quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

 MEDO - O Maior dos Paradigmas


Todos falam em mudanças, mas também concordam que mudar é coisa muito lenta e muito difícil e ficam se questionando sobre as causas de tanta dificuldade.

Penso que as pessoas não mudam por causa do medo, tão fortemente entranhado na alma que até já se acostumaram a dar ênfase ao drama, às catástrofes. Cultivam o trágico e alimentam esse culto todos os dias, ouvindo as tragédias que correm pela mídia, grudados no jornal da TV e ouvindo notícias terríveis acontecendo por todo o mundo e que vão criando em sua alma o medo de uma catástrofe iminente. E isso fecha todos os caminhos, segura qualquer expectativa de uma felicidade duradoura.

E de onde vem todo esse medo?

Vem da cultura religiosa que lança idéias mórbidas, que aprisiona as pessoas no medo, que ensina que esse mundo em que vivemos "é um vale de lágrimas" e cultiva também as crenças apocalípticas com o chavão: "De 2000 não passará". Passou. Mas as mentes doentias logo trataram de prorrogar o prazo. Ensina também que é somente através de muito sofrimento que conseguiremos resgatar um mal ancestral. Ou que temos que sofrer para resgatar um carma do qual não temos a mínima lembrança.

Aos chefes, sejam políticos ou religiosos, não interessa um povo sem medo sobre o qual não conseguiriam impor seu controle. E criaram a idéia de um Deus que tudo vê, que castiga aqueles que não são bonzinhos. Mas, como cidadãos do Universo, somos livres, sem nenhum deus a exigir que sejamos servis.

Quando a pessoa consegue um pouco de felicidade, fica até com medo porque já lhe ensinaram que... "o que é bom dura pouco".

Alguém nos ensinou que estamos aqui para curtir a vida, para sermos felizes em todos os dias de nossa existência terrena e termos sucesso naquilo que fazemos? Não!....

O que ouvimos com frequência é: "Cuidado... Não vá com tanta sede ao pote! Quem ri hoje, chora amanhã!"

O que escutamos ao longo da vida? Que a felicidade só chega depois de muito sofrimento e depois de muita ralação.... e talvez nem chegue nessa vida mas, pelo menos, já está garantida uma felicidade futura.

A pessoa se encolhe, perde a graça em viver, e fica presa naquele eterno medo do amanhã, tolhe sua criatividade, seus talentos, vendo somente o mal e a negatividade em tudo.

Esse medo já virou um paradigma, uma síndrome genética, vem de gerações e gerações de pessoas que acreditam no sofrimento, na choradeira. E, como os paradigmas são difíceis de serem quebrados, acreditam que se a pessoa não tiver medo do amanhã, será um irresponsável que não sabe controlar a própria vida. Mas, na verdade, quem não tem o controle de si mesmo são as pessoas que acabam doentes de tanto medo, tanta preocupação com o futuro e suas possíveis catástrofes que acabam mergulhando na depressão ou no pânico; ou criam mentes deformadas, acostumadas a mentirem desde criança para fugirem da repressão ou do castigo.

Medo de doença, medo do futuro, medo do apocalipse, medo da morte....

E se tanto medo não existisse? Se nos ensinassem, desde pequenos, que morrer era a passagem para a grande aventura de uma nova existência, carregando conosco nossa plena consciência e nossas experiências, como seríamos hoje? Como seríamos hoje se nos ensinassem a acreditar em nós mesmos, em nossa força interior, e que somos herdeiros da felicidade e não da dor e do mal? Será que alguém se preocuparia com idéias apocalípticas? Será que existiria a depressão ou a síndrome do pânico?

Como seria então a nossa vida?... Com certeza, seria uma vida muito mais feliz, plena e cheia de realizações.

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Texto de: Márcia Villas-Bôas

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