quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

 Arquivos do Inconsciente


Do vastíssimo oceano da nossa psique, emerge uma pequenina ilha; é o nosso consciente, do qual o Ego é o centro. Ao consciente cabe a área da atenção, da direção dos pensamentos, da elaboração mental das informações recebidas. Tudo isto forma um complexo chamado Ego.

Segundo Jung, o Ego "é um dado complexo, formado primeiramente por uma percepção geral do nosso corpo e existência, e a seguir, pelos registros da nossa memória. Todos temos uma certa idéia de já termos existido, quer dizer, de nossa época em vidas passadas; todos acumulamos uma longa série de recordações. Esses dois fatores são os principais componentes do Ego, que nos possibilitam considerá-lo como um complexo de fatos psíquicos. A força de atração desse complexo é poderosa como a de um ímã: é ele que atrai os conteúdos do inconsciente, daquela região obscura sobre a qual nada se conhece. Ele também chama a si as impressões do exterior que se tornam conscientes do seu contato. Caso não haja esse contato, tais impressões permanecerão inconscientes. O Ego é o centro de nossas atenções e de nossos desejos, sendo o cerne indispensável da consciência".

A nossa pequenina ilha, o consciente, existe num oceano ilimitado, que chamaremos de subconsciente e inconsciente.

O subconsciente, ou pré-consciente, é a camada mais superficial do inconsciente, onde se encontram as recordações que podemos evocar com facilidade, as lembranças que nos marcam bastante e que podem ser chamadas ao consciente a qualquer momento. Enfim, é o depósito das informações que mais usamos, na elaboração da idéia que está sendo produzida, no momento.

Na psicologia Junguiana, o inconsciente se divide em inconsciente pessoal e inconsciente coletivo. O inconsciente pessoal é uma camada onde ficam registrados os fatos que foram esquecidos totalmente, ou por falta de uso, ou porque foram reprimidos, recordações dolorosas de serem relembradas e lembranças impregnadas de grande potencial emotivo, mas que são incompatíveis com a atitude do consciente. O inconsciente coletivo corresponde às mais profundas camadas do inconsciente, onde ficam armazenadas as imagens que não provém de experiências pessoais, mas sim imagens universais, as formas mais antigas com que a imaginação humana procurava explicar o mundo. A essas imagens Jung deu o nome de arquétipos.

Temos, portanto, em nosso inconsciente, as imagens arquetípicas que representam conceitos de deus, de energias, de anjos ou demônios, e que ali foram depositadas, talvez, por experiências constantes e repetidas que vêm sendo vividas pela nossa humanidade desde os primórdios de nossa existência.

As imagens arquetípicas são encontradas com grande riqueza nos contos de fada, nos mitos, etc. Como a imagem arquetípica do pai, o repressor, o Zeus, o deus do trovão, o déspota, e a da mãe que embala, que alimenta, a Deméter que fecunda e faz brotar a vida.

Para haver um perfeito equilíbrio da psique, é preciso que exista uma comunicação entre consciente e inconsciente. As pessoas que preferem viver somente no mundo da consciência e não aceitam a comunicação com o inconsciente, vivem dirigidos somente pelas leis formais, criadas racionalmente, mas que, muitas vezes, não estão de acordo com as sábias leis universais, às quais somente o inconsciente tem acesso.

A comunicação com o inconsciente é o primeiro passo para todos aqueles que pretendem estudar os fenômenos psíquicos, pois é somente de lá que poderão obter todas as informações de que necessitam para compreender melhor a vida e o universo.

Os sentidos do homem limitam sua percepção àquilo que está em sua volta. E esta percepção é sempre fragmentada, nunca total. Mas enquanto a consciência objetiva - o consciente - se prende em detalhes em nosso redor, o inconsciente capta tudo aquilo que faz parte do todo em que estamos mergulhados.

Temos o caso, por exemplo, do Sr.I.T.(Manaus - AM), caixa de um banco, que nos relata a impressionante experiência por que passou:

"Era um dia de grande movimento. No final do expediente, foi notado o desaparecimento de documentos importantes no caixa ao lado do meu. Meu colega, o responsável pelos documentos desaparecidos, estava desesperado.

- Eles estavam aqui, bem atrás de mim!... - exclamava a todo o instante. - Como podem ter sumido?

Mas os documentos não apareceram. Meu colega teve um prazo para apresentá-los, ou teria que responder a inquérito. No último dia do prazo, tive uma idéia.

- Quem sabe se, em transe hipnótico, saberia dizer onde estão os documentos?

Meu colega prontamente concordou em ser hipnotizado. Como tinha feito um curso de hipnose e me achava em condições de colocá-lo em transe, resolvemos que eu mesmo iria dirigir a experiência.

Em transe hipnótico, fiz com que ele regredisse até o dia do desaparecimento dos documentos. E ele começou a falar:

- Estou trabalhando no caixa. O grande movimento de clientes não permite que desvie minha atenção do caixa. Coloco os documentos atrás de mim, numa prateleira, para encaminhá-los no final do expediente. Vejo o servente que se aproxima... Ele pega os documentos, por engano, e os leva para o terceiro andar, onde os guarda numa pilha de documentos para serem arquivados... A pilha foi guardada numa caixa de papelão, que está em tal lugar, em tal andar...

Tirei-o do transe e fomos imediatamente à procura dos documentos. E lá estavam eles, exatamente como meu colega revelou, em transe hipnótico, guardados junto com outros documentos, arquivados em tal sala do tal andar.

Este fato me fez ver que, inconscientemente, participamos de tudo o que acontece em nossa volta, pois meu colega foi capaz de revelar fatos que não viu e não teve ciência por nenhum outro meio".

Com isto podemos ter uma vaga idéia de quantas informações chegam ao nosso inconsciente e delas não temos o menor conhecimento consciente.

Existem muitas chaves de acesso ao inconsciente, como sons, sabores, cheiros, etc., que podem subitamente evocar uma lembrança e transformá-la numa imagem consciente.

É nesse arquivo do inconsciente que ficam gravados todos os acontecimentos que foram bloqueados, por algum motivo, à nossa lembrança. O grande trabalho dos hipnólogos ou terapeutas é trazer essas informações à memória, de maneira que o arquivo possa ser recuperado intacto.

Sabe-se que a atividade elétrica do cérebro decai à medida que a pessoa vai mergulhando no transe. Isto pode ser registrado através de encefalógrafos. Estas variações de potencial do ritmo cerebral foram denominadas de ondas cerebrais, que passaram a ser designadas por quatro letras do alfabeto grego e são medidas em ciclos por segundo. Em geral, 14 ou mais ciclos por segundo são chamados ondas Beta; entre 7 e 14, são ondas Alpha e de 4 a 7 são chamados ondas Theta. Menos de 4, são as ondas Delta.

Quando a pessoa está totalmente desperta, está em Beta, usando sua consciência no mundo exterior. Quando está naquele estado que antecede ao sono, está em Alpha. Quando adormece, passa para Theta, depois aprofunda o sono e vai para Delta, retornando em seguida a Theta e a Alpha. Este ciclo leva aproximadamente 45 minutos. Os sonhos só acontecem quando a pessoa está em Alpha e este estado tem a duração de apenas 5 minutos. Dependendo do número de horas que a pessoa dorme, este ciclo (Alpha - Theta - Delta - Theta - Alpha) se repete por 4 ou 5 vezes, em uma noite.

Em transe, o paciente é levado a Alpha e a Theta, embora não esteja adormecido. À medida que a atividade de seu cérebro vai decaindo, o foco de sua consciência vai sendo levado aos estados mais profundos de seu inconsciente de onde, então, as lembranças são resgatadas.

O inconsciente se comunica com o consciente através de símbolos, que chegam com os sonhos, ou durante os estados de profunda meditação ou em qualquer momento em que suas ondas cerebrais alcancem o rítmo Alpha e o terapeuta, em primeiro lugar, procura identificar a simbologia que chega à mente do paciente em transe, pois ela pode ser uma teatralização do inconsciente, que pretende dar uma mensagem ao consciente. Feito isso, poderá então conduzi-lo às lembranças arquivadas, que podem ter as mais diversas origens, como cenas de vidas passadas, lembranças de contatos extraterrenos, abduções, e tantos outros acontecimentos marcantes que ficam guardadas no arquivo do inconsciente.

O acesso ao inconsciente é algo indispensável a todos os que procuram uma realidade maior e respostas àquelas aflições indefinidas que trazem na alma pois, se elas existem, é um sinal de que algum fato importante ficou retido num cantinho muito profundo de sua psique e, seja lá o que for que tenha ocorrido, todos têm o direito, como seres humanos e universais, de conhecerem a totalidade de sua própria existência.

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Texto de Márcia Villas-Bôas

http://www.segredodosdeuses.com.br

E-Mail: maygal@terra.com.br

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