sábado, 9 de outubro de 2021

 

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

TESTE SUA CAPACIDADE DE CONCENTRAÇÃO MENTAL POR MEIO DE EXERCÍCIOS DE CONCENTRAÇÃO

 

O DESENVOLVIMENTO DA CONCENTRAÇÃO NOS PERMITE CONHECER A REAL NATUREZA DE NOSSO DESEJO

A verdadeira batalha pela espiritualidade ou ascese mística ocorre dentro de nós mesmos; não fora. É vencendo nossos inimigos interiores, obstáculos e limitações que damos os primeiros passos efetivos na escada da ascensão espiritual. Para que isso aconteça é preciso que sejamos testados em nosso DESEJO INTERIOR, é preciso que conheçamos nossa força e VONTADE para QUERER com força. A concentração mental é o meio mais efetivo de realizar este teste logo de cara. Por que os exercícios de concentração nos coloca tão diretamente em enfrentamento com nós mesmos?


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Em primeiro lugar, todos os exercícios de concentração são monótonos, pois eles têm a função de reduzir nossa mente a um único pensamento. Isso suscita e provoca todos nossos impulsos e descontroles. A mente indisciplinada se rebela e faz de tudo para retornar à sua condição de desgoverno. É um ato reflexo, isto é, um condicionamento autoimposto e aceito que já se transformou em um hábito, ainda que tenha sido realizado de maneira inconsciente. Quando se tenta impor uma nova direção aos pensamentos vagabundos e habituais, surge naturalmente um conflito interno uma verdadeira batalha interior para pelo governo da mente, batalha esta travada entre nossas aspirações superiores e nossas limitações inferiores. E isso requer grande esforço, perseverança, determinação, até uma certa obstinação e a mais importante de todas as faculdades místicas: a VONTADE SOBERANA.

Em segundo lugar, a preguiça mental e espiritual ronda o praticante como uma fera que espreita sua presa, esperando a primeira oportunidade para dar-lhe o bote. Por isso, o praticante deve manter-se constantemente alerta, firme em sua resolução, vigilante para que não ceda aos caprichos e atrações da comodidade e do ócio. Quando o inimigo é interno, como a preguiça, a decisão de ceder ou não às tentações depende única e exclusivamente de sua pessoa. E é justamente aí que permanece o perigo, pois como se trata de um inimigo sutil, subjetivo e imperceptível aos olhos externos, ele o julga sem importância e se deixa levar por seus impulsos, cedendo a todos os tipos de tentação. Neste caso, ele valoriza apenas os aspectos externos de sua vida mística como, por exemplo, o conhecimento puramente intelectual de fatos espirituais sem nunca nada comprovar de efetivo, vivendo na esfera da crendice e da superstição barata. Enquanto isso, seu mundo interior permanece em um verdadeiro caos provocado pelo desgoverno tanto de seus pensamentos quanto de suas emoções. É como diz o velho ditado: “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. A concentração mental coloca o místico em contato direto com essa confusão mental e emocional que geralmente apresenta por ação de seu ego e mania de grandeza, mas que nunca admite para si mesmo tal possibilidade, preferindo fechar os olhos para todo esse reboliço interior quando foge de qualquer forma de prática que o coloque diante dos reflexos de suas limitações. Afinal de contas, julga-se elevado demais para submeter a exercícios tão simplórios como os de concentração.

Em termos místicos práticos, é na simplicidade das coisas e dos exercícios espirituais que podemos encontrar os efeitos mais profundos, uma vez que as chaves dos Grandes Mistérios se encontram dentro de cada um de nós”.

S:: I::

Em terceiro lugar, o místico prático aprende, por meio da concentração, a lidar com a energia da tentação e transformá-la em uma grande aliada de seu progresso. Esse é um dos maiores benefícios da prática da concentração que pode ser alcançado: saber que o ser humano é o senhor das forças e não um joguete delas. Lidamos com energias em constante movimento e que são a manifestação de uma única e mesma Fonte Infinita. Portanto, cabe à nossa consciência imprimir-lhes direção, intenção e caráter. E tal proeza somente o autodomínio é capaz de nos conferir.

O texto abaixo traz um dos exercícios mais emblemáticos para testar a natureza de seu DESEJO e poder de vencer a si mesmo. Leia-o com atenção e procure praticá-lo por duas semanas consecutivas. Tenho a mais absoluta certeza de que os efeitos que surgirão em sua pessoa lhe darão a prova de que necessita de que sua ascese mística é sua responsabilidade individual e intransferível; e de mais ninguém.

EXERCÍCIO 14 – Concentração nos Ponteiros do Relógio

Objetivos:

1. Eliminar a sensação de tempo olhando para seu próprio marcador.

2. Aumentar o grau de paciência.

3. Eliminar a dispersão do pensamento.

4. Focar o pensamento e o olhar em um único objeto.

5. Vencer o cansaço físico e mental.

6. Transcender todas as impulsividades e obstáculos que se interpõem à atenção prolongada.

7. Preparar a mente para uma longa meditação ou operação mágica.

8. Desenvolver uma VONTADE SOBERANA e PODEROSA.

Duração:

O presente exercício para ser eficiente em resultados deve durar, no mínimo 1h e 30min e, a partir de 3 horas de concentração consecutivas, ele começa a mostrar todo seu potencial.

Execução:

1. Para este exercício, você deverá utilizar um relógio de parede ou um despertador desses pequenos que tenham o ponteiro de segundos. Não use relógios com mostradores digitais.

2. Sente-se em uma cadeira ou poltrona de espaldar reto, coloque uma mesa ou um móvel a cerca de 1,50m ou 2m de distância da cadeira ou da poltrona. Coloque o relógio sobre este móvel de modo que ele fique à altura dos olhos enquanto estiver sentado. Para isso, você deverá sentar-se primeiro, calcular em que altura o relógio deve ser posicionado para depois colocá-lo sobre o móvel, de modo que seus olhos possam se fixar nos ponteiros sem grandes dificuldades, sem inclinar a cabeça, sem virar os olhos e também sem deixar o pescoço em uma posição inclinada ou desconfortável.

3. Quando o relógio estiver na posição correta, sente-se e relaxe, respire lenta e profundamente enquanto solta toda a musculatura do corpo. Dê mentalmente o comando para que tanto sua mente e seu corpo relaxem por completo. Permaneça nesta posição o mais confortável possível, você pode até mesmo fazer uma breve meditação (de olhos fechados) para preparar ainda mais a sua mente para este exercício.

4. Quando sentir-se completamente relaxado e descansado, fite o ponteiro de segundos do relógio (normalmente é um ponteiro vermelho). Siga com os olhos este ponteiro e contemple-o girar em torno do mostrador do relógio sem pensar em mais nada, a não ser no ponteiro que se desloca a cada segundo.

Em um determinado momento, dependendo do grau de sua concentração mental, você sentirá os impulsos do ponteiro ao deslocar-se no mostrador. Preste atenção nessas sensações, porém, sem deixar-se levar por devaneios ou pensamentos que lhe tirem de sua concentração. É comum ao praticante desavisado perder-se neste ponto. Tenha sempre em mente que a tentação lhe ronda constantemente, mas neste caso ela não é sua inimiga, e sim, sua maior instrutora”.

S:: I::

5. Se seu pensamento se desviar para qualquer outro que não seja o ponteiro de segundos, traga-o de volta por uma poderosa determinação de sua VONTADE. Todas as vezes que sua mente se deixar levar por pensamentos alheios ao exercício, imponha-lhe uma ordem mental vigorosa e faça com que ela volte ao exercício. Esse comando mental vigoroso desenvolve poderosamente a VONTADE SOBERANA. Lembre-se sempre que o propósito de todos os exercícios de concentração é torná-lo Mestre de si mesmo. Digamos melhor, é despertar o Grande Mestre que jaz adormecido no interior de cada um de nós.

6. Use a palavra “ponteiro vermelho”, se for o caso, ou “ponteiro de segundos” como se fosse um mantra, de modo a conservar o pensamento na única ideia de ponteiro, nada mais. Haverá um momento em que a regularidade do pensamento lhe conduzirá a um estado de vazio mental, então poderá dispensar quaisquer muletas e apoiar-se apenas em sua força interior. Nesse estágio, já estará manifestando um poderoso grau de concentração mental.

7. Comece a sua primeira sessão com apenas 10 minutos e a cada dia acrescente 5 ou 10 minutos e cumpra o período determinado até o final. Não se deixe levar ou interromper por nenhuma outra atividade cotidiana. Por isso, programe-se antecipadamente para fazer suas sessões com um certo tempo livre para levá-las até o final sem interrupções. Essa é uma fase muito importante do exercício, por isso não a negligencie. Caso seja interrompido por algum motivo, terá de recomeçá-la desde o início.

8. Você deve alcançar um tempo mínimo de 2 horas e 30 minutos até 3 ou 4 horas. É somente a partir deste tempo mínimo estipulado que a sensação de tempo começa a desaparecer de sua consciência. Tendo em mente que essa anulação do tempo é provocada por uma ação deliberada de sua VONTADE INTERIOR e não o efeito de uma sensação prazerosa como um jogo, uma atividade esportiva, um passeio ou qualquer outra atividade produzida por uma contemplação passiva.

9. Evite mexer-se, inclinar-se para frente, coçar o corpo, espreguiçar-se. Mas, permaneça completamente imóvel. Para conseguir, este feito imponha poderosamente a sua VONTADE sobre todas as sensações físicas. Tenha sempre em mente que a prática gera a aptidão e o corpo se adapta ao exercício e se molda ao seu pensamento e VONTADE. Com o tempo e a prática constante, sentirá não apenas predisposição física para o exercício, mas igualmente um certo conforto ao fazê-lo.

10. Passado o tempo programado para cada sessão, interrompa o exercício e retorne às suas atividades diárias. Repasse mentalmente todas as percepções adquiridas durante sua prática.

11. Se possível, registre as impressões de cada uma das sessões em um caderno para comparação de resultados obtidos no futuro.


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Considerações Sobre Este Exercício

1. Logo nas primeiras sessões, serão os 10 minutos mais longos da sua vida, pois é muito difícil não pensar em tempo olhando para o próprio marcador dele. É uma prova de fogo, mas não impossível para aquele que realmente almeja superar seus limites.

2. Neste exercício, você se dará conta de como o tempo é relativo, pelo fato desses primeiros minutos parecerem uma eternidade, porque você também estará ocupado com apenas um pensamento. O exercício é extremamente monótono, porém, de uma eficiência extraordinária. Não o negligencie, pois antes da conclusão dos 10 minutos, você já estará se questionando se vale a pena continuá-lo. Um dos objetivos do exercício é justamente provocar esse questionamento interior entre seu DESEJO em alcançar um alto grau de autodomínio e a facilidade para ceder às impulsividades, esta última uma situação muito frequente entre as pessoas comuns.

Normalmente os que são levados a tais práticas por modismos ou vaidade desistem nas primeiras tentativas, pois seu DESEJO era apenas um fogo de palha momentâneo. O ser humano para superar suas limitações é preciso estar imbuído de uma VONTADE SOBERANA e QUERER COM FORÇA suplantar aquilo que, na verdade, somente ele pode sentir e perceber. Daí sua VONTADE necessita ser decuplicada, pois a tendência para dizer não à nossa própria consciência é nosso primeiro sinal de fraqueza”.

S:: I::

3. Se já tiver uma certa experiência com exercícios de concentração, não sentirá tantas sensações físicas como cansaço em ficar numa só posição sem se mexer, coceiras, vontade de inclinar-se ou espreguiçar, bater os pés ou mexer as pernas. Mas, se for marinheiro de primeira viagem, fique atento às reações da mente acostumada à indisciplina e ao caos mental que tentará retomar seu descontrole todas as vezes que lhe impuser certa ordem. Resista às tentações, transforme-as em forças a seu favor, não ceda nunca a elas. Tenha em mente que este é um dos maiores e mais poderosos exercícios de autodomínio.

Todo e qualquer vício pode ser transformado em unidade de força em seus plexos quando se exerce um domínio sobre eles”.

S:: I::

4. Se você tiver o hábito de bater as pernas e agitar os pés enquanto lê ou estuda, este é um importante momento para corrigir esses vazamentos de energia psíquica e nervosa para concentrá-la em coisas bem maiores e úteis para seu crescimento seja nos estudos, seja na carreira profissional, seja para qualquer outro fim. Confie naquele que conseguiu superar esses vícios perniciosos pela prática da concentração. Todo nerd e todo estudante assíduo têm a tendência de bater os pés ou sacudir as pernas. Esse mau hábito é reflexo de uma mente desgovernada e indisciplinada, embora pareça um simples e inofensivo hábito é, na realidade, um tremendo vazamento de energia.

O esforço é o atrito natural entre o dinamismo do Espírito e a lentidão da Matéria. Portanto, é inevitável em qualquer nível da existência humana. Na realidade, o Espírito é a força dormente a ser despertada, a Matéria o meio pelo qual se dá esse despertar, logo é nossa grande instrutora. Por uma razão bastante óbvia, o elemento terra é tanto associado ao trabalho quanto à preguiça. Que aqueles que tiverem olhos para ver, que vejam!”.

S:: I::

5. Quando você tiver com o olhar fixo no ponteiro do relógio por mais de duas horas e não sentir que o tempo passou, terá alcançado um poderoso nível de concentração que beira a genialidade. Lembre-se de que o gênio já existe em você, é preciso somente despertá-lo por meio de exercícios mentais.

6. O fato de manter um único pensamento em mente por mais de duas ou três horas e a anular a sensação de tempo, lhe dará não somente uma certeza da relatividade de sua percepção, mas também uma gigantesca sensação de poder, de autodomínio, de energia. Você se sentirá mais confiante e mais realizado consigo mesmo, além da certeza de que pode vencer qualquer obstáculo.

7. Se você tinha vontade de escrever um livro ou realizar um grande projeto de vida, mas nunca conseguiu concretizar tais feitos, porque sempre se desanimava, agora é o momento perfeito de pôr a prova sua nova habilidade desenvolvida.

8. Para aqueles que estão acostumados a lidar com edição de vídeos, 30 segundos é um tempo muito grande, chega a parecer uma eternidade quando se tem que lidar com a edição, corte e efeitos a serem colocados entre um “quadro” e outro. Muitas vezes, temos que levar em consideração fração de segundos. Por exemplo, uma introdução de um vídeo que ultrapasse os 30 segundos é considerada demasiadamente longa e enfadonha, pois é essa a sensação que nos causa. Já as horas que desperdiçamos em redes sociais, jogos de azar, videogames e outros passatempos passam como um relâmpago e perdemos a noção de tempo. Muitas outras provas físicas desta relatividade do tempo poderiam ser dadas.


A concentração mental é o meio voluntário de romper as barreiras do tempo e estabelecer uma nova ordem interior que é aquela que se identifica com nossa real natureza: a eternidade.

Charles Lucien de Lièvre

Desenvolva Sua Concentração No Mais Alto Grau

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quinta-feira, 23 de julho de 2020

A MAÇONARIA EGÍPCIA ENTRE O MITO E A REALIDADE - RITOS EGÍPCIOS DA FRANCOMAÇONARIA


HÁ QUEM DIGA QUE O KRATA REPOA É UM TEXTO INVENTADO, MAS SE O FOI, O FIZERAM MUITO BEM, POIS ESTE DOCUMENTO RELATA PROFUNDOS CONHECIMENTOS DA PRÁTICA MAÇÔNICA ASSOCIADA AOS RITOS EGÍPCIOS

Um texto de fundamental importância para todos os Maçons desejosos de compreender o Antigo Espírito da Tradição. Muito embora, seja apontado como um material forjado muito depois do surgimento da Maçonaria em sua forma de organização atual. No entanto, as profundas semelhanças com a Antiga Tradição Egípcia, assim como o mesmo espírito que foi comunicado a todos os povos e em todas as culturas, revela seu caráter transcendental a qualquer forma de falsificação.
Os Maçons mais avançados em graus e aqueles versados tanto em História quanto em Filosofia Maçônica constatarão a presença dessa Tradição neste documento. É importante salientar que este mesmo documento, embora anônimo, foi objeto de estudos e pesquisas de muitos Maçons eminentes mundo afora.
TRECHOS DO KRATA OU CRATA REPOA
Um trabalho bastante interessante de ser traduzido, é claro que se trata também de um novo desafio. Mas assim é e sempre será a busca pela Verdade. Esta igualmente deve ser incessante e incansável, pois à medida que avançamos em nosso percurso iniciático, nossos conceitos sobre ela vão se transformando, e nos damos conta da sua relatividade com respeito ao dela enxergamos ou esperamos e, naturalmente, nasce aquele sentimento que deve predominar em todo o Maçom: a humildade.
Tenham sempre em mente que a moral maçônica difere da moral mundana, posto que esta última faz parte de um conjunto de regras de comportamento com o objetivo de assegurar o bom convívio social. Já a moral maçônica, aquela que nos é sempre falada no conjunto de graus e em nossas sucessivas elevações, diz respeito à manifestação da moral (conjunto de virtudes que nos são intrínsecas e que apenas necessito ser despertado pelo exercício de nós mesmos, da Arte Maçônica). Eis o porque a Pedra Bruta é o emblema de nossa mente e é a partir dela que devemos operar constantemente duas importantes ferramentas do Maçom: o malho e o cinzel; e isso a despeito de qualquer elevação em graus, pois muitas dessas imperfeições são imperceptíveis a olho nu e algumas delas se camuflam sob o manto das virtudes, tornando-se praticamente invisíveis aos olhos porque as consideramos como traços de nosso próprio caráter.
Embora, o presente material tenha mais relação com os Ritos Maçônicos Egípcios, ele deve ser objeto de estudo para qualquer maçom a despeito de seu Rito. Muitos o consideram um documento forjado, outros já o aceitam como autêntico. Em todo caso, quem o escreveu e quando o escreveu valeu-se de uma engenhosidade extraordinária.
Um T.’. F.’. A.’. e bons estudos!
Charles Lucien de Lièvre
A Coleção Grandes Obras da Maçonaria nasceu da necessidade de resgatar as raízes históricas da nossa Venerável Instituição, devido à grande ignorância apresentada por muitos de nossos irmãos de carreira e que repetem os mesmos erros e vícios em Lojas exatamente como se sucedia nos séculos XVIII e XIX, épocas em que a competição pela supremacia de Ritos era bastante acirrada. Muitos desses erros e enganos foram causados pela vaidade humana daqueles que visavam o prestígio de postos, títulos e graus pomposos, assim como pelo entendimento precário da sua atuação como maçons dentro de suas vidas e na sociedade.
Esse resgate é necessário e urgente, posto que a desinformação vai na contramão do próprio espírito maçônico e o apego excessivo à forma faz com que o acessório assuma o lugar do que é essencial, desvirtuando e descaracterizando todo o Espírito Fraternal e Iniciático de nossa Veneranda Instituição.
Há irmãos que repetem, hoje em dia, como papagaios esses mesmos erros e preconceitos nascidos há mais de duzentos anos, sem ao menos saber o porquê disso, como se condição de Mestres e Conselheiros lhes blindassem da ignorância e desvio que sempre assolaram e ainda assolam a humanidade e contra a qual temos que estar constantemente vigilantes.
A presente Coleção foi criada com o propósito de trazer novas Luzes que, na realidade, já são muito mais antigas para que todos os Irmãos, a despeito de quaisquer Ritos, de modo que não apenas olhem para a Estrela Flamejante, mas a enxerguem de fato com os olhos da alma e com o verdadeiro Espírito de Fraternidade Maçônica.
Núcleo de Estudos Maçônicos



O Krata Repoa ou Crata Repoa, porque vocês encontrarão, sem dúvida, a duas grafias dependendo do nível de pesquisa que empreenderem.
Ainda estou procurando por traduções mais antigas do documento original que surgiu na Alemanha sabe-se lá em que época como as de Jean-Marie Ragon, célebre Maçom historiador e crítico da Maçonaria (1781-1862) e criador da primeira revista maçônica “Hermes”. Ragon foi crítico mordaz do Rito de Misraim estabelecido na França pelos irmãos Bédarride, mas ao mesmo tempo um grande admirador deste mesmo como nos deixa entrever em seus escritos, pois ele possuía um certo fascínio pela Maçonaria ocultista do século XVIII.
Outra tradução interessante, e esta já tenho em mãos, mas desta vez em inglês “The Secret Societies of All Ages”, Vol. I, publicada em 1807, cujo autor é Charles William Heckethorn, outro Maçom investigador britânico que tentou reunir em dois volumes todas as informações sobre as sociedades secretas e iniciáticas mais conhecidas na época.
Deve, com certeza, existir referências mais antigas e até mesmo em outros países, mas a pesquisa é longa e requer muito trabalho e dedicação para trazer toda essa informação do passado.
A versão em inglês mais famosa sobre este documento e a mais difundida é a do também célebre franco-maçom e historiador canadense Manly P. Hall que aparece em seu livro “Freemasonry of the Ancient Egyptians”, editado em 1937.
Se trata-se de um documento forjado ou não, ele tem despertado ao longo da história da Maçonaria e das civilizações, a curiosidade de muitos pesquisadores e maçons eminentes no mundo inteiro. Seu estudo vale a pena e as semelhanças com as práticas maçônicas são dignas de nota. Isso não quer dizer que o documento aponta para o Egito como berço de nossa Veneranda Instituição, como muitos já o fazem, tal hipótese seria um tanto precipitada, pois o tema é digno de muito estudo e pesquisa, e teve muito em discussão ao longo da segunda metade do século XVIII e durante todo o século XIX, XX e se estende até os dias de hoje.
O mais importante e nos munirmos de documentos e pesquisas cada vez mais aprofundados de modo que possamos embasar melhor nossas ideias e conceitos sobre o assunto; e não propagar impropérios como fazem os ignorantes, ainda que sejam nossos Irmãos. Tenham em mente que uma das principais missões da Maçonaria é instruir a humanidade, e este espírito de instrução, pesquisa e estudo é o que devemos incitar em nossos Irmãos, só assim conseguiremos realizar o Espírito de Fraternidade tão pregado pela nossa Maçonaria.
Charles Lucien de Lièvre
O Tradutor
1. Leia esta obra sem paixões e sem defender este ou aquele Rito. Lembre-se de que o verdadeiro Maçom é um eterno buscador e insatisfeito e todas as verdades são relativas à nossa esfera de compreensão. Na realidade, a Verdade se descortina aos nossos olhos à medida que aumentamos o nosso raio de visão (eis um dos usos do compasso).
2. Nenhum Rito é dono da Verdade absoluta, por mais regular que se diga, cada um possui sua beleza, sua grandeza e, dependendo da qualidade dos membros que compõe a Fraternidade, sua pequenez também. Por isso, mantenham sempre os malhos e cinzéis em operação e busque por suas imperfeições. Tenha em mente que à medida que sua pedra se torna mais polida, são as imperfeições menores e mais difíceis de serem detectadas as maiores e as que impõem maior obstáculo à sua carreira maçônica. As mais grosseiras, embora feias, são mais fáceis de serem debeladas. Ao passo que as mais sutis são aquelas quase imperceptíveis e que nos dão uma falsa aparência de beleza e serviço concluído sobre a Pedra agora já polida. Seja mais criterioso, procure por imperfeições em todos os ângulos, faça mais uso de seu esquadro, régua, prumo e nível e verá que sempre encontrará um pequeno desnível, um pequeno ângulo torto que requer mais trabalho, mais atenção e mais olho clínico.
3. Muitos são os Maçons que incorrem no erro de acharem-se os suprassumos da perfeição, pois apegam-se à aparência de cargos, títulos e graus. Esquecem-se muitas vezes de que todas as formalidades maçônicas são para revestir emblemática a verdadeira Obra que deve ocorrer dentro de cada um de nós; não fora.
4. O mais belo e mais suntuoso dos Templos Maçônicos erigidos à glória do Supremo Arquiteto dos Mundos nada representaria e cairia certamente em reunidas se ali Irmãos não pudessem se reunir para formar a Loja. O Templo é apenas o local, mas a Loja somente é aberta quando os Irmãos se reúnem, portanto, o Espírito Maçônico está dentro de cada Irmão e é cada Irmão. Hoje, confunde-se muito a Loja com o espaço físico quem ela é aberta. Fique atento e retorne aos conceitos corretos da nossa Fraternidade.
5. Um dos motivos pelos quais o teto de um Templo deve ser representado por uma abóbada celeste é justamente essa linguagem interior que nos diz que o Templo do Maçom é o mundo, mas a Loja é o Espírito de união e Fraternidade que deve contemplar todos os Irmãos e a humanidade como um todo.
6. Tenha em mente de que não é a Maçonaria que lhe confere prestígio social, mas você o dá a si mesmo quando se torna um exemplo daquilo que nela aprende e da filosofia que defende. E este prestígio retorna à Maçonaria na razão direta em que você seja capaz de representá-la onde quer que esteja.
Um forte T.’. F.’. A.’. a todos e bons estudos!
Charles Lucien de Lièvre


ou
Krata Repoa
As Iniciações nos Antigos Mistérios dos Sacerdotes do Egito
Quando um candidato queria entrar na Sociedade Antiga e Misteriosa de Crata Repoa, tinha que ser recomendado por um dos Iniciados. A proposição era geralmente feita pelo próprio rei, que redigia uma autorização aos sacerdotes(1).
Tendo-se apresentado em Heliópolis, o Aspirante era encaminhado aos sábios da Instituição em Mênfis, e eles o enviavam para Tebas (Porfírio - Vida de Pitágoras). Aqui ele era circuncidado(2) (Heródoto, livro 2. Clemente de Alexandria, Stromat. I). Eles o colocavam em dieta, proibindo certos alimentos, como legumes e peixe, também vinho(3), mas após a sua iniciação essa restrição era atenuada. Ele era forçado a passar vários meses trancado em uma cripta(4), abandonado a seus pensamentos, permitindo-se escrever seus pensamentos. Ele era então rigorosamente examinado para determinar os limites de sua inteligência. Quando chegava a hora de tirá-lo da cripta, era levado a uma galeria cercada pelas colunas de Hermes, nas quais eram gravadas as máximas que ele tinha de aprender de (Jâmbico, de Mysteriis Pausânias, livro I, afirma expressamente que essas colunas eles se encontravam nos subterrâneos perto de Tebas). Quando ele conseguia superar esta prova, um Iniciado chamado Thesmophores (Introdutor) se aproximava dele. Ele segurava na mão um grande chicote, com o qual mantinha as pessoas afastadas da entrada, chamada de Porta do Profano. Ele introduzia o Aspirante na caverna, onde vendava os olhos, colocando ataduras elásticas nas mãos.
(1) O governo do antigo Egito era teocrático. Embora o faraó parecesse ser o chefe do estado, os sacerdotes eram os verdadeiros governantes do império. O rei era colocado em seu trono pelos sacerdotes, mantido ali por influência sacerdotal, e permanecia toda a sua vida sob a tutela e proteção do sacerdócio. Os templos eram os santuários das Letras e das Ciências, e o conhecimento em todos as suas ramificações era cultivado exclusivamente pelo sacerdócio. Na civilização moderna, considera-se como princípio sagrado que o conhecimento seja de propriedade comum; toda a humanidade tem o direito de participar do conhecimento de acordo com a amplitude de suas habilidades intelectuais. Mas no Egito Antigo o conhecimento era considerado um grande privilégio, e a educação estava sob a direção de um pequeno número de indivíduos escolhidos que eram organizados nas Escolas de Mistério ou nas instituições sagradas do Estado. Os membros desses grupos eram unidos por laços, votos e juramentos de sigilo.
(2) O irmão Godfrey Higgings sugere que esta é a origem da crença popular de que todos os maçons são marcados.
(3) Os drusos e outras sociedades conhecidas em nosso dia 29 seguem o mesmo costume antigo.
(4) O Yoga Hindu faz o mesmo, mas é para você ter a oportunidade de adotar costumes de hibernação e contribuir para o resultado.


Primeiro Grau – Pastophoris
O Aprendiz era encarregado de vigiar a entrada que leva ao Portão dos Homens. O aspirante, tendo sido preparado na cripta(5), era conduzido de mãos dadas pelo Tesmophores e apresentado na porta dos Homens (Apuleyo, Metamorphosis, livro 2). (Cícero, De Legibus, livro 2 - Mysteriis ex agreste imanique vita exculti ad humanitatem et mitigati sumus.). Na chegada, o Thesmophores tocava o ombro do Pastophoris (um dos últimos aprendizes), que guardava o lado de fora, e o convidava a anunciar ao Aspirante, o que ele fazia batendo à porta de entrada (Este ato é representado em uma dos Pirâmides) Tendo dado uma resposta satisfatória às perguntas feitas, o Neófito era admitido, abrindo a Porta dos Homens.
O hierofante o questionava novamente sobre vários assuntos, e o neófito lhe respondia categoricamente (Plutarco, em Lacon Apoph. Lisandro). Eles o giraram em torno da Birantha (Histoire du Ciel, livro 1, página 44), lutando para aterrorizá-lo através de luzes artificiais, estrondosos aplausos, granizo, chuva e tempestade (Eusebio. Cesar, Preparat Evangel. Clemente de Alexandria, Admonit ad Gent.).
Se, apesar disso, ele não desanimava, o Menes, ou leitor de direito, lia a constituição da Sociedade, à qual ele jurava se conformar. Após essa adesão, o Thesmophores o levava com a cabeça descoberta, de frente para o Hierofante, diante do qual ele se ajoelhava. Ele fazia um juramento de fidelidade e discrição enquanto apontavam a ponta de uma espada para sua garganta, invocando o sol, a lua e as estrelas para testemunhar sua sinceridade (Alexander ab Alexandro, livro 5, cap. 10). Então a venda era removida de seus olhos e era colocado entre duas colunas quadradas chamadas Betilies (Eusebio, Demonst. Evang. Book 1). Entre essas colunas havia uma escadaria de sete degraus e outra figura alegórica de oito portas de diferentes dimensões (Origens, Cont. Cels. - página 34 da tradução de Buchereau). O hierofante não explicava na época o significado misterioso dos emblemas, mas dirigia-se a ele da seguinte maneira:
Para vocês que vêm para adquirir o direito de ouvir, eu lhes digo: as portas deste Templo estão firmemente fechadas ao profano, eles não podem entrar aqui, mas vocês, Menes, Museu, Filho de obras celestiais e pesquisa, escutem bem minhas palavras, pois eu tenho que revelar-lhes grandes verdades. Cuidado com os preconceitos e paixões que podem separá-los do verdadeiro caminho da felicidade, fixe seus pensamentos no Ser divino e mantenha-o para sempre diante dos seus olhos, para os propósitos de um melhor governo do seu coração e dos seus sentidos. Se vocês desejarem trilhar o verdadeiro caminho para a felicidade, lembrem-se de que estão sempre na presença do Todo-Poderoso que governa o universo. Este único ser produziu todas as coisas, através dele existem(6), Ele as preserva; nenhum mortal pode contemplá-lo, e nada pode ser escondido de Seu olhar”(Eusebio, Preparat Evangel. 1-13. Clemente de Alexandria, Admonit. Ad Gent.).
Depois desse discurso, faziam o aprendiz subir a escada e diziam-lhe que era um símbolo da metempsicose. Eles também ensinaram a ele que os nomes e atributos dos Deuses tinham um significado maior do que o conhecido pelo povo.
A instrução desse grau era científica ou física; eles explicavam a causa dos ventos, raios e trovões; Eles ensinavam anatomia e a arte da cura, e como fazer medicamentos. Eles também ensinavam linguagem simbólica e escrita hieroglífica (Jâmbico, Vida de Pitágoras).
A recepção terminava, o Hierofante dava ao Iniciado a palavra pela qual eles se reconheciam. Essa palavra era Amoun, que significava: ser discreto (Plutarco, De Isis e Osíris). Eles também ensinavam-lhe o toque da mão (Jâmbico, Vida de Pitágoras). Eles colocavam uma espécie de capuz que terminava em forma piramidal e encaixavam um mandril chamado Xylon. Em volta do pescoço ele usava um colar com franjas que caía sobre o peito. Além disso, estava sem outras roupas. Seu trabalho era atuar como Guardião do Portão dos Homens.
(5) Entende-se por isso que é chamado na Maçonaria do século XVIII como o gabinete de reflexão, espaço para concentração e meditação.
(6) Um dos mais profundos segredos das doutrinas metafísicas da antiguidade era a crença em um Deus perfeito, único e eterno. Os iniciados mais sábios reconheceram a unidade do princípio divino e deixaram a população ignorante e desinformada das teologias politeístas. Os gregos, como os egípcios, reconheciam um deus cujos mistérios celebravam com rituais e ritos apropriados. Os menos informados entre os gregos, no entanto, continuaram a adorar um elaborado panteão de divindades. A adoração de Deus foi celebrada pelos maiores filósofos gregos no templo de Elêusis sob o pretexto de venerar a Deusa Ceres.

Segundo Grau – Neocoris
Este grau, e o próximo, representam cerimônias semelhantes na Maçonaria Simbólica, e eles também têm afinidade com dois dos mais altos graus da Série do Concílio [Conselho].
Se o Pastophoris, durante o ano de seu aprendizado, dera evidência suficiente de sua inteligência, era então submetido a um severo teste para prepará-lo para o grau de Neocoris (Annobius, liv. 5). Tendo passado o ano, ele era levado para uma câmara escura chamada Endymion (Gruta dos Iniciados). Ali, mulheres bonitas lhe serviram uma refeição deliciosa para reabastecer suas forças fracas, que eram esposas de sacerdotes ou virgens dedicadas a Diana. Elas o convidaram para amar através de gestos. Ele tinha que ter sucesso nesses difíceis testes para dar provas de controle sobre suas paixões(7).
Depois disso, os Thesmophoros apareciam e faziam várias perguntas. Se o Neocoris respondesse corretamente, era levado para a montagem. O Stolista (ou Pulverizador) jogava água nele para purificá-lo. Eles exigiam sua declaração afirmando que ele havia se conduzido com sabedoria e castidade. Depois de uma declaração satisfatória, os Thesmophoros iam até ele, segurando em sua mão uma cobra viva, que jogavam em seu corpo, mas que ele puxava com o fundo de seu avental (Julius Firmicus Maternus, cap. 2, diz que era um cobra artificial dourada).
A câmera parecia estar cheia de répteis, para ensinar os Neocoris a suportar o terror do corpo(8). Quanto maior a coragem mostrada no teste, mais ele era elogiado após o recebimento. Então eles o guiavam para duas colunas altas, entre as quais havia uma torneira empurrando uma roda (veja a representação no Grande Gabinete Romano). As colunas indicavam o leste e o oeste. A torneira era o emblema do sol e os quatro raios da roda indicavam as quatro estações do ano.
Eles o instruíam na arte de interpretar o higrômetro, por meio do qual mediam a inundação do Nilo; eles o instruíam em geometria e arquitetura, e nos cálculos e medições que ele teria que usar mais tarde. Mas estes eram grandes segredos, revelados apenas àqueles cujo conhecimento estava bem acima do comum das pessoas.
Sua insígnia era uma bengala com uma cobra entrelaçada 9 (O Caduceu de Mercúrio, emblema do movimento do sol ao redor da eclíptica). A palavra do grau era Heve [Eva], e desta vez eles contaram a ela sobre a queda da raça humana(10). O sinal consistia em cruzar as mãos no peito (Norden dá desenhos desse tipo).
O trabalho do Neocoris consistia em lavar as colunas.
(7) Isso pode ser considerado improvável, no entanto, é verdade. Os drusos o apresentam como o último grande teste ao Iniciado, e o advertem severamente no caso de ele não cumprir seu juramento. Isso precede as aparições sombrias em que pode ser chamado de Salão dos Espíritos, que eles fazem aparecer à vista do Iniciado por vontade mesmérica, dias de jejum e provações.
(8) Os coptas possuíam a arte de privar-se de veneno.
(9) O caduceu de Mercúrio é o emblema do movimento do sol ao redor da eclíptica (nota editorial: o movimento do sol é representado por cobras, mas essa é uma das interpretações desse símbolo).
(10) Clemente de Alexandria diz algo semelhante. Também parece confirmado por recentes descobertas de inscrições assírias. Há também sociedades com dados mais antigos, nos abrigos do Himalaia, que transmitem essas informações. Em algum momento, vamos apresentar uma carta em relação ao assunto e mostrar a importância dessas sociedades na transmissão dos Antigos Mistérios e da Maçonaria Moderna.
Quando relacionamos essa particularidade ao comentário que encontramos em um livro famoso, certamente descobrimos que a similaridade dos sistemas merece a atenção concentrada dos pensadores. Não devemos esquecer que o autor do Gênesis foi levado à corte do faraó egípcio e iniciado nos Mistérios. Em outras palavras, ele havia mergulhado profundamente nos segredos do templo e obtido a posse de um conhecimento secreto, cujo significado profundo nunca foi questionado. Moisés, da mesma forma, alcançou o domínio dos princípios da legislação religiosa e deu prova disso quando se tornou líder de seu povo.
Aproveite a leitura dessa obra que é um documento importante para todos aqueles que se interessam pelos Ritos Egípcios da Maçonaria.
T.’. F.’. A.’.
Charles Lucien de Lièvre
O Tradutor
Krata Repoa ou Crata Repoa

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Ser Martinista de Carteirinha, Títulos e Graus Difere em Gênero, Número e Grau de Ser um Martinista na Essência e na Prática


Ser Martinista de Carteirinha, Títulos e Graus Difere em Gênero, Número e Grau de Ser um Martinista na Essência e na Prática
O HOMEM DE DESEJO 1

Esta obra de Louis-Claude de Saint-Martin em 234 páginas é composta por uma série de textos e pensamentos que podem ser lidos de maneira independente um do outro.

Nada impede que o leitor faça uma leitura corrida do texto, e os links o auxiliarão tanto a direcionar-se para os tópicos que mais que lhe chamarem a atenção, assim como retornar ao índice ou retomar sua leitura de onde parou.

O HOMEM DE DESEJO 1 entrou na Coleção MARTINISMO SEM MISTÉRIOS com o propósito de preencher o gigantesco espaço vazio que existe no que diz respeito ao pensamento e doutrina de Saint-Martin e principalmente para dar suporte àqueles que se dizem “Martinistas, pois é fato notório que a maioria desconhece os escritos e obras do Filósofo Desconhecido. Defendem uma doutrina cuja a essência lhes está completamente fora do alcance.
É impressionante a ignorância que muitos demonstram e quando o fazem, conhecem tão somente frases soltas aqui e ali e interpretada de acordo com os interesses de um terceiro ou de algum grupo que se intitula “martinista”. Falam da doutrina do Filósofo de Amboise como se ele fosse. Cumpre a cada Martinista, no bom sentido do termo, eliminar essa ignorância por meio do estudo e da prática da Mística (oração, meditação e jejum) para formar seu próprio conhecimento da doutrina do Filósofo Desconhecido. Essa história de “ouvir o galo cantar e não saber onde” tem gerado enormes desvios no que tange o Martinismo e pode-se até mesmo observar muitos “martinistas” com comportamentos fanáticos, radicais e de gigantesca altivez e soberba. Quer algo mais contraditório com tudo o que ensinou o Filósofo Desconhecido?

Faça sua parte meditando sobre o Altar de seu Coração, no retiro e no silêncio de seu Santuário Individual, pois para ser um bom Martinista, você sequer precisa sair de casa. Leia com muita atenção O HOMEM DE DESEJO 1, pois logo será publicada a segunda parte.
Acompanhe alguns trechos extraídos dessa importante obra de Saint-Martin:
TRECHOS DE HOMEM DE DESEJO
1
As maravilhas do Senhor parecem lançadas sem ordem e sem desejo no campo da imensidade.
Elas brilham esparsas como essas flores inumeráveis cuja primavera colore nossos prados.
Não busquemos um plano mais regular para descrevê-las. Princípios dos seres, todos se apegam a Ti.
É sua ligação secreta contigo, que faz seu valor, qualquer que seja o lugar e o ranque que elas ocupam.
Ousarei levantar os meus olhos até o trono de Tua Glória. Meus pensamentos se vivificarão ao considerar Teu amor pelos homens, e a sabedoria que reina em Tuas obras.
Tua Palavra se subdividiu desde a origem, como uma torrente que, do alto da montanha, se precipita sobre as rochas agudas.
Vejo-a jorrar em nuvens de vapores; e cada gota de água que ele envia aos ares, reflete nos meus olhos a luz do astro do dia.
Assim todos os raios de Tua palavra fazem brilhar aos olhos do sábio Tua luz viva e sagrada; ele vê Tua ação produzir e animar o Universo inteiro.
Objetos sublimes de meus cânticos, serei sempre forçado a desviar minha vista de cima de vós.
O homem se acreditou mortal porque encontrou algo de mortal em si;
E mesmo aquele que dá a vida a todos os seres, o homem o viu como não tendo nem a vida, nem a existência.
E tu, Jerusalém, quais as reprovações não têm a Te fazer os Profetas do Senhor!
Tomaste o que servia para te enfeitar, disse o Senhor, e que era feito de meu ouro e de minha prata, que te havia dado; formaste com ele imagens de homem aos quais te prostituíste.
Gritos de dor, misturai-vos aos meus cantos de alegria; a alegria pura não é mais feita para a triste estada do homem. Provas irresistíveis sobre as verdades primeiras, já não foram manifestadas às Nações?
Se vos restam dúvidas, ide purificar-vos nessas fontes. Pois, voltareis a unir a vossa voz à minha;
E celebraremos juntos as alegrias do homem de desejo, que terá a felicidade de chorar pela verdade.

5
Não tinhas produzido nenhum ser, ó sabedoria profunda, sem lhe dar uma medida de desejo e de força para se conservar.
Fundaste todos os seres sobre esta base, porque eles são todos um reflexo de tua potência, e que agrada-te a produzir-te em todas as tuas obras.
Deste ao homem a mais abundante medida deste poder.
É! De onde lhe viria esta arte de multiplicar seus júbilos; esta indústria de expulsar de si os males e a curá-los?
Se não é de uma medida suprema deste desejo conservador e deste instinto que repartiste em todos os seres!
E sozinho ele junta à medida suprema deste desejo conservador a medida suprema da potência oposta!
E sozinho ele pode combater e sufocar este instinto vivaz, mais imperioso nele do que em qualquer outro ser!
E sozinho, enfim, ele pode se matar! Sozinho ele pode tramar e escolher os meios de dar-se à própria morte!…
Doutrina de mentira, aplauda-te por teu triunfo, cegaste completamente o homem.
Não lhe fizeste ver nesses dois extremos a não ser um único e mesmo princípio;
Fazes com que ele queira que um mesmo e único agente se conserve e se destrua;
Fazes com que ele creia que a morte e a vida, a produção e a destruição pertençam ao mesmo germe.
Em vão busca ele no lugar de justificar-te nos exemplos dos animais, nada encontra aí que diminua aos olhos do pensamento esta pavorosa contradição.
8
A verdadeira maneira de pedir socorro não é de ir buscá-lo corajosamente onde se encontra? E não é por ação que a força se nutre?
Também há grandeza naquele que sabe combater, porque é o único meio de saber regozijar;
E que o primeiro segredo para estar elevado acima de nossas trevas e de nossos erros é o de elevar a nós mesmos.
É por provas que Deus nos envia, que temos o direito de orar a ele, e não pelos erros que cometemos por conta de nossa covardia.
Quando teu coração estiver cheio de Deus, emprega a prece verbal que será sempre a expressão do espírito, como ela deveria sempre sê-lo.
Quando teu coração estiver seco e vazio, emprega a oração muda e concentrada; é ela que dará a teu coração o tempo e o meio de se aquecer e de se preencher.
Aprenderás a conhecer logo, por esses segredos simples, quais são os direitos da alma do homem, quando mãos vivas a tiverem comprimido para expulsar dela a corrupção, e para que ela retome em seguida a sua livre extensão por sua natural elasticidade.
Aprenderás logo a conhecer que ela tem sua autoridade sobre o ar, sobre o som, sobre a luz e sobre as trevas.
Vigia, vigia enquanto estiveres no meio dos filhos da violência. Eles te persuadiriam de que podem alguma coisa, mas eles nada podem.
Como poderiam ser eles amigos da verdade, na medida que as comparações que nos apresentam são sempre falsas?
Nos seres aparentes, não permanece nenhuma impressão dos seres verdadeiros; eis por que as trevas não podem compreender a luz.
Se quiseres compreendê-la, esta luz, não a compare a nada do que conheces.
Purifica-te, pede, recebe, age: toda a obra está nesses quatro tempos.
Purificar-se não é orar, uma vez que é combater?
E qual homem ousaria marchar sem purificar-se, uma vez que não se pode dar um passo sem levar os pés sobre os degraus do altar?
Não basta não duvidar da potência do Senhor, é preciso ainda não duvidar da tua.
Pois ele te concedeu uma, uma vez que ele te deu um nome, e não te pede nada além de que te sirvas dele.
Não deixes então a obra inteira ao encargo de teu Deus, uma vez que ele quis deixar-te algo para fazer.
Ele está sempre pronto a derramar sobre ti todas as benesses; ele pede apenas para que vigies sobre os males que te cercam e para que não te deixes surpreender por eles.
Seu amor expulsou de ti esses males para fora do templo; tua ingratidão iria ao ponto de deixá-las entrar novamente nele?
Homem, homem, onde encontrar um destino que ultrapasse o teu, uma vez que és chamado a fraternizar com teu Deus e a trabalhar em conjunto com ele?
10
As obras de Deus se manifestam pacificamente, e o Princípio delas permanece invisível.
Toma este modelo em tua sabedoria, não a faças conhecer a não ser pela suavidade de seus frutos; as vias suaves são as vias ocultas.
Se o ar fosse visível como as substâncias que compõem os corpos, ocuparia ele um ranque tão maravilhoso na natureza?
Quais relações há entre a vida do espírito, e a morte deste universo extraviado? O homem promete mais do que ele dá, o espírito dará um dia mais do que promete.
O Senhor conduziu seu povo por uma via obscura, a fim de que seus desejos se cumprissem. Ele falou a seu povo em parábolas; sem isso os judeus não poderiam ignorar a salvação das nações.
E então eles teriam sido desculpados por sacrificá-lo, e se não o tivessem sacrificado, as nações não teriam recebido a herança.
Véus das profecias, favorecei a ignorância da filha de meu povo, é por isso que a porta da misericórdia lhe permanece aberta.
Deus queria arrebatar os judeus e não repreendê-los. Ó! Que sangue pediram que caísse sobre eles e sobre seus filhos? Este sangue era espírito e vida, ele nunca podia lhes dar a morte?
A industriosa caridade de meu Deus ocupa-se apenas dos meios de salvar seus filhos.
A ignorância dos povos é o recurso que manipula sem cessar para perdoá-los.
Quão abismal é a sabedoria, o poder e o amor de nosso Deus!
Homens, vós condenais vossos semelhantes a suplícios, quando são culpados de acordo com vossas leis: não estamos bem mais em vantagem de acordo com as leis do Senhor?
E, no entanto, podemos satisfazer sua justiça com uma prece. Nós o podemos por um elo secreto, operado na profundeza de nosso ser.
E quanto mais este elo estiver concentrado, mais terá eficácia e poder; porque ele conservará mais o caráter da unidade, da invencível e irresistível unidade.

Charles Lucien de Lièvre
O Tradutor
O Homem de Desejo 1

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