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COMO ARMAS CENOGRÁFICAS PODEM DAR TIROS LETAIS?
O mundo do cinema despertou de luto na manhã desta sexta-feira (22) após as notícias confirmarem a morte da diretora de fotografia Halyna Hutchens devido a um disparo acidental feito pelo ator Alec Baldwin, no set de filmagens do filme Rush — que estava sendo filmado no Novo México. O diretor Joel Souza também foi ferido nos disparos.
Apesar de o incidente ainda estar sob investigação da polícia, os primeiros relatos dão conta de que os tiros foram disparados por uma arma cenográfica, o que acabou gerando grande confusão entre as pessoas. Afinal, como uma arma de encenação poderia causar um disparo letal? Vamos entender o que pode ter acontecido.
O que são armas cenográficas?
(Fonte: Pixabay)
Para entendermos o que pode ter acontecido no set, precisamos ter noção do que é uma arma cenográfica. É comum que as pessoas pensem que as armas cenográficas são armamentos não funcionais usados em todos os tipos de performances teatrais, ou simplesmente armas de brinquedo que disparam cápsulas de fogo para produzir fumaça.
Embora esses modelos realmente possam se encaixar nisso, também é possível que armas de fogo de verdade sejam usadas como armas cenográficas nos filmes. O principal motivo disso é para que as cenas fiquem o mais próximo possível da realidade, sobretudo nas cenas em que a câmera está filmando de perto.
Entretanto, assim como disse o instrutor de armas Dave Brown para a revista American Cinematographer em 2019, são necessários experts no set o tempo todo para garantir que a arma está sendo manejada corretamente. Segundo ele, uma arma real continua sendo uma arma, independentemente do tipo de projétil que estiver nela.
Qual o tipo de projétil utilizado?
(Fonte: Pixabay)
Em geral, armas cenográficas são carregadas com outro tipo de munição que não uma bala de verdade. Normalmente, a munição de uma arma é composta de um cartucho, um material propulsor (pólvora), a espoleta (composto químico que inicia a reação) e um projétil (bala).
Quando o gatilho é acionado, a espoleta é ativada e acende a pólvora, causando a explosão de gases superquentes que irão impulsionar a bala para fora do cano. Então, o cartucho irá cair no chão toda vez que um disparo for feito ou que a munição for substituída. Uma “munição falsa” é composta de todas essas partes, exceto pelo projétil na ponta.
Portanto, muitas vezes as munições de cinema usam enchimento de papel ou cera no topo dos cartuchos. Na teoria, isso iria emular a mesma ação de um disparo normal, porém sem um objeto mortal sendo disparado pelo armamento. Mesmo assim, uma pessoa ainda poderia sair ferida caso estivesse próxima demais ao disparo, visto que a explosão dos gases continua acontecendo e o projétil ainda é expelido.
Exemplos no passado
(Fonte: Wikimedia Commons)
Embora o caso de Alec Baldwin tenha chocado a imprensa em 2021, essa não é a primeira vez que um acidente do tipo aconteceu no mundo do cinema. Em 1984, o ator Jon-Erik Hexum morreu após atirar na própria cabeça com um revólver Magnum 44, o qual ele acreditava não estar carregado, durante as gravações de Retrato Falado — uma série televisionada pela CBS.
Outra tragédia envolvendo armas cenográficas tirou a vida de Brandon Lee, filho de Bruce Lee, em 1993. Ele estava no set de filmagens de O Corvo (1994) quando um cartucho de verdade ficou preso no barril do revólver. Quando a equipe de filmagens carregou a arma com uma munição falsa e o ator tentou efetuar o disparo, a munição verdadeira foi empurrada para fora e terminou ferindo-o. Lee morreu horas depois, com apenas 28 anos.
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