quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

 O Homem no Universo


Normalmente encaramos a vida como um amontoado de pessoas, coisas, idéias, acontecimentos que se esbarram a todo instante, frutos do mero acaso. Que acaso é este tão repleto de coincidências e tão farto de acontecimentos que às vezes provocam uma mudança tão repentina em nossas vidas. Vamos pôr um relógio desmontado num saco e sacudir para ver se as peças se encaixam.

Seremos um barco à deriva? Ou seremos um barquinho a pilha dentro da piscina de um transatlântico que sabe muito bem para onde está indo?

Imaginemos, em caráter simplista, quantas ondas de rádio ou televisão passam a todo instante em nossa frente e apenas dizemos que não estamos vendo nada. Olhemos o fio desencapado que inocentemente corre pelo chão parecendo tão somente uma tira de cobre ou alguma liga metálica.

Percebemos que o sol aquece a terra, mas sabemos que não é o calor percebido que provoca distúrbios em nossas células. Percebemos a vida, percebemos os acontecimentos. Será que realmente percebemos? Ou qual será o grau de nossa miopia? E quantos líderes, além de míopes, possuem astigmatismo, hipermetropia e outros problemas, mas que distorcem ou reduzem a visão?

A vida tem uma linguagem própria e nem sempre somos bons intérpretes, mas mesmo assim vivemos. Como vivemos num país estrangeiro onde não conhecemos a língua? Ou como usamos um aparelho complexo que está sem manual de instrução, como, por exemplo, o próprio ser humano? Como, para que, por que? Só nos resta indagar e perscrutar visões invisíveis, verdades inimagináveis, viajar pelo negro oceano em noite do céu encoberto e, por vezes, os aparelhos apresentam falhas.

Estranha máquina é este ser humano, que mesmo de visão tão falha, se acha profundo conhecedor até do que não pode perceber, e emite opiniões tão bem fundamentadas, mas tendo como alicerce a ignorância de sua ignorância, ou ciências cercadas de axiomas e verdades incontestáveis que não cessam a todo instante de serem contestadas.

Dúvida, esta é mais cruel realidade de todos os tempos. Não temos certeza nem de nossas convicções mais absolutas, pois até no absoluto há apenas uma questão de tempo para ser derrubada e mudada. Num universo ou universos em constante mutação, cercar-se de certezas é contrariar a própria dinâmica da vida, é engessar as pernas e depois pensar em correr.

O ser humano é rocha se teima em não crescer, é vegetal, se cresce mas não sabe o que busca, é mero animal um pouco melhorado, se busca mas não pensa e repensa, e pensar não é saber correr atrás da caça ou do abrigo, pois isto qualquer animal faz. Pensar é questionar e deixar fluir não apenas informações livrescas, mas as percepções que jamais

habitaram páginas de papel, mas que, no entanto, dão ao ser humano a flexibilidade que permite o pensamento se mover e crescer.

O Universo é como uma teia de aranha e cada cruzamento desta teia é uma pessoa. Quando uma se move, tudo se mexe. Nosso organismo é uma teia. Quando nossa mente se agita, todo o interior e exterior balançam. A teia onde estamos é o cruzamento de uma teia maior, e esta, apenas, é um outro cruzamento.

Preocupamo-nos com a longínqua aranha que não sabemos onde se encontra e a ela atribuímos a culpa pelas sacudidas que a toda hora sofremos, mas não pensamos o como estamos nos sacudindo, afetando a construção e os seres que a habitam. Imaginamo-nos no centro da teia, mas não temos idéia de sua dimensão. Queremos ser a aranha, a reconstruir o que nem sequer aprendemos a entender, conservar e respeitar. Quando o homem aceitar-se como criatura ligada a tantas outras criatura e com a responsabilidade de zelar e harmonizar a criação, aí então estará verdadeiramente mais próximo do Criador.

Como está a teia a sua volta?

E estes cruzamentos sofridos da teia que você finge não perceber?

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Texto de Jaber Lira Buannafina,

parapsicólogo e terapeuta de Vidas Passadas

Publicado em Ganesha n.78

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