum encontrarmos membros destes grupos tendo um desempenho contrário aos princípios pregados, dentro ou fora do grupo, comprometendo totalmente o trabalho ali desenvolvido, uma vez que uma operação mágica dentro de um coletivo, depende essencialmente de que todos os seus membros estejam trabalhando para o mesmo propósito, harmonizando-se ou sintonizando-se às vibrações, conceitos e egrégoras daquela realidade pregada na ideologia ou filosofia do grupo.
Acreditar naquilo que se deseja fazer é essencial. Nenhuma prática ou suporte adianta na magia, se o praticante não acredita firmemente naquilo que ele quer propor como realidade ou como transformação. Embora a magia não aconteça apenas pela vontade, seu sucesso não se faz presente, sem esse alicerce. Complemente sua crença com um padrão em que você se identifique, que lhe pareça natural e sincero e terá dado grandes passos em direção à magia bem sucedida. Se for fazer uso de alguma tradição, método ou ferramenta específica, estudos aprofundados são indispensáveis. Lembre-se que não existem atalhos nos estudos e eles costumam ser longos e complexos. Qualquer variação do tema que o simplifique demais, certamente está mais próxima do embuste ou da charlatanice. A primeira pessoa em que você precisa acreditar é em você mesmo. Sem isso, toda a vasta literatura e tradições do ocultismo são inúteis.
A melhor forma de não perder tempo na vida, quando o assunto é magia, é estudá-la, aprendê-la e praticá-la, sempre com sinceridade. O prejuízo em fugir destas regras básicas se volta sempre ao praticante e, às vezes, à terceiros. Gratidão.
Bruxaria 24 Horas / Rodrigo Meyer
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