quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

 Mudanças


A mudança é, na realidade, a única coisa na vida terrena que não muda. Tudo muda, obedecendo ao curso da vida, crescendo e se aprimorando.

Mas, por que será que isso nos assusta tanto a ponto de muitos de nós preferir parar de arriscar-se, de tentar um caminho diferente, já que, muitas vezes, o caminho que trilhamos já se tornou obsoleto?

Como "caminho obsoleto" entende-se qualquer parte de nossas vidas que precise de uma resignação, no curso de seus acontecimentos (relacionamento, trabalho, atitudes, etc.)

O que nos faz ter medo das mudanças, sejam elas pequenas ou grandes, é o próprio medo da vida.

Sim, viver é um risco. Viver de maneira mais intensa e verdadeira, descobrindo nossas potencialidades e nossos limites é um risco, pois não sabemos o que iremos encontrar.

Viver hoje, de forma mais saudável, é aceitar as mudanças ao longo da caminhada, é perceber que nossa essência, nosso eu interior, não se perderá por isso, ao contrário, se enriquecerá, crescerá.

Já diziam os sábios que viver é difícil, acrescente-se que, às vezes, nem tanto quanto nós tornamos difícil a vida.

No que tange ao medo da vida, devido a tanta loucura social, política e econômica, esse é o mal que atinge nosso século. Temos medo de conhecer a nós mesmos, de conhecer os outros e preferimos, muitas vezes, tomar uma posição inflexível frente à vida, o que nos torna julgadores, críticos e culpados. Isto é tudo o que não nos auxilia no caminho do amadurecimento

Enquanto julgadores, colocamo-nos na posição de corretos, detentores da verdade e o outro é que está errado. Isso nos dá a falsa percepção de que podemos ser perfeccionistas, o que na verdade, como seres humanos, não conseguimos ser.

A culpa, então, aparece decorrente desse fracasso almejando a perfeição. Sentimo-nos culpados por não atender às expectativas dos outros e por eles não serem como gostaríamos que fossem. Esquecemos que através dos erros é que aprendemos, que crescemos, preferindo, então, não viver para não errar, para não sofrer, para não mudar, para não crescer.

Mas, até quando haverá tempo para evitar um encontro inevitável, que é aquele conosco e com a vida, não a que idealizamos, mas como ela é?

Não é tão simples. Mas não só é possível, como é também uma das saídas para o caos angustiante que vivemos nos dias de hoje.

Somos responsáveis por nossa caminhada, temos a vida por Deus a nós confiada e com certeza, não por acaso. Portanto, a oportunidade de viver deve ser muito bem aproveitada e ter também como meta dois pontos cruciais: termos a disponibilidade de nos conhecer melhor dia após dia e, a partir do reconhecimento de quem somos, começar nossas mudanças, investir em nós mesmos para melhorar como seres humanos e, com isso, amadurecer e crescer.

Esse é um caminho mesclado com flores e espinhos, mas que vale a pena ser trilhado.

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Texto de Raquel Santos Paz

Gestalt-terapeuta

 

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